Slayer - "Divine Intervention" (1994)

Enquanto isso, nos anos 90...



Olá Mundo Metal! 
Antes do meu primeiro post aqui na página, quero me apresentar e falar um pouco de como o metal, de certa forma, sempre esteve presente em minha vida. 

Meu nome é Leandro e no início dos anos 90, no auge dos meus 10 anos de idade, uma das minhas primeiras memórias que não estavam ligadas aos brinquedos, desenhos animados e HQs, era a minha mania de sempre pegar o rádio relógio da minha mãe, levar para o meu quarto e ficar caçando música. Foi então que descobri Guns n’ Roses e o Skid Row (me desculpem a decepção, mas ninguém, eu repito NINGUÉM, começa nesse mundo escutando Unleashed, Tokyo Blade ou Tankard rs). 

O som que as bandas faziam me chamou atenção e um tempo depois, graças ao Clip Trip (citar rádio relógio e Clip Trip no mesmo texto denuncia demais a idade rs), a MTV com o Fúria Metal e que além disso, tinha muita coisa boa em sua programação normal, conheci outras bandas e fui desbravando o Rock, Hard, Heavy, Thrash, Death e tantos outros subgêneros que me fizeram um apaixonado por essa sub cultura tão vasta e rica.

Mas vamos ao que realmente interessa.

Os anos 90. Época que geralmente é deixada para trás quando se trata de bandas clássicas ou até mesmo do metal mais tradicional. O grunge causou grande impacto na cena musical, o que é sabido por todos e fez muitas bandas passarem pelo ostracismo ou até mesmo se reinventar (Stomp 442 do Anthrax é um grande exemplo de disco de uma grande banda de thrash que passou a incorporar novos elementos), mas até aqui nenhuma novidade, que qualquer um que gosto de ler sobre o assunto  já não tenha visto N vezes em tantos lugares.

Minha intenção com as minhas postagem é falar sobre um disco, uma banda, um subgênero, que trazem aquele espírito dos anos 90. 

E vamos ao primeiro disco tipicamente “anos 90”.

Banda da vez – SLAYER (ou se preferirem SLAYEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEER)


Aquela banda que todo headbanger ama, ou odeia, ou ama odiar o fato que eles mudaram o som e nunca mais serão o “Slayer” (por mais que isso não faça sentido, mas tudo bem). E antes de falar sobre o disco em si, vou tentar contextualizar um pouco o que acontecia no Slayer nesta década. 

Eles era soberanos nos anos 80, lançando clássico atrás de clássico e crescendo exponencialmente a cada ano. Mas nos anos 90 muita coisa mudou. 

Em 1990 eles lançaram Seasons in the Abyss, álbum que dividiu muito as opiniões na época, pois muitos fãs acusaram o Slayer de ficar mais “pop” (se é que isso é possível) e isso devido ao fato, acredito eu, deles terem lançado o vídeo de Seasons e o mesmo ter sido reproduzido várias vezes ao dia na programação da MTV, chegando ao Top 10 da emissora por muitas semanas.

Logo após (1991), lançaram Decade of Aggression, álbum ao vivo e duplo gravado durante a Clash of the Titans (turnê que contava com Slayer, Megadeth, Anthrax, Suicidal Tendencies, Testament e Alice in Chain). Disco gravado da forma mais crua e ríspida possível. Do jeito que nós gostamos. Mas o que nós não sabíamos é que a primeira grande baixa do Slayer aconteceria em breve. Sai então Dave Lombardo, o baterista referência no thrash. E me desculpem os grandes Ventor, Tom Hunting, Charlie Benante, o próprio Paul Bostaph e tantos outros grandes bateras, mas o Lombardo é referência sim. E o que poderia abalar as estruturas do Slayer a ponto de fazer a banda encerrar as atividades, só fez eles ficarem com mais raiva e criar um disco que é divisor de águas e um dos mais polêmicos da sua carreira.

O Álbum – "DIVINE INTERVENTION" (1994)

O disco já começa muito bem pela apresentação visual. A capa (arte de Wes Benscoter) é agressiva até o talo e uma das mais bonitas capas do Slayer na minha humilde opinião. E na primeira audição é impossível não tentar comparar Paul Bostaph com o Lombardo, e quem não tem a cabeça fechado ao ponto de só gostar de “clássicos” e formações originais, percebe logo em de cara o talento de Bostaph (e quem já conhecia seus trabalhos no Forbidden, não se espantou nenhum pouco). Killing Fields já começa com ele mostrando toda sua capacidade e agressividade, esmurrando seu kit e se mostrando digno do posto que está ocupando. E isso ocorre durante todo o disco. Ponto positivo pro Bostaph!

O disco é um show de agressão gratuita, típico do Slayer e claro, que muito diferente dos anteriores e muitas vezes mais cadenciado, mas falar que o álbum não é agressivo chega a ser ofensa. A dupla Kerry King e Jeff Hanneman manda seus riffs sangrentos um após o outros, hora mais rápidos, hora mais volumosos. E Tom Araya ainda emana e respinga ódio de sua voz de forma singular.

E por falar em cadência, o que é Sex Murder Art e Divine Intervention? Músicas excepcionais, com estruturas músicas complexas e matadoras. Dittohead, Circle of Beliefs e Serenity in Murder é aquele Slayer maroto, aquele Slayer moleque, fã aquela agressão rápida e gostosa de deixar os ouvidos apitando por horas. SS-3 mais lenta mas nem por isso menos agressiva. E a introdução de 213? É de arrepiar e deixar qualquer um com aquela sensação de suspense, esperando o que está por vir. Essa música podia estar como trilha sonora de qualquer filme de terror que cairia muitíssimo bem. As partes lentas onde o Araya praticamente declama a letra, traz aquele terror primal atormentado os mais desavisados. Fechando com chave de outro o álbum, vem Mind Control, que pra mim é a mistura da estrutura de todas as outras músicas. Tem de tudo, partes rápidas, partes lentas, partes cadenciadas e é claro, riffs, riffs e riffs! E a produção do disco, pra mim só não é melhor que Reign in Blood. Muito bem gravado e melhor ainda executado.

Disco matador! Daria uma nota 8,0 fácil se fosse pra qualificar, mas a intenção aqui não é essa e sim relembrar e celebrar grandes e ótimos discos que muitas vezes ficaram de fora do que é conhecido como clássico.

Caso tenha a menta mais aberta à sonoridade dos anos 90, venha se deliciar nesse mar de sangue e agressão gratuita. Agora se você procurar o som parecido com o Reign in Blood, Hell Awaits ou o Show no Mercy, passe longe.

Por Leandro Maurício dos Santos

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