Uma banda com uma obra tão curta e tão relevante para a história do heavy metal. No todo, esses franceses lançaram apenas 2 EPs, 1 single e 1 full lenght, entretanto, não há o que retocar na obra dos caras.
No início dos anos 80, no auge das ondas heavy metal e NWOBHM, o mundo já se deliciava com essa vertente que considero o embrião dos glamourosos Thrash Metal e Death Metal, o Speed Metal.
Um sem número de bandas mundo afora, inspiradas em Judas Priest, Iron Maiden e Motörhead, começavam a fazer um som mais rápido, violento e visceral; com vocais mais rasgados, duelos de guitarras e bateria portentosa e com o baixo num volume um pouco mais ameno que os de bandas do classic blues rock, o que viria a encantar aqueles de minha geração e continuou encantando gerações futuras até os dias de hoje.
É no Speed metal onde se encontra o maior número de bandas de quilate ímpar no quesito originalidade, tanto que até as mais consagradas utilizaram abundantemente os recursos shred, não iniciados, mas firmados nos primeiros anos da década de ouro.
A França talvez seja a escola menos considerada e mais subestimada dentre todas que habitaram e habitam esse minúsculo e pálido ponto azul situado nos confins marginais de nossa galáxia, a Via Láctea. Tudo isso por conta de, na maioria dos casos, as bandas insistentemente relevarem sua língua pátria em detrimento ao industrializado inglês, mesmo correndo o risco de serem enclausuradas nos porões do underground, tendo como crime julgado a heresia marsellaise.
Quem lucra com isso são os próprios franceses, por gozarem de uma exclusividade quase única e um incontável número de fanáticos por bandas que potencializam suas origens, mesmo parecendo alguns poucos gatos pingados, e eu me incluo nessa confraria da valorização da cultura continental preservada.
Putaqueupariu, fils de pute! Como é difícil (pra mim) construir uma resenha compacta. Meu negócio é textão, é contar história, é deflagrar a informação o mais completa possível.
Coup de Metal é o EPerfeição dessa ametista francesa, uma joia rara de inesgotável quilate. O álbum inicia com a faixa homônima à banda e nela tem de tudo: Velocidade, empolgação, virtuosismo, harmonia, originalidade e modernidade para os padrões da época. Uma verdadeira bicuda na ponta do queixo.
"Dans les Griffes D'Attila" vem a seguir. Um heavizão robusto, a la Judas Priest, onde o vocalista Didier Izard utiliza de uma gama poucas vezes vista de recursos, com sua voz esganiçada e seu arsenal de agudos ensurdecedores.
"Chasseur de Frime" é um speedzão bem no estilo Accept em "Fast is a Shark". Muita velocidade, guitarras encaixadíssimas e uma cozinha tão bem elaborada que se torna incrível imaginar que seja fruto de um trabalho debutante. Coisa linda demais. Izard detona novamente, do início ao fim e seu berro estridente no final é coisa extraterrestre.
A faixa 4 é "Le Loup", uma canção instigante, uma balada vigorosíssima, bem NWOBHM, só que cantada em francês. Verdadeiramente um álbum que só cresce a cada canção.
E vem "Condamné à Mort", outra canção de pegajosidade viscosa. Muito peso, muita velocidade, todos em perfeita sincronia. Riffs e solos cortantes como navalha. Uma música que beira a perfeição.
"Condamné à Mort" beira a perfeição porque ela, apesar de mais veloz e impactante, esbarra na virtuose da última faixa, a que dá título ao EP. A imponência apresentada leva "Coup de Metal" à perfeição. Uma música completa, um hino, tudo aquilo que pode diagnosticar uma obra como magnânima. Tão perfeita que leva os ouvintes às lágrimas e arrepios. A tradução de tudo o que representa o heavy metal para os seus verdadeiros amantes.
Tudo isso na língua mãe dos caras. Tout en français!
Integrantes:
Philippe Garcia (baixo)
Gerard Michel (bateria)
Armando Ferreira (guitarra)
Christian Martin (guitarra)
Didier Izard (vocal)
Faixas:
1. H-Bomb
2. Dans les Griffes D'Attila
3. Chasseur de Frime
4. Le Loup
5. Condamné à Mort
6. Coup de Metal
por Luis Henrique Campos