Melhores álbuns do mês: Outubro 2017



Há uma dose cavalar de loucura em tentar abraçar o mundo do Metal em pleno 2017 e caçar, destrinchar e avaliar dezenas (quando não chega na centena) de álbuns todo mês. Quem acha que o jornalista de carreira, pseudo-pensador e bostejador eventual William Waack tá fodido com seu recente escândalo de racismo ou que o ano do Palmeiras é digno de pena, nunca se deparou com um resenhista mergulhando nas águas negras da Metalosfera e nadando contra a corrente pra garimpar as pérolas lá no fundo, muitas vezes quase que imperceptíveis; isso sim é desesperador.

Relaxa, meu caro paladino da justiça social, isso é uma brincadeira e eu sei que os “Metal first-world problems” que eu enfrento não chegam nem perto de problemas de verdade, só que a porra da coluna é minha e eu reclamo o quanto eu quiser! Mas eu divago, vamos ao que interessa: a música!

De novo – e suspeito que pra sempre será assim -, escolher só 15 álbuns para a lista foi tarefa mais ingrata que escolher quem é a pior banda entre Slipknot e Korn. Outubro foi, definitivamente, o mês do Doom, Death, Power e suas vertentes, com o Black um pouco mais fraco (Blut Aus Nord lançou um bom álbum, pra variar, mas esse não é nem sombra de suas outras peças, e o Enslaved, que já nem considero Black mais, mandou pra galera um álbum só ok) e o Heavy completamente desnutrido e jogado às traças. No outro lado da moeda, como já disse, o Doom destruiu tudo e tem três representantes no ranking - além de bons álbuns que ficaram de fora como ‘Return’ do Ixion e ‘Curse of Conception’ do Spirit Adrift - e o Power deliciou os fãs das espadinhas, dragões e fantasia com obras de respeito como ‘The Great Brotherwar’ dos Alemães do Evertale e com os sempre divertidos Tierra Santa, Powerquest e Concerto Moon fazendo bonito com seus trabalhos. Pra variar, o Death também arregaçou as mangas e mandou seus filhotes Cannibal Corpse, The Black Dahlia Murder, Inverted Serenity e Damnation Defaced pra trabalhar, todos com resultado mais do que satisfatório. O Thrash, por sua vez, teve um mês morno mas mesmo assim enviou dois representantes pra nossa lista, o que prova que o estilo vai muito bem, obrigado.

Viu como é uma merda escolher só 15 plays? Pois é. Então se liga aí embaixo as pepitas que entendo como as melhores que esse puta mês nos proporcionou. Como já de costume, as escolhas seguem por ordem alfabética e não de melhor para pior.

Andras - Reminiszenzen... 
(Epic Pagan)


Os veteraníssimos do Andras mais uma vez provam que, mesmo da Alemanha, é possível conceber atmosfera e aura Pagãs matadoras. ‘Reminiszenzen...’ mescla o Inglês com o Alemão em suas letras e som Black com os elementos típicos do Pagan, em uma porradaria pra fã nenhum de Menhir e Black Messiah botar defeito.


Bell Witch – Mirror Reaper (Funeral Doom)


Funeral Doom é, para a maioria, insuportável. Também o é, porém, um gosto adquirido, e quando você entende a proposta e mensagem do estilo, vê que seu valor é inestimável. O Bell Witch entrega essa mensagem como ninguém, e ‘Mirror Reaper’ consolida a dupla estadunidense como uma das autoridades no assunto. Belíssimo trabalho.


Bestial Invasion – Contra Omnes 
(Technical Thrash)


Sim, caro amigo que, ao ler o nome da banda, ficou mais empolgado que cachorro no cio: Bestial Invasion é Thrash, e do melhor pedigree. Técnicos, rápidos, agressivos e inspirados, esses semi-novatos Ucranianos destroem tudo em seu caminho com ‘Contra Omnes’, segundo full dos caras e o melhor até agora. Mais do que mandatório para fãs de Watchtower, Sadus, Toxik e afins.


Communic – Where Echoes Gather 
(Progressive Heavy/Power)


O gigantesco trio Erik Mortensen (baixo), Tor Atle Andersen (bateria) e Oddleif Stensland (guitarra, vocal) retorna seis anos depois do mediano ‘The Bottom Deep’ pra recuperar o prestígio e explodir a mente de todos que duvidaram um dia da capacidade do Communic. ‘Where Echoes Gather’ é intricado, melódico e agressivo nas partes certas e, o mais importante, a volta à forma de uma das grandes bandas Norueguesas.


Hallatar – No Stars upon the Bridge 
(Atmospheric Doom/Death)


Banda fundada pelo multi-instrumentista e verdadeiro gênio Juha Raivio como uma homenagem à sua amada, Aleah Stanbridge, o Hallatar canaliza a tristeza de seu líder e transforma ‘No Stars upon the Bridge’ em uma montanha-russa de sentimentos. Com a bateria profunda e cheia de feeling de Mika Karppinen, e principalmente através dos vocais excelentes de Tomi Joutsen (Amorphis), Raivio teve a ajuda necessária para expor seus sentimentos e fazer desse trabalho um grandioso ode ao amor e ao sofrimento.


