Savage Messiah - "Hands of Fate" (2017)

Century Media Records
Mundo Metal [ Resenha ]



O Savage Messiah é selvagem. Quando ouvi esses malandros em 2007 no EP ‘Spitting Venom’, fiquei extremamente feliz por uma banda que tinha conseguido criar música refrescante e agradável, apesar do enxame de novas bandas de Thrash que estavam aparecendo e contaminando o gênero (o chamado "Thrash de plástico"). Tudo bem, o segundo trampo dos caras, ‘Plague of Conscience’ (2012), não era tão bom quanto o EP e o play de estréia 'Insurrection Rising' (2009), mas eles voltaram a crescer com o fantástico 'The Fateful Dark' em 2014.

Três anos é bastante tempo. Milhões de coisas acontecem neste intervalo, incluindo uma banda que modifica completamente seu som e/ou assina com uma gravadora maior, mais predatória, o que pode prejudicar seu processo criativo. Os thrashers de Londres deixaram a EarAche Records no final de 2014 e assinaram com a Century Media, o que resultou nessa coisinha aqui intitulada 'Hands of Fate'. Como eu disse acima, os britânicos mudaram muito seu núcleo, talvez para atender à crescente demanda daquele ouvinte mais comercial e casual, o que, no final das contas, fez muito mais mal do que bem.


Então, com um coração pesado, corrijo a primeira frase da resenha: o Savage Messiah não é mais selvagem. O Savage Messiah é agora mais uma banda de Metal sem brilho, sem inspiração e orientada para o mercado, com o mainstream como principal objetivo. Mas não me entenda mal; atrair o mainstream é muitas vezes necessário pra garantir a sobrevivência de uma banda, mas quando você faz isso sem qualquer respeito ao seu legado – por menor que seja -, ideais e honestidade, e seu ponto de venda é que você é "uma banda que pode ter um apelo comercial, porque poderíamos atrair um fã de Trivium ou um fã de Avenged (Sevenfold), mas espero que possamos ter também uma verdadeira credibilidade de Metal real" (palavras do vocalista e guitarrista Dave Silver, não minhas), você meio que perde o meu respeito. Não porque você quer atrair um fã do Trivium ou algo parecido (embora eu não veja e entenda o Heavy Metal do mesmo jeito que esse tipo de banda), mas porque você sabe que, fazendo isso da maneira que você está fazendo (que é redefinindo todo o seu som e identidade só para agradar mais pessoas e ganhar mais dinheiro), você perde sua "verdadeira credibilidade de Metal" (de novo, palavras de Silver, não minhas).

Começando pela arte de capa, toda a estética da imagem e do som dos caras mudou. Em vez dos riffs agressivos, ferozes e explosivos, baterias poderosas e barulhentas e vocais violentos e viris, eles agora escolhem empilhar suas músicas com leads groove e melódicos e tocar num ritmo mais mid-tempo. "Hands of Fate" abre o caminho fazendo exatamente isso, e de uma maneira extremamente genérica. Partes piores ainda são vistas na semi-balada "Lay Down Your Arms" e na plastificada "The Crucible" - essa última reciclando riffs à la Hetfield feitos mil vezes até hoje, e tudo isso ao mesmo tempo que letras infantis e vazias infestam os alto-falantes.


Uma influência forte de Megadeth ainda é vista em algumas das músicas e especialmente na voz de Silver, que é uma das poucas coisas que não mudaram. Mas eu não acho que isso seja bom porque essa abordagem vocal e as guitarras mais “grooveadas” particularmente não combinam com a atmosfera do álbum. Na verdade, apenas vislumbres de Thrash Metal podem ser pinçados aqui, basicamente em algumas pontes e solos espalhados por aí.

'Hands of Fate' depende muito de refrões grudentos e instrumental atenuado, bem exemplificados em músicas como "Blood Red Road" e "Fearless". O baixo é quase inexistente – com exceção dos primeiros segundos de "The Crucible" – mas a bateria é decente e a produção boa. Em suma, a maior parte do álbum é super polida e fabricada pra ser mecânica e formulaica.


No que parece ser um passado distante, o Savage Messiah tinha o potencial de ser uma das grandes novas bandas no mundo do Thrash Metal. Mas a vida é feita de escolhas, e os Londrinos favoreceram o comercialismo descerebrado sobre a criatividade e respeitabilidade. O resultado é esse, quatro caras se implodindo e transformando seu conjunto em outra desculpa esfarrapada semi-groove sem identidade de banda, movida por pura demanda de mercado. 'Hands of Fate' vai contra o que é a concepção de Metal honesto, apaixonado e significativo, então eu aconselho você a ficar longe dessa bosta. Vão levar um quatro porque eu sou bonzinho.

Nota: 4
*Nota do site The Metal Club: 4.62

Formação: 

Andrea Gorio (bateria)
Sam S Junior (guitarra)
David Silver (vocal, guitarra)
Mira Slama (baixo)

Faixas:

1. Hands of Fate 
2. Wing and a Prayer 
3. Blood Red Road  
4. Lay Down Your Arms 
5. Solar Corona  
6. Eat Your Heart Out  
7. Fearless  
8. Last Confession  
9. The Crucible  
10. Out of time 

Redigido por Bruno Medeiros

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