28 anos de visões mórbidas
Realmente o tempo voa. Hoje é o aniversário de 28 anos de um dos mais cultuados álbuns da história do Metal Extremo nacional, “Morbid Visions”, o álbum de estreia do Sepultura. Lançado em 10 de novembro de 1986 através da gravadora Cogumelo Records, o “debut” mantém a mesma linha crua e visceral de som executada pela banda em seu primeiro registro, o clássico EP “Bestial Devastation”, de 1985. O que nós temos aqui é um trabalho calcado no mais genuíno Black/Death Metal, contendo “riffs” e influências evidentes de Thrash Metal. Influenciados diretamente pela sonoridade de bandas como Venom, Hellhammer, Celtic Frost, Kreator, Slayer e Possessed, a banda formada em Belo Horizonte, Minas Gerais foi responsável por conceber um registro que encanta e inspira uma centena de artistas e músicos do Metal Extremo até os dias de hoje. Possuindo uma arte de capa grotescamente genial e que capta muito bem a atmosfera do Black/Death Metal, “Morbid Visions” dá continuidade a temática satânica abordado em “Bestial Devastation”, porém, trazendo composições ainda mais trabalhadas dessa vez.
“Riffs” sujos e infames abrem o disco com a implacável “Morbid Visions”, uma pancada crua e violentíssima que martela os nossos ouvidos impiedosamente com palhetadas ríspidas de Jairo Guedz (esse é o primeiro e único álbum gravado com o guitarrista, que também toca a guitarra solo no EP “Bestial Devastation”) e Max Cavalera, cujos vocais estão rasgadíssimos. Originalmente, as prensagens em vinil continham também uma introdução, apenas batizada como “Intro”, que precedia a faixa título do álbum. Essa introdução era o primeiro movimento de Carl Orff's “Carmina Burana” (“O Fortuna”). Provavelmente, a composição foi eliminada no lançamento do CD devido aos direitos autorais da mesma.
A matadora “Mayhem”, que em português significa “Mutilação”, faz jus ao seu título vil e abominável e massacra tudo e todos com seus “riffs” velozes e pesados, aliados a sempre truculenta bateria de Igor Cavalera, que desde aquela época já demonstrava que teria um futuro brilhante pela frente. Em seguida, é a vez de um dos maiores hinos da carreira da banda: “Troops of Doom”. É importante mencionar que essa é a primeira versão que o Sepultura gravou para esse clássico e seu andamento aqui é mais lento e cadenciado, entretanto, se você pensa que isso dilui o peso e a agressividade do álbum, pense duas vezes, pois estamos diante de um dos maiores feitos da carreira da banda. O “riff” inicial é simples, direto e eficiente, do jeito que tem que ser. O restante da canção não faz por menos, permitindo que cada integrante destrua em seu instrumento.
Mantendo a selvageria intacta, “War” conta com mais uma boa dose de “riffs” poderosos e imundos do início ao fim, contando também com interessantes e bem construídas mudanças de andamento. Por sua vez, a maravilhosamente asquerosa “Crucifixion” se inicia de forma lenta e arrastada e rapidamente abre caminho para mais um ataque de guitarras infernais, acompanhados por um tenebroso desempenho de bateria e vocais urrados e demoníacos. Fenomenal! Já “Show Me the Wrath” é de longe a canção mais moderada do álbum, com um ritmo menos frenético e mais contido que as demais faixas do disco. De qualquer maneira, é novamente uma ótima composição, agregando ainda mais sujeira e podridão para o conjunto da obra.
A furiosa “Funeral Rites” tem um início bastante similar ao de “Troops of Doom”, abrindo de forma cadenciada para rapidamente continuar a chacina e espancar os nossos ouvidos com “riffs” ainda mais imundos e viscerais, bateria ensandecida e urros desvairados. Abrindo com guitarras insanas e “gritantes”, “Empire of the Damned” vem para finalizar esse registro malevolente, brindando a todos com mais um banho de sangue monstruoso, cortesia do infame empenho do quarteto. O final da canção é muito interessante, contando com alucinados urros rasgados proferidos por Max Cavalera, acompanhados por “riffs” intensos que em questão de segundos abrem espaço para um prólogo altamente atmosférico causado pela brilhante e macabra inserção de um trecho de canto gregoriano. Uma ótima maneira de encerrar um álbum tão sujo e diabólico com esse.
Ainda que seja um trabalho novamente calcado nas mesmas referências musicais do EP “Bestial Devastation” e mais uma vez conte com uma produção tosca, bastante precária e aquém de seus trabalhos posteriores, “Morbid Visions” já demonstrava uma evolução considerável dos músicos e é certamente um grande feito não apenas para o Sepultura, como para todo o Metal Extremo mundial.
Lineup:
Max Cavalera (Vocal/Guitarra Rítmica)
Jairo Guedz (Guitarra Solo/”Backing Vocals”)
Paulo Jr. (Baixo)
Igor Cavalera (Bateria)
Tracklist:
01. Morbid Visions
02. Mayhem
03. Troops of Doom
04. War
05. Crucifixion
06. Show Me the Wrath
07. Funeral Rites
08. Empire of the Damned