Keldian – Darkness and Light 
(Power Metal/AOR)


Sim, essa mistureba existe. Na ativa há mais de dez anos, a dupla dinâmica Christer Andresen (vocal, baixo, guitarra) e Arild Aardalen (keyboard) sempre lançou verdadeiras pepitas de ouro, e dessa vez não é diferente. Extremamente leve, divertido e inteligente, ‘Darkness and Light’ mistura os melhores elementos do Power Metal com pitadas de AOR e até algo de Synth Pop, num resultado que só esses Noruegueses malucos seriam capazes de criar: um dos melhores álbuns do ano.


Masters of Disguise – Alpha/Omega 
(Speed/Power Metal)


Que álbum caralhudo esse novo do Savage Gra…quer dizer, Masters of Disguise! Seguindo a fórmula de sua Alma mater, os Alemães obliteram prédios, varrem cidades e apagam os posers do mapa com velocidade sem igual, riffs cabulosos e atmosfera anos 1980 pra fã nenhum de Speed botar defeito. Imperdível.


Ne Obliviscaris – Urn 
(Extreme Prog Metal)


O Ne Obliviscaris é hoje, talvez, uma das bandas mais únicas da cena. Utilizando do violino como uma de suas armas, o quinteto Australiano surpreende mais uma vez com seu terceiro – e pra mim, o melhor disparado – álbum de estúdio. Emocional e erudito, mas poderoso e transgressor, ‘Urn’ com certeza vai aparecer em muitas listas de melhores do ano por aí.


Spectral Voice – Eroded Corridors of Unbeing 
(Death/Doom)


Compartilhando a maioria dos membros da magnífica Blood Incantation, o Spectral Voice destila seu veneno de forma lenta e brutal. Como quase tudo da Dark Descent Records, ‘Eroded Corridors of Unbeing’ respira Metal extremo e faz frente aos gigantes da cena facilmente. Depois de cinco demos e dois splits, finalmente somos agraciados com o debut de mais uma banda que se tornará gigante, fácil, fácil.


The King is Blind – We Are the Parasite, 
We Are the Cancer 
(Death)


Segundo trabalho dos Britânicos porradeiros. Linhas de guitarra à la Bolt Thrower, melodias orgânicas e inspiradíssimas que nos lembram grandes composições feitas por monstros como Anaal Nathrakh e doses generosas de poder bruto fazem de ‘We Are the Parasite, We Are the Cancer’ um dos mais tenebrosos e interessantes álbuns do mês.


Menções Honrosas:

Dr. Living Dead – Cosmic Conqueror 
(Thrash/Crossover)


A irreverência e liberdade musical dos Suecos mais retardados da cena são potencializadas em ‘Cosmic Conqueror’, quarto álbum de estúdio dos caras. Mais Thrash do que Crossover (graças a Deus), o petardo é visceral e cru nas medidas certas e consolida os doutores como uma força poderosíssima do estilo.


Exhumed – Death Revenge 
(Death/Grind)


Os reis do gore e splatter da Califórnia voltam com suas serras-elétricas e seus machados pra fazer picadinho de qualquer um que não aprecie seu sétimo full-lenght (não conto ‘Gore Metal: A Necrospective 1998-2015’ por motivos óbvios), ‘Death Revenge’. Prato cheio de entranhas e pedaços de dedos para os apreciadores de uma boa dose de sangue e gritos dentro do Metal!


Serenity – Lionheart 
(Power)


Ninguém segura os mestres do Symphonic Power Austríaco! Pouco mais de um ano depois do ótimo ‘Codex Atlanticus’, o Serenity nos agracia mais uma vez com uma pepita de ouro digna da discografia - já rica - dos nativos de Wörgl. ‘Lionheart’ tem a mistura perfeita entre o leve e o pesado, e já se tornou em pouco tempo uma das maiores obras do Serenity. Banquete para os fãs de Kamelot, Heavenly, Dragony e afins.


Sorcerer – The Crowning of the Fire King 
(Epic Doom)


As águas da Suécia devem ter néctar dos deuses ou algo do tipo, porque bandas matadoras brotam do país como a dengue brota no Brasil. Apesar de terem lançado apenas o segundo álbum da carreira do Sorcerer, o quinteto de Estocolmo é experiente na cena, e os caras usam isso a seu favor em ‘The Crowning of the Fire King’. Mágico, denso, cativante e cheio de feeling, o álbum foi uma das minhas primeiras escolhas certas pra figurar ao menos na minha lista de menções honrosas do mês. Gosta de Candlemass, Below, Doomshine e equivalentes? Então isso é obrigatório pra você.


Xanthochroid – Of Erthe and Ashen Act I e Act II (Epic/Melodic Black)


Vou roubar um pouco os meus próprios critérios aqui, mas seria injusto e burro da minha parte escolher só um desses álbuns, já que andam lado a lado e fazem parte de uma mesma história conceitual. O Zanthochroid, não é de hoje, vem fazendo barulho na cena com sua mistura interessantíssima de épico, sinfônico e melódico, com linhas guturais e limpas de vocal, elementos eruditos em suas composições e letras de fazer inveja à J.R.R. Tolkien (ok, nem tanto). Seu segundo e terceiro álbuns, ‘Of Erthe and Ashen Act I e Act II’ contam o prólogo de seu primeiro trabalho, lançado em 2012, de forma quase que teatral. Viciante e acessível, são perfeitos para seguidores de bandas como Ne Obliviscaris, Ihsahn, Moonsorrow e Amiensus.


Redigido por: Bruno Medeiros

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