Mob Rules – “Tales From Beyond” (2016)



Lembro quando tinha uns 10 ou 11 anos e escutei pela primeira vez Savage Land: o play explodiu minha mente e eu escutei aquele álbum sem parar por uns 3 dias, me tornando um fã instantâneo do Mob Rules. Era a época de ouro do Euro Power Metal e aquele pedaço de plástico em forma de disco representava exatamente a magia do gênero, e eu sempre respeitei esses alemães por serem uma parte tão importante da minha educação musical. Mob Rules é uma daquelas bandas que nunca lançou exatamente uma obra-prima, mas também nunca lançou um álbum ruim; Sempre regular, chegaram a 20 anos de carreira em 2014 e continuam a meter o pé no acelerador sem dó até hoje. Depois de um bom ultimo trabalho com Cannibal Nation, Klaus Dirks, Matthias Mineur e companhia apostaram alto com Tales From Beyond, nono álbum de estúdio dos alemães. 

Curiosamente, o Mob Rules aposta num som característico mas intercambiável ao mesmo tempo, provando que quando uma banda realmente ama o que faz o resultado pode ser ótimo, e com Tales From Beyond a história não é diferente. O álbum começa quase numa pegada “Maiden-esca”, com “Dykemaster’s Tale”: a poderosa, mas leve introdução explode num riff animal acompanhado de um ótimo ritmo de bateria com pedal único e linhas vocais marcantes nos quase 9 minutos de música. O refrão também apresenta aqueles coros característicos que os alemães são tão conhecidos por fazerem bem. Depois de um bom começo, uma introdução com gaita de fole abre o caminho para "Somerled", mais uma canção épica, com especial atenção à voz de Klaus e da bela combinação guitarra-teclado que dá uma sensação galopante à música.

"Signs" deixa um pouco à desejar, mas acaba servindo como uma boa ponte para a melhor música do álbum, na minha opinião, "On the Edge": mais cadenciada, com um arranjo brilhante e composição leve. "My Kingdom Come" - que já apareceu em 2014 na compilação Timekeeper - começa com uma estranha semelhança “Avalon" do Gamma Ray, "The Healer" e "Dust of Vengeance" mantêm o alto padrão do play. A faixa-título, dividida em três, segue na sequência: "Through the Eye of the Storm", "A Mirror Inside" e "Science Save Me!" formando "A Tale From Beyond", que pode ser vista facilmente como uma espécie de epítome da carreira do Mob Rules. Digo isso porque a sequência tem religiosamente tudo o que fez da banda o que é hoje: letras muito inteligentes, de composições fluidas, passagens emocionais (ainda que despretensiosas), riffs cativantes, musicalidade prolífica e identidade única. Embora não tão fortes como as clássicas "Sun Serenade, Opus I, II", "Savage Land I, II, III" ou até mesmo “The Oswald File", "A Tale From Beyond" faz um bom trabalho vivendo às expectativas. Há uma faixa bônus na versão digipack do álbum, "Outer Space", que poderia ser facilmente encaixada em qualquer parte do álbum e não merecia ser chamada de "bônus". Com um bom arranjo e um refrão grudento, termina o álbum da mesma forma que começou: em alta qualidade.

Um grande trabalho por uma banda criminosamente ignorada, Tales From Beyond não só vai satisfazer suas necessidades como fã de Power Metal, como também elevar o nível pra todos os próximos lançamentos no gênero esse ano. Bem trabalhado, cheio de nuances e muito divertido, o álbum com certeza vai acabar figurando entre os favoritos para os fãs da banda. Isso aqui é o Power Metal no seu melhor, compre.





por Bruno Medeiros
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