Sarcófago - "I.N.R.I." (1987)

Cogumelo Records

Mundo Metal [ Discos Trintões ]



Um dos maiores e mais cultuados clássicos do “underground” brasileiro, conhecido e adorado mundo afora o “debut” do Sarcófago completa trinta anos de seu lançamento em 2017 e não poderia ficar de fora da seção de discos trintões, tremei “falsos” e “posers”, pois hoje vamos falar de "I.N.R.I.".

O Sarcófago foi uma banda de Death/Black Metal de Belo Horizonte, a banda durante sua carreira lançou quatro discos de estúdio completos além de três EP’s, sem contar as diversas demos, “splits’s” e coletâneas.  

A banda tinha na época do lançamento de "I.N.R.I." a seguinte formação: Gerald “Incubus” no baixo, os irmãos Zéder "Butcher" (guitarra) e Eduardo "D.D. Crazy" (bateria) e por fim o grande Wagner “Antichrist” no vocal. 

Quando o disco foi lançado aconteceu uma revolução automática no que era considerado musica extrema, o primeiro ponto a chamar atenção foi sem dúvidas a bateria de D.D. Crazy, o baterista foi o pioneiro do Brasil no que hoje chamamos de “blast beats” ou em termos “abrasileirados” ele apresentou a “metranca” para o Metal nacional, de longe o Sarcófago era a banda mais rápida do Brasil e talvez até do mundo, depois de "I.N.R.I." todas as bandas de Death e Black Metal subsequentes seguiram a deixa de D.D. Crazy e implantaram a “metranca” em suas composições.

A segunda revolução musical influenciada por esse disco foi quanto ao visual, a banda era adepta do “corpse paint”, cintos de balas, pulseiras de pregos, cruzes invertidas, fotos bizarras em cemitério,  os mineiros não economizavam energia em passar uma imagem de contra cultura cristã sendo que o objetivo era claramente chocar a sociedade. As letras da banda blasfemam e “cospem” em qualquer tipo de valor moralista e conservador que se possa imaginar. 

Para os moldes dos dias de hoje as letras de musicas como “Desecration of Virgin” e “Ready to Fuck” podem parecer um tanto quanto “toscas”, mas na época eram letras bizarras e faziam a cabeça dos fãs ainda que escritas com um inglês, digamos, não muito avançado. 

O terceiro ponto de destaque é o pioneirismo do Sarcófago em adicionar a pegada do Death/Black Metal junto com a rebeldia e simplicidade do Punk Rock, e não é só pelo moicano de D.D. Crazy.


Os riffs de Butcher apesar de simples são grudentos e bem encaixados na proposta da banda, é impossível falar que os riffs de “Nightmare” e “Satanas” não soam perfeitos para a  musica do Sarcófago ou ainda que a versão da marcha fúnebre no final de “Christ's Death” é totalmente “harmônica” com os gritos desesperados de Wagner, é aquela máxima, o importante é a atitude e não a técnica ou rebuscamento dos músicos.

A quarta revolução que "I.N.R.I." alcançou foi quanto a influencia da cena Black Metal, ainda que musicalmente o Black Metal da metade dos anos 90 pra frente possa ter se distanciado do som caótico do Sarcófago, a banda é lembrada com uma das bandas progenitoras do estilo junto com Blasphemy, Celtic Frost e Sodom (Primeiros álbuns). 

Sobre aquela famosa historia sobre a influencia do Sarcófago na cena Black da Noruega, o baterista Fenriz do Darkthrone disse o seguinte durante entrevista para o site Desova: “O Sarcófago deu todo um sentindo Black Metal verdadeiro para a coisa, é claro, mas o estilo caótico e meio tosco só não foi copiado aqui na Noruega. O Beherit, no início, parecia com o Sarcófago, eles eram da Finlândia. Eu considero esse o melhor jeito de tocar Black Metal, esse estilo caótico dos anos 80”.

O sarcófago quebrou limites e elevou o Metal extremo nacional a um novo patamar na época, mesclando elementos do Punk,  Thrash, Death e Black Metal e tocando tudo isso em uma velocidade absurda para a época.  "I.N.R.I." é um dos maiores marcos do Metal nacional e o Sarcófago conseguiu colocar seu nome entre as melhores bandas brasileiras de todos os tempos.

Criado de forma despretensiosa e simples, I.N.R.I. se tornou uma das pedras fundamentais dos emergentes subgêneros da musica extrema, sendo hoje ainda, um dos lançamentos mais icônicos, revolucionários e influentes da história do Metal. 

Uma pena que a banda tenha se dissolvido prematuramente e lançado apenas quatro discos ao longo de sua curta carreira, é como dizem por ai: “tudo o que é bom dura pouco”.

Satan Lives! 

Formação:

Wagner “Antichrist” Lamounier (vocal)
Eduardo "D.D. Crazy" (bateria)
Gerald Incubus (baixo)
Zéder "Butcher" (guitarra)

Faixas: 

01. Satanic Lust
02. Desecration of Virgin
03. Nightmare
04. INRI
05. Christ's Death
06. Satanas
07. Ready to Fuck
08. Deathrash
09. The Last Slaughter

Redigido por: Vitor Hugo Quatroque

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