Immolation - "Atonement" (2017)

Nuclear Blast/Shinigami Records

Mundo Metal [ Lançamento ]




Quem diria! Foram necessários quatro anos para que os veteranos do Death Metal estadunidense do Immolation lançassem um novo álbum de estúdio e a primeira coisa que deve ser dita é que a espera valeu muito a pena.  “Atonement”, o décimo disco da banda, lançado oficialmente em 24 de fevereiro, via Nuclear Blast, é um trabalho bastante intenso e violento, que merece atenção desde sua bela ilustração de capa, cortesia dos artistas Pär Olofsson e Zbigniew Bielak, até o último arranjo de seu conteúdo musical. Apesar do hiato relativamente generoso desde o lançamento do último álbum da banda, “Kingdom of Conspiracy” (2013), os músicos continuam bem inspirados e entrosados, entregando um material digno e que não deve em nada ao passado da banda.

A faixa que dá início ao registro é “The Distorting Light”, composição que se inicia com notas bastante fúnebres e instigantes. Em poucos segundos, os pútridos guturais do baixista e vocalista Ross Dolan entram em cena, rasgando os alto-falantes e mutilando impiedosamente os tímpanos dos ouvintes. Há peso e variações de andamento muito bem construídas aqui. A bateria de Steve Shalaty é muito precisa, indo desde o mortal blast beat característico do estilo a passagens mais complexas e fragmentadas. O trabalho de guitarras de Robert Vigna e de Alex Bouks – é importante mencionar que esse é o primeiro trabalho de Alex na banda – também é muito eficiente, entregando riffs e solos caóticos, que se encaixam perfeitamente com a atmosfera malévola da composição. As guitarras se destacam bastante na abertura da segunda faixa do álbum, a truculenta “When The Jackals Come”. Os blast beats são realmente intensos e muito bem inseridos e também há alguns grooves bem interessantes e com muito feeling. Os momentos finais da composição também são o ápice dela, pois exalam um clima realmente macabro e intenso.

Uma introdução mais introspectiva e não menos interessante registra o início de “Fostering The Divide”, uma faixa que possui um andamento mais cadenciado em seus primeiros minutos e à medida que música avança, temos passagens bem viscerais, rápidas e violentas. O encerramento da composição também foi escolhido de forma sábia, com os mesmos arranjos que se encarregam de iniciá-la. “Rise The Heretics” surge arregaçando tudo o que vem pela frente, com seus acordes dotados de uma agressividade monstruosa que parece ter surgido dos próprios confins do inferno. Novamente, a banda não desaponta e entrega uma composição bastante criativa, que transita pelo grotesco, por momentos realmente rápidos, por outros mais lentos e arrastados e por um trecho realmente atmosférico e brilhante, próximos de seus três minutos de duração. O feeling e a atmosfera que se encontram nessa parte da composição é o que há de melhor nessa faixa.


Outra introdução sombria tem início, apresentando ao ouvinte a faixa seguinte do trabalho, “Thrown To The Fire”. Rapidamente, temos os característicos agudos de guitarra da banda sendo tocados de forma moderadamente sutil e então toda a banda entra em cena. Há uma mescla bem construída de groove e passagens realmente brutais e poderosas. A sonoridade das guitarras, aliada a “cozinha” devastadora de baixo e bateria proporciona um resultado funesto de primeira linha. “Destructive Currents”, a sexta faixa do álbum, foi a primeira a ser divulgada pela banda pouco antes do novo registro ser oficialmente lançado. Seus riffs são grudentos e concebidos de forma minuciosa e intrincada. O riff inicial, diga-se de passagem, fica na mente do ouvinte com muita facilidade e ao longo da composição temos viradas bruscas de andamento, repletas de muito feeling e criatividade. Nada soa maçante, pois os músicos conseguem transcender os limites da brutalidade musical, algo que muitas bandas parecem morrer tentando fazer. Não há apenas peso e sujeira nos arranjos criados por eles, como também há um sentimento malevolente e doentio em cada nota. 

Notas sutis e pacíficas de guitarra ecoam e rapidamente nos dão lugar a uma composição novamente volumosa, nomeada “Lower”. Os vocais de Ross Dolan permanecem monstruosos como sempre e o trabalho instrumental da banda é novamente invejável, intercalando muito bem os momentos mais vertiginosos com outros mais pausados e igualmente fascinantes. Os riffs são realmente convidativos e entretêm o ouvinte com sucesso, fazendo-o com que sinta vontade de “banguear” no mesmo ritmo da música. O próximo som é “Atonement”, uma faixa-título de muita qualidade, caracterizada por muito peso, é claro, vibrações perfeitamente sombrias e andamentos quebrados e inventivos. Como se poder ver e ouvir, a banda segue a mesma fórmula praticamente em todas as composições, entretanto consegue fazer isso com muita coesão e vigor. Um dos melhores momentos dessa faixa, aliás, é o groove majestoso próximo ao seu fim, que certamente fará muitos ouvintes “banguearem” incessantemente.

Contando com um início crescente e que dá lugar a um riff vigoroso e matador, “Above All” não faz feio frente às demais composições e entrega palhetadas certeiras e um desempenho avassalador do grupo. As quebras de andamentos permanecem engenhosas e surgem sempre nos momentos ideais. O mesmo pode ser dito de “The Power Of Gods”, que também possui um poder de fogo pra lá invejável. “Epiphany”, a música seguinte, possui um riff principal destruidor e de fácil assimilação e a composição como um todo consegue combinar mais uma vez todos os elementos que a banda é perita em executar. Mais um petardo! Em prensagens internacionais, ainda temos mais uma faixa, a excepcional regravação de “Immolation”, faixa originalmente presente no clássico debut “Dawn of Possession” (1991). 

“Atonement” é um disco que não irá desapontar os apreciadores de Death Metal e Metal Extremo em geral. Trata-se de um registro impetuoso e de muito bom gosto, que sabe combinar as melhores nuances que uma banda do estilo pode conceber em um álbum. Sua audição é bastante prazerosa e certamente já é um dos discos extremos de destaque desse primeiro semestre. Altamente recomendado!





Nota: 9

Formação:


Ross Dolan (vocal e baixo) 
Robert Vigna (guitarra) 
Alex Bouks (guitarra)
Steve Shalaty (bateria)

Faixas:

1. The Distorting Light 
2. When the Jackals Come 
3. Fostering the Divide
4. Rise the Heretics 
5. Thrown to the Fire 
6. Destructive Currents 
7. Lower 
8. Atonement 
9. Above All 
10. The Power of Gods 
11. Epiphany 
12. Immolation (Rerecorded) *

* Faixa bônus de edições internacionais

Redigido por David Torres
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