É assustador pensar na quantidade de subgêneros que temos dentro do Heavy Metal. Partindo do Heavy Tradicional, passando pelo Thrash, Death, Power, Prog, Speed, Black e tantos outros, temos uma infinidade de bandas tocando um mesmo subgênero, ficaria bem difícil diferenciar a sonoridade umas das outras dentro de determinado estilo, se não fosse por uma importante palavra: IDENTIDADE.
Imaginem se existissem regras bem estabelecidas para ditar como todas as bandas de Thrash Metal, por exemplo, deveriam compor suas músicas, uma espécie de fórmula mágica a ser seguida. Os grupos iriam soar como clones uns dos outros e teríamos sonoridades genéricas sem nenhum diferencial. Num quadro como este, certamente o Metal seria menos atraente e apaixonante.
Felizmente, a música é livre e não possui tais regras, os limites são os da criatividade de cada banda e os estilos surgiram para nos ajudar a identificar grupos de bandas que possuem semelhanças em sua forma de tocar e compor. Para ilustrar, vou citar o Exodus e o Slayer, as duas são classificadas como pertencentes ao Thrash Metal por uma série de características em comum, porém se diferenciam por possuir uma IDENTIDADE musical única.
Vou usar mais alguns exemplos que servirão para mostrar a importância de se ter um estilo de composição e criação. Para isso, vou classificar as bandas em 3 grupos: As Originais desde o princípio, as que criaram a sua Identidade ao longo dos anos e as Genéricas.
Algumas bandas mostram desde os seus primeiros trabalhos, um estilo próprio, cheio de ousadia, inovações e particularidades que as diferenciam umas das outras. Em contrapartida, algumas demoram um certo tempo pra começar a estabelecer características que possam ser definidas como uma identidade de fato.
Muitos grupos fazem grande sucesso e obtém reconhecimento de público e mídia para depois desenvolver realmente a sua musicalidade. Isso é um tanto normal, já que todas as bandas possuem influências e inspirações, é natural que no começo de suas carreiras, as composições acabem seguindo fórmulas de artistas, no qual os integrantes se identifiquem e assim sendo, composição A ou B pode apresentar similaridades com as fórmulas usadas por alguma outra banda.
Inegavelmente temos também aquelas que jamais conseguem ser relevantes e talvez, palavras como “Criar” ou “Não Copiar”, sejam de total desconhecimento de seus integrantes. Soam simplesmente como meras cópias de grupos já reconhecidos e importantes e jamais desenvolvem uma musicalidade própria.
Grande parte dos que possuem originalidade desde o início de suas trajetórias, servem de inspiração e inevitavelmente ganham destaque no cenário mundial. Bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Megadeth, Accept, Mercyful Fate e tantas mais, tem em comum o fato de possuírem uma forte Identidade Musical, que desde seus primeiros registros, as difere de todas as outras, tornando-as únicas.
Por outro lado, grupos como o Sepultura, Kreator e Pantera, tiveram inícios de trajetória em que, apesar de muito competentes, praticavam uma sonoridade que viria a mudar e sofrer metamorfoses até finalmente encontrarem o seu “modus operandi” definitivo.
O Sepultura foi achar o seu estilo próprio apenas em “Chaos AD” e muitos de seus fãs mais antigos e radicais parecem não ter gostado tanto dele, porém é inegável que este foi o trabalho que os diferenciou e colocou definitivamente a banda como destaque no Cenário Metal.
O Kreator foi mudando aos poucos, e a “podreira” maravilhosa dos primeiros álbuns foi se lapidando até que em “Extreme Agression”, encontraram a sua sonoridade definitiva com um Thrash Metal técnico e veloz. Ousaram, mudando drasticamente a sua forma de tocar em uma fase que é considerada pouco proveitosa e que durou uma década (os anos 90), mas acabaram voltando ao estilo que os consagrou e hoje, são uma das maiores referências em se tratando de Thrash Metal.
Talvez a banda que mais mudou na história, tanto no visual dos músicos como também na parte musical foi o Pantera, que teve um início onde praticavam um Hard/Heavy e após o Clássico “Cowboys From Hell”, foram ficando mais extremos a cada lançamento.
Reparem que os grupos que possuem desde o seu ponto de partida, uma alta capacidade criativa e uma Identidade que os diferencia, possuem carreiras retilíneas. Sofrem vez ou outra, alguma crítica mais incisiva, porém basta voltar as suas “raízes” e todos ficam felizes e os problemas se acabam.
Os que desenvolvem um estilo com o passar dos anos, sempre recebem críticas. Muitos não aceitam as mudanças impostas e não gostam dos novos caminhos escolhidos. As taxações são inevitáveis e mesmo se tornando um sucesso e arrebatando muitos fãs serão alvos de insatisfações constantes.
As bandas na maioria das vezes precisam de tempo pra mostrar a sua verdadeira face, mas procurar buscar um diferencial e construir algo que possua uma marca registrada é uma condição de evolução. Que seja nos primeiros acordes ou que demore dez anos, mas a busca por Identidade precisa existir para que o Heavy Metal continue sendo o mais fascinante estilo musical existente.
Escrito por Fabio Reis