Crystal Viper​ - "Queen of the Witches" (2017)

AFM Records

Mundo Metal [ Lançamento ]



Os anos 2000 foram um tempo de ressurreição do movimento Heavy Metal old-school, provavelmente relacionado aos bons trabalhos lançados pelo Hammerfall na porção final dos anos 1990. Uma jovem donzela da terra que fora um dia estuprada pelos Nazistas, Marta Gabriel, decidiu que era hora de mostrar o que tinha a dizer sobre o assunto e criou o Crystal Viper, uma banda tão true ao Heavy Metal que foi nomeada Víbora de Fucking Cristal, caralho (porra, não fica mais Metal que isso)! 5 álbuns depois – com alguns ótimos e outros nem tanto – e alguns problemas de saúde da pequena Marta, ela e seus companheiros Andy Wave (guitarra), Tomek “Golem” Danczak (bateria) e Błażej Grygiel (baixo) estão de volta ao ataque com ‘Queen of the Witches’, um trabalho mais ou menos conceitual sobre contos de bruxa e o mal verdadeiro.

Como é com todos os plays do Crystal Viper, ‘Queen of the Witches’ é abarrotado de referências e influências dos grandes antigos como Cirith Ungol, Warlord, Manowar, Virgin Steele, Manilla Road e muito mais, mas mantendo os já característicos e sensuais vocais e estilo da banda. A porrada já come solta logo de início com “The Witch Is Back”, começando com um grito vigoroso de molhar a cueca e ótimos riffs bem construidos. Uma boa faixa de abertura, a pepita consegue criar uma ótima atmosfera. “I Fear no Evil” chega na sequência chutando portas e bundas com leads à lá Maiden e um refrão mais grudento que as páginas da Playboy que você deixa embaixo da cama. Atenção especial ao monstrinho Błażej Grygiel aqui; o fela cheira uma cocaína e manda ver no baixão da massa, enquanto que os vocais da Marta belezura do papai flutua entre mais agressivo nos versos e mais acessível no refrão.


Como nem tudo são flores, existem duas baladas aqui que poderiam ter sido construidas de uma forma melhor ou até modificadas pra encaixar na atmosfera do play de uma maneira mais coesa: “When the Sun Goes Down”, que na real nem é uma balada no sentido verdadeiro da palavra, mas é lenta e leve demais pra ser taxada de qualquer outra forma, e a sequencial “Trapped Behind” – essa sim uma balada de boca cheia –, o que extermina completamente a vibe “punhos no ar” manufaturada nas duas primeiras músicas, fazendo o álbum perder seu clímax quase que inteiramente. O trem volta aos trilhos com a magnífica “Do or Die”, faixa que conta com a lenda viva e sacerdote do true metal Ross the Boss nas machadadas; o refrão é poderoso e bombástico e toda a canção é construida ao redor de uma aura rock ‘n’ roll. Aliás, o álbum todo é recheado da vibração old-school e participações especiais de renomados músicos como o paranóico Mantas (ex-Venom) na inflamada “Flames and Blood” (uma das melhores aqui), onde o britânico entrega um bom solo de guitarra, e Steve Bettney do Saracen – banda considerada uma das mais amadas do movimento NHOBHM -, que faz um dueto com Marta na power-ballad “We Will Make It Last Forever”, música que não oferece muito ao ouvinte mas é até divertida. “Burn My Fire Burn” continua a destruição e transborda atitude mais uma vez, mas algumas bandas guardam o melhor pro final, e esses polacos seguraram “Rise of the Witch Queen”, melhor faixa da parada, até o último minuto. Pesada, poderosa, barulhenta, rápida e agressiva, mostra o auge da inspiração de cada membro e a melhor performance de Marta no álbum.

“Mas calma ai Bruno, cadê aquele cover fodão de arregaçar cus que o Crystal Viper sempre faz de um clássico do estilo?” Ah, esta aqui, meu caro amigo solitário, não se preocupe. Os homenageados da vez são o Grim Reaper e o Exciter, com as faixas “See You in Hell” e “Long Live the Loud”, respectivamente. Ambas têm o selo Crystal Viper de qualidade, já que são respeitosas e competentes rendições das faixas originais, ainda que tenham boas mudanças aqui e ali. Infelizmente, porém, você vai ter que escolher uma pra ouvir, já que “See You in Hell” foi lançada como bonus track da versão em CD e “Long Live the Loud” na versão em LP (ah, foda-se, compra as duas versões e já era). A bela feroz Marta ficou a cargo das letras mais uma vez e o álbum foi produzido pelo competente Bart Gabriel (Cirith Ungol, Sacred Steel, Mythra), que ajusta a mixagem da melhor maneira possível para que o play soe como nos anos 1980. Ainda, o lendário Andreas Marshall (Running Wild, Kreator, Blind Guardian e mais mil bandas) assina a arte da capa, então aqui você sabe que não vai se decepcionar.


Em suma, o Crystal Viper na verdade tem um bocado de caminho para percorrer em se tradando da nata do NWOTHM, mas conseguiram atingir um ótimo retorno, levando em consideração as circunstâncias. Ao mesmo tempo acessível às massas e complexo o suficiente pra agradar os fãs mais xiitas, ‘Queen of the Witches’ é um trabalho bom, apesar de alguns pequenos revezes. Como um fã da banda desde sua criação e crítico ávido de música, acho esse um trabalho digno dos Poloneses. Recomendado.

Integrantes: 

Marta Gabriel - Vocals & Guitarra
Błażej Grygiel - Baixo
Andy Wave - Guitarra
Golem - Bateria

Faixas: 

01. The Witch Is Back
02. I Fear No Evil
03. When the Sun Goes Down
04. Trapped Behind
05. Do or Die
06. Burn My Fire Burn
07. Flames and Blood
08. We Will Make It Last Forever
09. Rise of the Witch Queen
10. See You in Hell


Nota: 7.75

Por Bruno Medeiros

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...