Night Demon - "Darkness Remains" (2017)

SPV/Steamhammer Records

Mundo Metal [ Lançamento ]




Em tempos onde o Metal tradicional oitentista é uma febre no mundo todo, o que mais vemos são bandas aparecendo do além e tentando emular a sonoridade executada pelos medalhões do passado. Não faltam clones do Saxon, genéricos do Iron Maiden, cópias descaradas do Accept e garranchos grosseiros tentando se parecer com o Judas Priest. É claro que isso é um pé no saco, mas o que torna esse movimento tão apaixonante, e aqui me refiro a NWOTHM, é o surgimento de nomes que conseguem tocar Heavy Metal seguindo os padrões da velha escola, mas com muita honestidade e principalmente, não tentando ser a nova encarnação do Diamond Head ou Black Sabbath.

Obviamente não existe nada de novo no que Enforcer, Skull Fist, Air Raid, Ambush ou Metal Inquisitor fazem hoje em dia. Os caras são simplesmente apaixonados por Heavy Metal e tocam o que gostam de ouvir, só que precisamos ressaltar que nesses casos citados, temos grupos que realmente imprimem identidade nas canções, músicos talentosos e que com muita criatividade e competência, estão conseguindo fazer desse revival algo gigantesco e sem precedentes para a história da música pesada. Temos que ter a consciência que se existem os clones, picaretas e aproveitadores, temos também grupos como o Night Demon, banda californiana fundada em 2011, que com o lançamento de seu segundo trabalho já pode se considerar apta a figurar no primeiro escalão das bandas novas que são realmente relevantes ao gênero.

De cara, três fatos chamam a atenção e faz com que olhemos para o Night Demon de uma maneira diferenciada. O primeiro é sem dúvida a qualidade de seu debut, "Curse Of The Damned" (2015) é um senhor disco de estréia e chamou a atenção de muita gente no mundo todo. O segundo é o país de origem, já que os Estados Unidos atualmente tem apresentado muitas bandas novas, porém de estilos nada tradicionais e que primam por modernizar em excesso suas sonoridades, dessa forma desagradando fãs mais ortodoxos e conservadores. Esses caras vem na contramão dessa tendência e tocam aquele Heavy bem tradicionalzão e que te remete diretamente a meados de 84/85. O terceiro fator é talvez o mais interessante, pois quem escuta os dois discos da banda e se depara com tamanha parede sonora, jamais vai imaginar que na verdade trata-se de um power trio. Sim, os autores de sons pegajosos como os até aqui apresentados são apenas três caras: Jarvis Leatherby (vocal e baixo), Armand John Anthony (guitarra) e Dusty Squires (bateria).


Musicalmente, percebemos em "Darkness Remains" muitas referências ao Iron Maiden, mas me refiro ao Maiden anterior a entrada de Bruce Dickinson, naquela fase transitória em que "Killers" foi gravado, onde havia muitas melodias misturadas a agressividade e despojo. A influência não é negada pela banda, já que em "Maiden Hell" há diversas menções ao grupo de Steve Harris e é claramente uma homenagem aos gigantes britânicos. Outros momentos de grande destaque são na trilogia formada pelas energéticas "Welcome To The Night", "Life On The Run" e que tem como desfecho a faixa título totalmente fora dos padrões adotados pela banda até então. Trata-se de uma composição arrastada, cheia de vocais fantasmagóricos e que se ouvida separadamente não faz jus ao disco, mas quando escutada dentro do álbum, acaba agregando valor num contexto geral.

Ainda cito as ótimas "Hallowed Ground" e "Black Widow", ambas empolgantes e que exibem uma performance estonteante dos músicos, mas em especial do novo integrante Armand John Anthony, que substituiu Brent Woodward, guitarrista e parceiro nas composições de Jarvis Leatherby no álbum de estréia. A versão Deluxe do registro conta também com dois covers, uma versão impecável para "Turn Up The Night" (Black Sabbath) e outra muito parecida com a que o Viper fez no álbum "Evolution" para "We Will Rock You" (Queen). Com um andamento acelerado e um ritmo quase punk, deram uma cara bem própria e diferente da canção originalmente gravada no clássico "News Of The World" (1977).

"Darkness Remains" diverte e cumpre muito bem seu papel, desde a capa que mais parece um filme de terror oitentista, até as letras com todos os clichês do estilo, é um álbum certeiro e altamente viciante. Talvez ainda seja cedo para comparar, mas não creio que supera o debut "Curse Of The Damned", porém não mostra uma derrocada. Muito pelo contrário, o grupo segue se firmando e promete cada vez mais buscar ferramentas que contribuam para uma evolução ainda mais acentuada. Certamente estará presente em grande parte das listas de melhores do ano no gênero e não é à toa, pois merece um lugar de destaque mesmo. Grande registro!

Nota: 8,8





Formação:

Jarvis Leatherby (vocal e baixo) 
Armand John Anthony (guitarra) 
Dusty Squires (bateria).

Faixas:

1. Welcome To The Night 
2. Hallowed Ground
3. Maiden Hell 
4. Stranger In The Room 
5. Life On The Run
6. Dawn Rider 
7. Black Widow  
8. On Your Own  
9. Flight Of the Manticore (Instrumental)
10. Darkness Remains
11. Turn Up The Night (Black Sabbath cover)*
12. We Will Rock You (Queen Cover)*

*Bonus da versão Deluxe

Redigido por Fabio Reis
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