Lançamento: Rage - "The Devil Strikes Again" (2016)


Após quatro anos desde seu último lançamento, o Rage esta de volta com significativa troca no lineup: o virtuoso Viktor Smolski e o competente André Hilgers dão lugar a Marcos Rodriguez e Vassilios Maniatopoulos, respectivamente. Estando familiarizado com o modus operandi do criador, baixista e vocalista da banda, Peter “Peavy” Wagner, tinha certeza então que a troca dos membros significaria também em uma mudança de ares e na abordagem musical do Rage, e eu estava certo. The Devil Strikes Again, play de número 21 na extensa discografia dos Alemães (sim, VINTE E UM ÁLBUMS. O Rage tem mais bolachas lançadas do que você pegou de mulher na vida, lide com isso) foi lançado via Nuclear Blast no último dia 10 de junho e mostra um Rage revigorado, mas ao mesmo tempo reciclado. Explico.

The Devil Strikes Again é um álbum que tenta resgatar a era de ouro do Rage na década de 1990 que todos amam, ou ao menos respeitam, e o faz com músicas mais rápidas, diretas e agressivas do que foi adotado em seus antecessores. Enquanto isso tudo parece maravilhoso, me parece no entanto que a habilidade de Peavy de criar ótimas letras se foi faz tempo e não há indícios de voltar, então há uma abundância de músicas basicamente genéricas – ainda que extremamente cativantes e grudentas – como “My Way”, “Back on Track” e “Deaf, Dumb and Blind”. Mas, claro, nem só de encheção de linguiça vive o trabalho. Há sim muitas similaridades em The Devil Strikes Again com os dias melhores da banda, como na faixa título, que possui uma vibrante introdução e boa explosão nos riffs, muito parecidos com a abordagem vista em Black In Mind, “The Final Curtain” que poderia figurar facilmente em End of All Days, e pequenos flashes de Trapped! com “Spirits of the Night” e “The Dark Side of the Sun”, principalmente nos riffs e atmosfera de ambas as faixas. O que fica claro aqui é que Marcos Rodriguez é definitivamente um fã de longa data do Rage (inclusive, sua banda principal antes do Rage chamava-se Soundchaser, nome de um dos álbums dos Alemães) e faz um bom esforço em emular um trabalho de guitarra mais visceral e direto, mas sem perder a virtuose - características de Manni Schmidt enquanto guitarrista do Rage na década de 1990 – em substituição aos riffs mais melódicos, repletos de camadas e com muitas transições de pedal executados por Smolski em seu tempo com a banda. Vassilios também injeta uma boa dose de energia e consegue acompanhar o ritmo de seus companheiros sem maiores problemas.

Em suma, The Devil Strikes Again é uma mistura de ótimas músicas e outras nem tanto, mas fico muito feliz em ver Peavy tentando retornar à suas idéias dos anos 1990, época considerada por muitos fãs e críticos como a melhor de sua carreira. Provavelmente vão ser necessárias mais várias tentativas até que o careca barbudo e seus companheiros consigam equiparar aquele nível técnico e musical (isso é, se conseguirem), mas esse “novo” e polido Rage esta definitivamente voltando aos trilhos. Recomendo.



Integrantes:

Peter "Peavy" Wagner (vocal e baixo)
Vassilios "Lucky" Maniatopoulos (bateria)
Marcos Rodríguez (guitarra)

Faixas:

 1. The Devil Strikes Again
 2. My Way
 3. Back on Track
 4. The Final Curtain
 5. War
 6. Ocean Full of Tears
 7. Deaf, Dumb and Blind
 8. Spirits of the Night
 9. Times of Darkness
10. The Dark Side of the Sun

por Bruno Medeiros

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