Lock Up - "Demonization" (2017)

Listenable Records

Mundo Metal [ Lançamento ]



É sempre um prazer muito grande para um fã da boa música pesada quando uma banda da qual ele admira lança um novo material. Aliás, o mesmo se aplica também quando se trata de um novo registro de um projeto musical paralelo de músicos da qual ele é fã, ainda mais quando esse projeto em questão está há um algum tempo sem lançar um novo trabalho. Após um hiato de seis anos, o Lock Up, um dos muitos projetos paralelos de Shane Emburry (Napalm Death, Brujeria, Unseen Terror) finalmente está de volta com um novo álbum. “Demonization” foi lançado oficialmente em 10 de março, através do selo Listenable Records e marca a estreia de Kevin Sharp (ex-Brutal Truth, Venomous Concept) nos vocais. Esse quarto álbum de estúdio possui uma ilustração de capa maravilhosamente devastadora, que faz jus ao conteúdo nefasto e ultraviolento aqui presente. 

Uma breve e sinistra introdução nos conduz a faixa de abertura do disco, “Blood and Emptiness”, um tremendo soco na boca do estômago, sem dó, nem piedade. A “cozinha”, encabeçada pelo baixista Shane Emburry e pelo baterista Nick Barker (ex-Cradle of Fith, Brujeria), dispensa muitos elogios. É simplesmente brutal e precisa! Os blast beats de Barker soam implacáveis como sempre, é claro. Os vocais insanos de Kevin Sharp rasgam os alto-falantes no primeiro instante que entram em cena e os riffs de Anton Reisenegger (Brujeria) se assemelham a uma motosserra incontrolável. Há um trecho meio Doom na metade da música, funcionando como um breve “descanso” para o ritmo frenético da composição, que se encerra em puro caos e insanidade. 

A guitarra de Reisenegger dá o tom inicial da segunda faixa, “The Decay Within the Abyss”. E dá-lhe mais paulada nos tímpanos! O seu ritmo inicial é absolutamente mortal e rápido e na metade da faixa, temos uma alteração rítmica muito bem construída, proporcionando um andamento com mais groove e cadência, perfeito para um intenso moshpit. O final da composição? Mais agressividade e demência! “Locust” é a desgraça em forma de anti-música encarregada de dar sequência a esse show de horror. Todos os integrantes entregam performances grotescas e violentas, jamais dando descanso para os tímpanos já bastante judiados dos ouvintes. 

E então, é a vez da faixa-título entrar em cena. Em ritmo crescente e progressivo, “Demonization” possui uma introdução muito climática, instigando o ouvinte com suas palhetadas enigmáticas e intensas. O baixo e a bateria caminham na mesma sintonia, enquanto os vocais pútridos de Sharp ecoam pelos alto-falantes. É uma composição cadenciada, porém muito eficiente e com uma vibração brilhantemente maligna. Seus arranjos sombrios cumprem exatamente com a proposta da composição. Por sua vez, a quarta faixa do álbum retoma o lado mais convencional do grupo: a demência! “Demons Raging” martela tudo o que está ao seu redor com suas notas viscerais e matadoras. Temos mais variações de andamento, o que não deixa a música soar monótona ou repetitiva em momento algum. 

“Desolation Architect” também possui momentos muito truculentos e outros com mais groove e cadência, combinando o melhor de cada elemento de maneira sábia e ao mesmo tempo insana. Devo lembrar que a banda jamais dá descanso para o ouvinte e “Instruments of Armageddon” é outro forte exemplo disso, resgatando os elementos das composições anteriores, porém com um entusiasmo sobrenatural. Os riffs soam bastante grudentos em momentos específicos e provocam um tremendo estrago, assim como todos os ingredientes que compõem essa sétima faixa.


Kevin Sharp entrega uma performance vocal mais desesperada e esquizofrênica em “Sunk”, outra porrada infame promovida por esse quarteto doentio.  E falando em vocais insanos, um grito de Sharp inicia a faixa seguinte, “The Plague That Stalks the Darkness”. Logo após esse grito, temos uma sucessão de palhetadas cruas e vis, acompanhadas por uma levada pungente de bateria e baixo. Também temos mais variações de andamento e ritmo, tudo concebido de forma minuciosa. Temos até alguns pequenos trechos, próximo ao fim da música, onde o baixo de Emburry se destaca mais, dando um sabor adicional à composição.

As quatro cordas de Emburry e a bateria de Barker nos apresentam “Foul from the Pure”, uma composição que possui a maior parte de seu andamento mais cadenciada que as demais composições do álbum, contendo uma veia Hardcore/Punk. Há um trecho mais veloz e histérico da metade para o fim da música, que se encerra com o seu andamento inicial. Em seguida, tem início a faixa mais curta do álbum, “Mind Fight”. Essa composição tem pouco menos de dois minutos de duração e o que temos aqui é a trilha perfeito para o ouvinte se arrebentar em um moshpit desgovernado. Tem alguns momentos em que a voz de Sharp lembra algumas linhas de vocais insanas de João Gordo (Ratos De Porão), o que é um prato cheio para os apreciadores da boa “música feia e suja”.

O registro prossegue com “Void”, que possui palhetadas bem marcantes e potentes e as mudanças de andamento e ritmo permanecem tão engenhosas e infames como no início do registro. Se o ouvinte quer mais caos, ele terá na faixa que vem a seguir, “Secret Parallel World”. A loucura simplesmente impera com esses senhores! Encerrando o álbum, surge “We Challenge Death”, composição que mantém a rispidez das faixas anteriores. Mais uma vez, como já é de se esperar, o quarteto nos brinda com performances ferozes, alucinadas e inventivas. 

Não há muito o que ser dito aqui! Mesmo após seis anos sem lançar um novo material, o Lock Up continua tão impetuoso como antes. Se você é fã desse projeto ou de seus envolvidos ou simplesmente aprecia uma boa música extrema, em especial Grindcore e Death Metal, não perca tempo e ouça esse petardo. É satisfação na certa!


Integrantes:

Shane Embury (baixo)
Nicholas Barker (bateria)
Anton Reisenegger (guitarra)
Kevin Sharp (vocal)

Faixas:

01. Blood and Emptiness  
02. The Decay Within the Abyss  
03. Locust 
04. Demonization 
05. Demons Raging 
06. Desolation Architect  
07. Instruments of Armageddon 
08. Sunk
09. The Plague That Stalks the Darkness 
10. Foul from the Pure 
11. Mind Fight 
12. Void 
13. Secret Parallel World 
14. We Challenge Death


Redigido por David Torres

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