Declínio e Renovação no Metal (Parte 1)


Como um acompanhador assíduo de tudo o que é referente ao Metal, todos os dias me deparo com lançamentos e mais lançamentos dos mais variados subgêneros e das partes mais distintas do globo. Sendo um bom observador, o que vem me chamando a atenção ultimamente, é um fenômeno, de certa forma novo, que ocorre há alguns anos e vem sendo responsável pela aparição de nomes provenientes da nova geração, com tanta qualidade e características tão específicas, que acaba sendo impossível não traçar comparações com bandas já consagradas e suas carreiras já não tão relevantes como já foram em seus dias de glória.

Seja no Power Metal, Thrash Metal, Heavy Tradicional ou qualquer outro estilo, a grande verdade é que muitos dos ícones e medalhões máximos (não todos, que fique BEM claro), estão se encaminhando ou já se encontram em final de carreira. 

Grande parte deles, vem lançando trabalhos que, de certa forma, acabam por decepcionar ou simplesmente não empolgar mais como antes. Isso se deve ao longo tempo de estrada e ao cansaço natural propiciado pela idade avançada, o pique não é mais o mesmo, muito menos o ânimo e a gana de lançar um registro realmente importante.

Na contrapartida, após a enxurrada de ótimas bandas que despontaram nos 80's, nunca (repito, NUNCA!) tivemos uma nova safra tão afiada e promissora quanto esta atual. Nomes realmente muito bons, com sonoridades bem definidas, ótima técnica e o melhor de tudo: Lançando álbuns excepcionais.

Analisando friamente, temos dois grupos que se formam, de um lado os veteranos, que se aproximam do fim de suas jornadas na música, com carreiras sólidas e grandes momentos que ficaram no passado, mas que devem ser reverenciados e jamais esquecidos. Hoje, ostentam nomes de peso e são os grandes pilares de sustentação dos estilos por eles mesmos criados. Por outro, temos as novas bandas, cheias de vigor, com anos e anos ainda pela frente e lançando ótimos trabalhos, tentando assim, firmar-se no disputado mercado da música pesada e já obtendo um destaque momentâneo por suas atuais condições criativas.

Há alguns anos atrás seria impossível, a meu ver, pensar em bandas que pudessem suprimir a falta que gigantes incontestáveis do Metal iriam fazer quando o tempo de suas aposentadorias chegasse. Hoje em dia, ao menos em termos de QUALIDADE musical, me sinto confiante e seguro ao afirmar que existem bons grupos, capazes de representar o Heavy Metal de forma digna. 

O grande problema se dá quando pensamos no fator dinheiro. As bandas que tiveram seus ápices, do início da década de 80 até meados dos anos 90, se tornaram verdadeiras máquinas de ganhar dinheiro, monstros em termos de marketing. O Metal teve um pico de popularidade inigualável nesta época e grupos como Metallica, Iron Maiden e tantas outras, elevaram suas condições de forma a se tornarem empresas multimilionárias. 

Não creio que tal pico se repita e por mais que as novas bandas, possuam qualidades de sobra em termos musicais, dificilmente conseguirão "substituir" os veteranos no quesito POPULARIDADE. Acho inconcebível acreditar que uma banda que inicia atividades nos dias de hoje, consiga equiparar-se com a grandeza de um KISS por exemplo.

O Heavy Metal me parece ter voltado a ser um estilo musical pertencente ao underground, as exceções ficam por conta dos gigantes já consagrados, mas generalizando, possui um público muito específico e fiel, que sem o apoio da grande mídia, dificilmente atingirá a grande massa consumidora. Se tomarmos este pensamento como uma realidade, temos uma situação totalmente nova por se iniciar. 

Vou citar aqui apenas um exemplo, os alemães do Blind Guardian, que são uma referência no Power Metal devido aos seus álbuns que marcaram época no passado, este ano lançaram o seu novo registro, o fraquíssimo, na minha opinião, "Beyond the Red Mirror". O trabalho teve grande repercussão por se tratar de um grupo extremamente conceituado, sendo amplamente divulgado e elevando o disco a condição de bem sucedido comercialmente. Na contramão, os também alemães do Orden Ogan, uma das melhores bandas do Power Metal da atualidade, lançaram o excepcional "Ravenhead", que passou despercebido pela grande maioria dos Bangers, simplesmente por que a banda não possui o mesmo trabalho de marketing eficaz e não ostenta um nome tradicional na cena. 

É claro que o Blind Guardian ainda possui alguns bons anos de carreira, mas colocando como uma hipótese, se a banda não estivesse em atividade e portanto, jamais lançado "Beyond the Red Mirror", o tratamento ao novo registro do Orden Ogan teria sido diferenciado? Ou as pessoas simplesmente se acostumaram a esperar os lançamentos das mesmas bandas de sempre e engolir goela a baixo, independente de quão bom seja?

Comparei os dois grupos, simplesmente por serem de um mesmo estilo, terem lançado seus respectivos álbuns no mesmo ano, serem do mesmo país e servirem exatamente como parâmetro do que vem acontecendo em um âmbito geral. Uma banda veterana em declínio e uma mais nova em ascensão. 

Acredito, que com a iminência dos grandes ícones estarem a poucos passos de ir jogar golf e curtir férias com suas famílias (leia-se, se aposentar), o público headbanger precisa se conscientizar que precisará se reeducar e sair de sua zona de conforto. Isto quer dizer, parar de encarar o atual momento de algumas bandas como se estivesse a 20 anos atrás e as mesmas estivessem em seu auge e ao menos TENTAR vislumbrar o horizonte a sua frente.

Black Sabbath e Judas Priest não vão durar para sempre, já dão nítidos sinais de cansaço e exaustão. Temos excelentes bandas que podem representá-los dignamente (NÃO SUBSTITUÍ-LOS por favor!). Sem o apelo comercial que estes gigantes possuem, a nova safra vai depender e muito de um público realmente interessado, que busque conhecer e se inteirar sobre as novidades. O Metal nunca esteve tão forte, porém nunca esteve tão próximo de perder uma GRANDE PARTE de seus maiores expoentes. Pensem nisso!

Observação a fim de evitar "mimimi's" desnecessários: 



A crítica ao disco novo do Blind Guardian é apenas um EXEMPLO e uma opinião pessoal minha. Respeito quem gostou do álbum. Prestem atenção ao real direcionamento do texto e tenham em mente que o exemplo poderia ser o de QUALQUER álbum de uma banda conceituada e QUALQUER registro de um grupo mais novo. 

Obrigado!

Escrito por Fabio Reis

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