Lançamento: Brujeria - “Pocho Aztlan” (2016)


Dezesseis anos! Esse foi o tempo que os fãs de Brujeria tiveram que esperar para o lançamento do quarto álbum de estúdio da banda, “Pocho Aztlan”. Lançado no dia 16 de setembro, via Nuclear Blast Entertainment, esse quarto trabalho de estúdio prova que nem mesmo o tempo pode conter o poder desses veteranos. Imagine um disco poderoso, com faixas diferentes entre si, violentas e que respeitam o passado da banda. Pois é exatamente isso que temos aqui, portanto, “cabrón”, vamos “cruzar a fronteira” e adentrar no território desses senhores criativos e insanos.

Uma épica introdução conduz o ouvinte a “Pocho Aztlan”, uma composição repleta de groove e que serve como um aperitivo luxuoso para o que está por vir nos próximos quarenta minutos.  “No Aceptan Imitaciones”, a segunda faixa do álbum, já é uma velha conhecida do público, uma vez que a banda a toca ao vivo há algum tempo em suas performances ao vivo. Trata-se de uma composição excepcional! Um legítimo clássico da fase atual da banda, que mescla passagens rápidas e muito agressivas com outras mais cadenciadas e igualmente empolgantes. O refrão, então, é um deleite só! Muitos já sabem, mas sempre vale a pena ressaltar informações como essas: sua letra hilária é uma resposta direta ao guitarrista Dino “Asesino” Cazares (Fear Factory, Divine Heresy), ex-integrante do Brujeria e que atualmente também encabeça o Power Trio Asesino.

O petardo prossegue com “Profecia del Anticristo”, que possui uma levada percussiva e potente. O trabalho de bateria é excelente e os riffs são muito eficientes e cumprem o seu papel com excelência. Na sequência, temos a porrada “Ángel de la Frontera”, outra canção que já vendo sendo tocada nos shows do grupo. Riffs encorpados ecoam pelos alto-falantes, acompanhados por urros bem encaixados e uma cozinha potente de baixo e bateria. Também temos um refrão de fácil assimilação e um trecho totalmente atmosférico.

Dando continuidade ao trabalho, temos avassaladora “Plata o Plomo”, que ganhou um videoclipe promocional que apresenta violência gráfica extrema e verídica, bem nos moldes das capas dos primeiros registros da banda.  Um sample de uma matéria de noticiário televisivo antecede a composição. Assim que a criativa introdução se encerra, meus amigos, o caos invade os alto-falantes mais uma vez: instrumental pesadíssimo e irrepreensível, groove matador e um refrão grudento são as armas de Juan Brujo e seu clã de degenerados. Em suma, uma canção que já nasceu um clássico. Baita som!


Para os saudosistas dos primórdios da banda, temos uma composição que tem exatamente essa pegada: “Satongo”! Essa sexta faixa do disco é um verdadeiro tributo aos tempos de Death/Grind da banda e que mesmo sendo uma tremenda paulada, não deixa o groove e o feeling de lado. Outra grande canção que a banda já vem executando em suas apresentações ao vivo. Dando sequência ao trabalho, surge “Isla de la Fantasía”, a canção mais curta do álbum. A fúria do grupo jamais se cessa e a banda entrega mais uma porrada visceral e muito bem feita.

Grooveada e viciante, “Bruja” foi uma das primeiras músicas do novo disco a ser divulgada na Internet. Seu riff principal é simples e extremamente eficiente, ficando na mente do ouvinte sem muito esforço e mais importante, exala a atmosfera que o som exige. Com certeza é um dos grandes destaques da obra. Lançada anteriormente como single em 2014, meses antes da Copa do Mundo FIFA, “Mexico Campeón” é uma composição energética e divertidíssima cuja qualidade se equivale a todas as outras faixas do álbum.  

Temos também “Culpan la Mujer”, que é uma ótima faixa e não deve em nada as anteriores, entregando exatamente aquilo que o Brujeria sabe fazer de melhor: som pesado com variações criativas e muito groove. Em seguida, é a vez de “Codigos”. Seu trecho inicial lembra um pouco os minutos finais de “Ritmos Satánicos” (música do segundo álbum da banda, "Raza Odiada", de 1995), com Juan narrando uma introdução, acompanhado por um arranjo de guitarra. Pouco depois, toda a banda entra em cena. Nessa música temos variações de andamento interessantes, pra variar, bastante peso nas seis cordas, é claro, além de partes climáticas. 

Para finalizar esse álbum que foi tão aguardado por seus apreciadores, os “greñudos locos” entregam mais duas faixas sensacionais e que anteriormente haviam sido lançadas apenas como singles. “Debilador”, a penúltima música, é um verdadeiro arregaço! Viciante até dizer chega, conta com um riff principal sujo e que materializa musicalmente o que o Brujeria é. O groove próximo ao fim da composição é inquietante e fará todos banguearem incessantemente. Já a última faixa, nada mais é que “California Über Aztlan”, uma releitura sensacional e com a letra alterada para “California Über Alles”, do Dead Kennedys. Aliás, vale a pena relembrar que o próprio Jello Biafra já foi integrante do Brujeria bem nos primórdios da banda. Uma grande homenagem a esse clássico do Hardcore Punk mundial, que encerra o álbum da forma que ele merece, com qualidade indiscutível. 

Quanto mais tempo uma banda veterana fica sem lançar um material de inéditas, mais os fãs especulam se o resultado será algo realmente positivo e ainda que dezesseis anos seja um período muito longo, o Brujeria obteve um êxito em tanto com “Pocho Aztlan”. Trata-se de um disco genial, que mescla elementos de todas as fases da banda de forma madura e inteligente, agradando gregos e troianos.  Mais um grande disco dos músicos e claro, mais um lançamento de peso (literalmente!) desse ano tão produtivo.




Integrantes:
Juan Brujo (vocal)
Fantama (vocal)
Pinche Peach (samples/vocais de apoio)
Pititis (vocal/guitarra/vocal de apoio)
El Cynico (baixo/vocal)
Hongo (guitarra)

Convidados:
Juan Ramón Rufino Ramos (narração - faixa 1)
Hongo Jr. (bateria - faixa 1 a 11)
El Podrido (bateria - faixas 12 e 13)
El Embrujado (composição - faixa 1)
A Kuerno (composição - faixas 9 e 10)

Faixas:
1. Pocho Aztlan
2. No Aceptan Imitaciones 
3. Profecía del Anticristo 
4. Ángel de la Frontera
5. Plata o Plomo
6. Satongo
7. Isla de la Fantasía 
8. Bruja 
9. México Campeón 
10. Culpan la Mujer 
11. Códigos 
12. Debilador 
13. California Über Aztlan (Dead Kennedys cover)

Por David Torres
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