Mais polêmicas no Metal - ou porque só os mortos não se calam...

Artigo escrito para a revista virtual Rock Meeting. Texto de autoria do grande amigo Marcos "Big Daddy" Garcia, proprietário do blog Metal Samsara.

Clique na capa da revista para ter acesso a todo o conteúdo da edição 92. Boa Leitura!


Nos últimos dois ou três anos, o cenário Metal nacional está ficando cada vez mais chato em termos de comunicação. O Hatebook (sim, leu certo) virou um depósito de ódio mútuo, lugar de briga e ofensas entre bangers pelo mais imbecil dos motivos: política.

Não estou dizendo que você, caro leitor, não tenha direito a acreditar no que bem entender. Quer ser de direita, esquerda, conservador, liberal ou o diabo que o seja, é problema unicamente seu. Agora, está um PUTA SACO ter que abrir o Facebook e ver o choro rebelde sem causae e o fogo cruzado do ódio mútuo por causa de política!

PQP, vão à merda!

Escrevo estas palavras no dia 29/04/2017, um dia após a chamada greve geral. Eu deixei bem claro logo cedo: “quem é de greve, greve; quem é de trabalho, trabalho. Não briguem, pois não vale a pena...”, e minha publicação quase que vira campo de disputa ideológico.

Sinceramente, fiquei sem entender como as pessoas se afogam em ódio por conta de ideologia política. Ou será que a interpretação da língua portuguesa ficou ainda mais difícil?

Ah, sim: neste dia da greve geral, o Facebook assumiu sua função social de ser o Hatebook, pois raras foram as publicações em que o assunto este ausente ou tratado de forma mais sóbria (seguida de comentários cheios de ódio).

Veio a pergunta: o Metal deveria unir os fãs, mas por que tanto ódio?

A resposta é simples: existem poucos Headbangers de fé. A maioria é tão encalacrada com essa polarização estúpida “esquerda x direita” que lhes é inadmissível manter sua opinião sem ofender aos outros ou se sentir ofendido por quem é diferente.

Óbvio que culpo bastante a educação de merda que é dada aos jovens (já que o dinheiro da educação é investido em populismo barato e fajuto), bem como a professores doutrinadores de esquerda, religiosos canalhas conservadores e militantes extremistas. Cada um deles contribui para que estejamos ainda mais fragmentados como público.


Vocês sabiam que, em termos de número, o headbanger é capaz de manter lojas e revistas de uma forma que nenhum outro gênero musical poderia fazer em nosso país? A Galeria do Rock e suas lojas, bem como as revistas dedicadas exclusivamente ao Metal, apesar das dificuldades, ainda estão por aí, apesar das dificuldades. Servem como indicativos do que falo.

Já temos que aturar dicotomias Black X White, Metal extremo X vertentes melodiosas, e agora, mais essa imbecilidade pseudo-acadêmica. Não, ser de esquerda ou de direita não te faz intelectual. Apenas mostra sua vertente de pensamento, apenas isso. Mas quando se torna um radicalóide, aí a vaca vai para o brejo.

Exemplificando: sou a favor do feminismo. Sim, apesar do que já viram escrever nesta coluna, eu sou a favor do direito de igualdade entre homens e mulheres em tudo, nas responsabilidades também. Mas não sou a favor de idiotices como marchas das vadias ou pessoas enfiando imagens de santos em certos orifícios do próprio corpo. E muito menos desse lance de culpar os homens de tudo. O radicalismo é a via do idiota, do fraco e do analfabeto. Traduzindo: eu vivo no caminho do meio, longe dos extremos.

É necessário o primeiro entendimento: o pensamento ideológico e a liberdade de expressão são direitos constitucionais do brasileiro. Se houvesse razoabilidade e raciocínio, ninguém estaria agredindo ninguém, mas espeitando uns aos outros. Mas não, o headbanger de hoje ou é um pateta defensor de Lula e Dilma, ou um imbecil que defende Bolsonaro. Basta qualquer político falar algo que o agrade e já vira amor incondicional ao corrupto, e ódio juramentado a quem não milita com eles.


