Mundo Metal [ Discos Trintões ]
Eis aqui um álbum que podemos dizer que foi um divisor de águas para a carreira do Sepultura, a banda que havia gravado um ano antes “Morbid Visions” (1986), um disco essencialmente de Death Metal, passa a se aprofundar no estilo que os deixaria mundialmente conhecidos, o Thrash Metal.
Um fator fundamental para a mudança de estilo foi à troca de guitarristas que ocorreu ainda em 87, sai Jairo Guedez e entra Andreas Kisser, essa troca representou muito mais do que apenas uma alteração de formação, Andreas trouxe novas influencias para a banda, Heavy Metal tradicional e um estilo mais melódico e técnico.
Os irmãos Cavaleira por sua vez começavam a interessar-se cada vez mais por bandas Punk, a união de influencias e ideias citadas resultou em uma nova sonoridade para a banda, bem como em uma mentalidade mais madura, na gravação de “Morbid Visions” o que se percebe é que são quatro jovens que não se preocupam com estética ou até mesmo qualidade. Entretanto no segundo álbum dos mineiros já é possível ver uma banda muito mais profissional.
A gravação de “Schizophrenia” possui uma qualidade muito superior a de seu antecessor, até mesmo em comparação a outros registros nacionais da mesma época “Schizophrenia” se mostra com uma qualidade de produção acima da media, lembrando que estamos falando de um disco lançado pela Cogumelo na década de 80 e totalmente gravado no Brasil.
Com "Schizophrenia", o Sepultura também abandonou a temática satanista e passou a falar de temas como guerra, politica e sociedade. Tal mudança é relacionada diretamente com a entrada de Andreas, uma vez que todas as letras do álbum foram creditadas a ele em parceria com Max, a exceção de "To the Wall", escrita por Vladimir Korg (Chakal).
O álbum como um todo apresenta um conteúdo uniforme, apostando nos arranjos mais bem elaborados pela banda até então. Quanto ao instrumental, não é difícil concluir que o mesmo é bem superior ao que foi apresentado um ano antes, a bateria com doses de maior complexidade e potência, os riffs e solos se tornaram mais virtuosos e muito mais marcantes. O único adendo negativo fica por conta da voz de Max, o vocalista não evoluiu tanto na voz como evoluiu na guitarra base, o melhor desempenho vocal de Max ficaria para anos mais tarde quando gravaria “Beneath the Remains”(1989) e principalmente “Arise”(1991).
A afirmação vem do livro "Sepultura – Toda a História" (1999), de André Barcinski e Silvio Gomes, "Schizophrenia" foi o marco zero da profissionalização do Heavy Metal brasileiro, resume bem a importância do disco e garante o mesmo na estante de grandes clássicos do Metal nacional.”
Focando mais especificamente no Sepultura a banda foi extremamente feliz na decisão de mudar os rumos da carreira, este foi o primeiro dos muitos divisores de água que a banda ainda teria pela frente, além de ser o embrião do Thrash Metal vigoroso pelo qual a banda seria conhecida no Brasil e no Mundo.
Destaques para a clássica “Scape To The Void”, a Instrumental “Inquisition Symphony” e a regravação do que viria a ser um dos maiores clássicos do grupo em sua versão definitiva, é claro que me refiro a poderosa “Troops Of Doom”, que foi lançada como faixa bônus.
Integrantes:
Max Cavalera - Vocal, Guitarra Base
Andreas Kisser - Guitarra Solo, Violão
Paulo Jr. – Baixo
Igor Cavalera – Bateria
Henrique Portugal – Teclados (musico convidado)
Faixas
01. "Intro"
02. "From the Past Comes the Storms"
03. "To the Wall"
04. "Escape to the Void"
05. "Inquisition Symphony" (instrumental)
06. "Screams Behind the Shadows"
07. "Septic Schizo"
08. "The Abyss" (instrumental)
09. "R.I.P. (Rest in Pain)"
Por Vitor Hugo Quatroque