Estamos chegando na quarta parte desta série e obviamente, não poderia deixar de mencionar uma das mais bem sucedidas bandas pertencentes a nova safra. O Angelus Apatrida é original da Espanha e com uma discografia consistente, formada por 5 ótimos trabalhos, é um dos nomes de maior prestígio atualmente no estilo.
Entre todas as bandas que fizeram parte da série até o momento (Havok, Woslom e Ultra-Violence), confesso que escolher apenas um disco entre os cinco lançados pelo quarteto natural da cidade de Albacete, foi uma tarefa das mais difíceis, já que em todos os outros casos, tínhamos um registro que nitidamente se destacava dos demais e no caso do Angelus, até mesmo os fãs se dividem na escolha de seu favorito. Isso mostra o equilíbrio e a capacidade do grupo em tecer obras homogêneas e acima de tudo, competentes.
Optei pelo último álbum da banda, o excelente "Hidden Evolution", porém "The Call" (2012) ou "Give 'Em War" (2007), poderiam estar nesta posição tranquilamente. A escolha foi simplesmente pelo fato de que neste mais recente disco, todas as características que mais marcaram a musicalidade do Angelus Apatrida aparecem em abundância, além disso, as composições são extremamente pegajosas e é claro, de um nível altíssimo de qualidade.
Musicalmente, o que escutamos em "Hidden Evolution", são canções tipicamente Thrash, mas aquele Thrash mais lapidado e cheio de composições trabalhadas, tecnicamente impecáveis e com riffs e refrões grudentos. Há muita diversidade rítmica e as músicas são bem distintas umas das outras, nada de novo, porém tudo extremamente bem feito e executado de maneira muito competente.
Ao descrever a sonoridade da banda neste álbum, aparentemente os amigos leitores podem pensar que se trata de mais um grupo genérico, porém este é um erro imperdoável. Executar clichês é algo natural, porém apresentá-los de uma maneira convincente ao ponto de fazer com que um disco "mais do mesmo" se torne simplesmente indispensável em suas audições no dia a dia, é uma arte para poucos e o Angelus Apatrida faz isso com perfeição.
Diversos momentos do trabalho poderiam ser destacados, porém nestas quatro faixas abaixo, estão presentes todas as características que resumem a sonoridade da banda. São elas:
"Immortal": Dizem que toda faixa de abertura deve ser impactante e aqui, os espanhóis levaram este dito ao pé da letra. "Immortal" é a típica canção de Thrash Metal, andamento acelerado, agressiva, refrão marcante e ótimo solo, provavelmente um clássico da banda no futuro.
"Tug Of War": Composição bem variada, com um trabalho de primeira dos dois guitarristas, Guillermo Izquierdo e David G. Álvarez. Passagens mais cadenciadas e o melhor refrão do disco.
"Serpents On Parade": Totalmente Speed Metal e detentora do riff mais marcante do álbum, esta é a música feita para banguear. Destaque total para o baterista Víctor Valera, com linhas fantásticas e uma precisão impressionante.
"Hidden Evolution": a canção título é a mais trabalhada, com maior número de variações rítmicas e também a de maior duração, quase 9 minutos. Uma composição épica e que apesar das mudanças de andamento, possui um refrão dos mais impactantes.
Este é um daqueles registros em que cada a audição, as músicas ficam melhores, aliás, todos os trabalhos do Angelus Apatrida possuem essa qualidade. Para aqueles que não conhecem a banda e querem começar de algum ponto, recomendo a audição de "Hidden Evolution", por repetidas vezes e de preferência, com a máxima atenção.
Na sequência da série, voltaremos a tratar de uma banda brasileira que possui apenas um registro em estúdio, porém é certamente um dos melhores que ouvi nos últimos anos. Continua...
Integrantes:
Víctor Valera (bateria)
José J. Izquierdo (baixo e vocal)
Guillermo Izquierdo (guitarra)
David G. Álvarez (guitarra)
Faixas:
1. Immortal
2. First World Of Terror
3. Architects
4. Tug Of War
5. Serpents On Parade
6. Wanderers Forever
7. End Man
8. Speed Of Light
9. I Owe You Nothing
10. Hidden Evolution
por Fabio Reis