Vejam bem: já vi pessoas dizendo que se tornaram fãs do Violator depois daquela polêmica do “foda-se Bolsonaro”. Mas a música, então, vem depois da sua ideologia? A música é governada pela sua forma de pensar? Seu gosto é moldado única e somente pelo que você pensa em termos políticos?

Se for assim, pobre de você... Sustenta a estupidez em nome de uma crença pessoal que, como o tempo mostrou, não vale a pena. Aliás, parabéns por se mostrarem idiotas e caírem na arapuca das polêmicas, que só servem para manter bandas mortas na ativa.

E mais uma coisa: NENHUM deles te representa, irão apenas usar um discurso falacioso para ter seus votos, e depois, mudam completamente. Lula, FHC, Collor e outros que conhecemos da história política do Brasil ilustram isso. No máximo, eles lançam mão de atitudes paliativas populistas, mas nunca resolvem o problema de vez. NUNCA, pois os problemas geram votos e plataformas políticas.

Exemplos: Lula se elegeu duas vezes, assim como Dilma, tendo apoio do PMDB. Uma coligação bem estranha para quem conhece as histórias desses partidos. Dois partidos historicamente antagônicos se coligaram para eleger Lula. E óbvio que o mesmo mostrou as garras, como tem mostrado nos últimos tempos. Só a militância seletiva não vê isso, a venda ideológica que não te permite pensar por si mesmo. E Jair Bolsonaro com suas ironias nojentas contra gays, negros e outros? Assinar embaixo de tudo que ele faz é um gesto de burrice crônica, a mesma militância seletiva que cega a esquerda possui uma versão na direita!

Ou seja: eles te dividem para te governar e te conquistar! Eles te querem de um lado ou outro apenas para enfraquecer o povo e se tornar mais fácil a corrupção. Acordem desse sono de alienação!

E parem de dividir o Metal! Se é de esquerda, é você quem é; se você é de direita, é você quem o é. O Metal é politizado, mas de forma algum partidário. Isso seria uma contradição contra a liberdade de qualquer tipo de regra ou dogma que o estilo representa!


Pense por si mesmo, pense com sua cabeça. Use os olhos, veja a realidade, não acredite em professores, líderes religiosos ou mesmo em bandas que goste. Você não precisa acatar o que eles dizem, mas o que vem de seu coração. E com isso, lute pelos seus direitos, proteste de alguma forma, dê voz aos seus pensamentos. Já dizia sabiamente o pensador anarquista Pierre-Joseph Proudhon: “Aquele que botar a mão sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo”, e é isso que eles querem. Eles querem governar até sua forma de pensar, seu gosto pessoal, sua forma de se expressar e viver sua vida. Todos eles, sejam da militância que forem!

Finalizando: eu mesmo tenho amigos de diferentes visões políticas, gosto de bandas que muitas vezes tem ideologias políticas diferentes. E gosto e respeito meus amigos e essas bandas em suas visões, porque a amizade e o Metal são maiores que diferenças pessoais para mim. E sobre “foda-se Bolsonaro”, “foda-se Lula”, “fora Temer” e outros, eu digo apenas: fodam-se todos eles, pois todos representam o passado. Então, parem de correr atrás do próprio traseiro!

“Aquele que botar a mão sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo” (Pierre-Joseph Proudhon).

Sanidade e insanidade andam juntas e de mãos dadas
Mas nunca tenha medo em qualquer lado da linha em que esteja
Tome o poder de estar no controle
É você quem governa sua vida!
Derrube as paredes que te circundam
Seja forte e mude sua vida!
APAGUE – As regras que foram criadas para te pôr de joelhos
Derrube – As correntes que te mantém preso ao chão
APAGUE!
APAGUE – E me siga para onde a verdadeira diversão se encontra
Não é vergonha ser chamado de louco
E de ir contra as massas
Exija seu direito de impor suas próprias regras
E não andar pelo caminho dos que são aleijados
APAGUE – As regras que foram criadas para te pôr de joelhos
GRITE – Seu descontentamento, deixe que sua voz seja ouvida
APAGUE
APAGUE – E me siga para onde a verdadeira diversão se encontra
Não se adapte aos outros
Seja um com você mesmo
E ande em igualdade comigo


Apagando a falsa mentalidade… (Gorefest – Erase)

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