Warbringer​ - "Woe To The Vanquished" (2017)

Napalm Records

Mundo Metal [ Lançamento ]



Dê uma olhada para o céu azul acima de você. 
Agora imagine um flash súbito de luz, sua pele começa a queimar. 
A onda sonora da explosão que acabou de romper o céu é tão poderosa que sopra os restos de sua pele derretida e deixa você como uma casca viva, em constante decomposição até seu corpo simplesmente se dissipar.

Isso é Warbringer!

O lançamento de “Woe to the Vanquished” é uma vitória pessoal do vocalista John Kevill, que viu a formação de sua banda se liquefazer quase que completamente. Em vários momentos a incerteza imperou e o sentimento de duvida pairava no ar, mas apesar das adversidades o Warbringer ressurgiu das cinzas praticamente incólume, pelo menos no que diz respeito a sua sonoridade. 

Após uma ausência de quatro anos,espera essa que definitivamente valeu a pena, Warbringer retorna com um excelente álbum, composto por oito faixas, trazendo em seu conteúdo um Thrash Metal raivoso e urgente com uma ligeira influência progressiva, apostando numa temática das mais recorrentes do estilo, a guerra, temática essa, que à proposito, foi forjada sob medida para o Thrash assim como cintos de bala e cerveja. 

Thrash álbuns são abundantes nos dias de hoje e parece que não há muito o que não tenha sido explorado pelo gênero. Isso é o que torna ainda mais importante quando uma banda tenta fazer algo diferente e o Warbringer, de Ventura, consegue chegar muito perto disso com seu mais novo registro.


"Silhuetes", a faixa de abertura, possui todas as marcas-chave do estilo, Adam Carroll e Chase Becker destilam riffs ferozes e hipnotizantes, aliados aos vocais ásperos e frenéticos de John Kevill, dissertando sobre o terrível efeito de uma guerra termo nuclear, aonde as pessoas são sumariamente vaporizadas, deixando apenas uma silhueta como vestígios de sua insignificante existência. "Explosão de onda expansiva/Consome tudo em seu caminho/Pedra reduzida a Cinza/Tudo o que resta deles/Apenas uma silhueta"

"Remain Violent" aborda a brutalidade policial, um tema atual e bastante delicado na America. Deve-se elogiar a banda por abordar temas controversos e não revesti-los açucaradamente, "Eu sou o predador, você é a presa/E você vai respeitar minha autoridade”

"Descending Blade" aborda as atrocidades da guerra que simplesmente não podem ser subestimadas, e a maneira sem corte em que isso é entregue liricamente é de rara beleza e ao mesmo tempo angustiante, "Eu vejo meu próprio rosto na cruz/Um ponto vermelho entre meus olhos/Só há um segundo até o momento em que eu morrer/Eu nunca vi a bala/Nunca senti o impacto/Apenas o som da fenda do rifle e tudo ficou preto” 

“Shellfire” explode em um thrash fest, ideal para incitar um looping quase que infinito de mosh pit e stage dive ensandecidos.


“Divinity of Flesh” é a faixa mais melódica do álbum, as mudança de ritmos constantes, riffs entrelaçados e blastbeats, demonstram toda versatilidade e técnica da banda, aborda a importância da ciência, um tema estranhamente cerebral para o estilo.

"Spectral Asylum" é uma trilha assustadora que permite ao ouvinte recuperar o fôlego, mas não permite que a intensidade do registro se disperse. 

A trilha final "When The Guns Fell Silent" uma epopeia de 11 minutos, morosa e maltratada, repleta de alternâncias, dividida em cinco partes. Seu tema lírico é inspirado pelos poetas ingleses Siegfried Sassoon e Gilbert Frankau, Dando uma aura de autenticidade à música e um final adequado para um álbum centrado na guerra.

"Woe To The Vanquished" é um registro que demonstra que o Warbringer amadureceu como banda, John Kevill,é um estudante de doutorado de história e é óbvio que seu amor pela história influenciou a temática do registro.


O álbum não é nenhuma obra prima do estilo, mas soa honesto, contém peso, melodia, ótimas performances, temática interessante em diferentes níveis e uma técnica invejável, podendo capturar ouvintes instantaneamente, oferecendo uma experiência frenética e hostil, mas com algumas mudanças notáveis de estilística sendo mais viciosamente ambicioso no âmbito musical, quando comparado com os trabalhos anteriores da banda. 


Nota: 8,5


Formação:

Adam Carroll - Guitarra
John Kevill - Vocal
Carlos Cruz - Bateria
Jessie Sanchez - Baixo
Chase Becker - Guitarra

Faixas:

01. Silhouettes
02. Woe to the Vanquished
03. Remain Violent
04. Shellfire
05. Descending Blade
06. Spectral Asylum
07. Divinity of Flesh
08. When the Guns Fell Silent


Redigido por Claudio Santos

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...