Trial (swe) - "Motherless" (2017)

Metal Blade Records

Mundo Metal [ Lançamento ]



De uns tempos pra cá, com o surgimento dessa nova e promissora geração do Heavy Metal tradicional, alguns países vem se mostrando um celeiro extremamente fértil de bandas e, com toda certeza, um dos locais que melhor representa essa ascensão é a Suécia, lugar onde diversos nomes vem aparecendo e grandes discos tem surpreendido e conquistado os admiradores do estilo. A música pesada anda tão bem por aqueles lados que virou até redundância apresentar uma banda nova e dizer que ela é sueca. O Trial é mais um desses grupos novos. Formado em 2007 na cidade de Trollhättan, possuem em sua discografia três grandes trabalhos: o debut "The Primordial Temple", o ótimo "Vessel" (2015) e esta nova empreitada que recebeu o título de "Motherless" (2017). 

Apesar da consolidação da NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal), o som desses caras foge um pouco da sonoridade adotada pelos principais expoentes do movimento, mesmo sendo Heavy tradicional até os ossos e buscando referências na década de 80, o Trial é dono de uma musicalidade bem diferente dos padrões. Desde a temática ligada ao ocultismo, as guitarras mais pesadas, composições que possuem andamentos mais intricados e uma grande quantidade de variações, até a despreocupação proposital em apresentar canções um pouco mais longas e em abundante quantidade, a banda definitivamente não soa como as outras do estilo. Outro diferencial são as excepcionais climatizações, partes mais lentas e, obviamente, os vocais de Linus Johansson, com um timbre nada ortodoxo, bom alcance em notas altas e que passeia por inúmeras referências, entre elas Bruce Dickinson e o brasileiro André Matos.  

Em "Motherless" temos oito composições de extremo bom gosto e classe, o registro é variado, criativo e bem distribuído. Em pouco mais de 47 minutos de uma audição agradável, podemos chegar a conclusão que este é de longe o melhor álbum do quinteto. Para uma melhor análise, podemos dividir a audição em duas partes: a sequência inicial onde temos 4 faixas mais diretas e que não batem na casa dos 5 minutos, e a sequência final que apresenta 4 canções de maior duração, e é justamente nessa parte que os caras mandam muito bem e mostram uma maturidade musical incrível. 

Os grandes destaques do álbum são as faixas "Motherless", "Aligerous Architect", "Birth" e "Embodiment". A faixa título abre o disco com linhas de guitarras dobradas que remetem ao Iron Maiden, mas com uma adição de peso. No decorrer da canção temos um festival de bons riffs, vocalizações poderosas e um andamento empolgante. "Aligerous Architect" é a quinta música e portanto, a primeira das mais longas, com pouco mais de 6 minutos, podemos conferir uma canção rápida, energética, de fácil assimilação e que deve agradar a qualquer fã de Metal feito com qualidade.


Em "Birth" somos tragados pelo lado ocultista da banda e em meio a climas soturnos e obscuros, riffs matadores são despejados sobre nossos pobres ouvidos mortais, coros arrepiantes e passagens totalmente Doom se encarregam de nos lembrar que o Metal atual pode ser surpreendente. A ponte é perfeita, pois logo depois desse som fantasmagórico, se inicia a melhor faixa do álbum, a épica "Embodiment". Com seus 9 minutos de pura genialidade, a banda continua nos apedrejando impiedosamente com ritmos cativantes e construções muito acima da média. 

A dupla de guitarristas Alexander Ellström e Andreas Johnsson é um primor e não poderia ficar sem menção. Enquanto Andreas fica encarregado apenas das bases, Alexander é o cara dos solos, e como sola esse rapaz! São diversos momentos em que o trabalho da dupla é tão certeiro que não seria exagero dizer que lembra o de grandes mestres do passado. Poderia citar Denner/Shermann (Mercyful Fate), Downing/Tipton (Judas Priest) ou Murray/Smith (Iron Maiden), mas o fato de em todas essas parcerias haver dois solistas impossibilita a comparação, o que de maneira alguma desmerece os jovens talentos.

Outro fator de impacto foi a assinatura de contrato com a Metal Blade Records e com isso, a banda desfruta aqui de uma produção precisa e que desta vez condiz realmente com o potencial do grupo. A troca de gravadora também fez com que a banda precisasse trocar de nome, na verdade apenas acrescentaram o "(Swe)" e de Trial, passaram a se chamar Trial (Swe). Olof Berggren (Katana, Falconer, Heidra) foi o profissional escolhido para produzir, masterizar e mixar o disco, e o trabalho do cara ficou realmente impecável. A arte da capa também merece menção, pois é belíssima e por si só reflete bastante da sonoridade do registro e exemplifica visualmente a viagem musical proposta. Ela foi desenvolvida pelo excepcional artista Costin Chioreanu. 

"Motherless" convence até mesmo aquele ouvinte mais chato e apresenta uma banda pronta para alçar voos mais altos. Até o momento é um dos grandes destaques do gênero em 2017 e promete figurar entre os melhores lançamentos do ano. Recomendo!


Nota: 8,2


Formação:

Andréas Olsson (baixo)
Martin Svensson (bateria)
Alexander Ellström (guitarra solo)
Andreas Johnsson (guitarra rítmica)
Linus Johansson (vocal)

Faixas:

01. Motherless 
02. In Empyrean Labour 
03. Cold Comes the Night 
04. Juxtaposed 
05. Aligerous Architect 
06. Birth 
07. Embodiment 
08. Rebirth


Redigido por Fabio Reis

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