Iron Maiden - Somewhere in Time (1986)




Em algum lugar no tempo: Os 28 anos de Somewhere in Time


Há exatos 28 anos, a lenda do Heavy Metal Iron Maiden lançava um de seus registros mais cultuados, “Somewhere in Time”, o sexto álbum de estúdio da carreira dos britânicos e um álbum que apresenta uma sonoridade que se diferencia dos trabalhos anteriores da “Donzela de Ferro”. Gravado nos estúdios Compass Point Studios, em Nassau, nas Bahamas e Wiseeloord Studios, em Hilversum, na Holanda e novamente produzido por Martin Birch (que trabalhou com a banda desde o álbum “Killers”, de 1981 até “Fear of the Dark”, de 1992, quando se aposentou), “Somewhere in Time” foi lançado em 29 de setembro de 1986, através da gravadora EMI Records. Após o lançamento do histórico registro ao vivo “Live After Death”, lançado em um ano antes, em 1985, a banda comandada por Steve Harris decidiu experimentar algo completamente diferente em seu novo disco. Apresentando uma deslumbrante e altamente hipnotizante arte de capa com temática futurística inspirada no clássico filme de ficção científica “Blade Runner – O Caçador de Androides”, de 1982, esse sexto disco de inéditas aposta em uso de sintetizadores pela primeira vez na carreira do Iron Maiden. A incursão desses elementos e o experimentalismo inserido nesse trabalho também dividiu a opinião de alguns fãs mais radicais que preferiam a sonoridade mais direta dos discos anteriores. No álbum de estúdio anterior, o igualmente excelente “Powerslave”, a banda já apresentava um legítimo “divisor de águas” em sua carreira. Ainda assim, com “Somewhere in Time”, o Iron Maiden deu um grande passo adiante, desenvolvendo algo realmente novo à partir daí.


É incrível o clima altamente atmosférico proporcionado nas faixas ao longo do álbum. O ouvinte realmente entra no universo criado pela banda e vivencia toda uma experiência surreal e fantástica assim que a obra se inicia. As primeiras notas da faixa de abertura são altamente cativantes e abrem o álbum de forma estupenda. “Caught Somewhere in Time” é uma grande faixa e é realmente uma pena que tenha sido tocada tão pouco ao vivo, assim como várias outras músicas desse brilhante registro. Logo de cara, o ouvinte percebe que a banda entrega um trabalho mais técnico e experimental, abrindo com uma faixa com um tempo de duração um tanto longo, com pouco mais de sete minutos de duração. E o que nós temos nessa primeira música é um trabalho realmente genial de músicos de primeira linha e que estavam vivendo um de seus melhores períodos. Grandes e pulsantes linhas de baixo, uma dupla de guitarras virtuosíssimas, um grandioso trabalho de bateria e vocais arrasadores ecoam pelos alto-falantes. Sem deixar a qualidade do trabalho cair, temos em seguida aquele que é um dos maiores “singles” e clássicos da carreira da “Donzela”, “Wasted Years”. A faixa já abre com os seus marcantes e grudentos acordes, abrindo caminho para os vocais potentes de Bruce Dickinson. A “cozinha” de baixo e bateria conduzida pelos exímios Steve Harris e Nicko Mc Brain é simplesmente perfeita e as guitarras gêmeas de Adrian Smith e Dave Murray são simplesmente de outro mundo. A faixa ganhou ainda um videoclipe que foi muito veiculado na época de seu lançamento. No videoclipe, a banda explora as modificações de sua carismática mascote, Eddie, “The Head” ao longo das fases da banda.


A ótima “Sea Of Madness” é a terceira faixa do trabalho e apresenta variações de andamento muito bem conduzidas, grandes melodias, um refrão sensacional e um desempenho espetacular de todos os integrantes. Abrindo de forma vagarosa, “Heaven Can Wait” é outro tremendo clássico da carreira dos britânicos. Contando com um espantoso desempenho da “cozinha” encabeçada por Steve Harris e Nicko McBrain, com um magnífico trabalho de guitarras de Dave Murray e Adrian Smith e vocais sempre poderosos de Bruce Dickinson, é uma excelente composição que conta com um andamento empolgante, refrão marcante, variações rítmicas muito bem construídas, além de um coro sensacional próximo aos solos de guitarra na metade da música. Eis que é a vez da espetacular “The Loneliness of the Long Distance Runner”. Novamente abrindo de forma lenta com uma bela introdução de guitarras, a faixa ganha velocidade e peso assim que entra a voz de Dickinson. Novamente trazendo um fantástico refrão, essa quinta faixa é simplesmente irresistível, sendo magistral e empolgante do início ao fim. O baixo de Steve Harris e a bateria de Nicko McBrain rapidamente dão espaço para as guitarras de Dave Murray e Adrian Smith introduzirem outro grande “single” do álbum, a estupenda “Stranger in a Strange Land”. A faixa conta com uma tocante introdução, grandiosas passagens vocais e solos e harmonias de guitarras belíssimas e vertiginosas. Tal qual “Wasted Years”, também ganhou um videoclipe promocional.


A dupla de guitarristas Adrian Smith e Dave Murray introduz a cativante “Déjà Vu”, que se inicia mais uma vez lentamente e em questão de alguns segundos ganha peso e velocidade. Curiosamente, essa sétima faixa é a de menor duração do álbum, contudo, é uma composição igualmente formidável, bem na linha da banda, com um pegajoso e incrivelmente maravilhoso trabalho instrumental, onde mais uma vez cada membro se destaca individualmente. Os vocais de Bruce Dickinson, por sua vez, são um espetáculo à parte, diga-se de passagem. O disco vai chegando ao fim e uma rápida narração dá espaço para a introdução arrebatadora da maravilhosa “Alexander the Great”, a oitava e última faixa do álbum. É realmente impressionante como a banda consegue manter o pique e a criatividade em alta da primeira a última composição do trabalho, mesmo se utilizando de recursos da qual não utilizava até então, como os sintetizadores que aparecem nas faixas. O que se ouve nessa última canção é simplesmente extraordinário. Tudo é assombrosamente bem conduzido e construído: um caprichadíssimo e virtuosíssimo trabalho de guitarras, marcações e linhas portentosas de baixo, desempenho excepcional de bateria e vocais completamente irrepreensíveis. E é com essa épica composição que a banda encerra esse sublime trabalho de estúdio. Existem álbuns que realmente são tão impressionantes que parecem surpreender os ouvintes mesmo após diversas décadas. “Somewhere in Time” é, com certeza, uma obra prima atemporal. Quanto mais você ouve o trabalho criado pela banda, é possível notar elementos diferentes e isso faz com que o ouvinte embarque cada vez mais nessa legítima viagem estereofônica proporcionada pelos músicos da banda. E que essa “viagem” nunca tenha fim!


01. Caught Somewhere in Time
02. Wasted Years
03. Sea Of Madness
04. Heaven Can Wait
05. The Loneliness of the Long Distance Runner
06. Stranger in a Strange Land
07. Déjà Vu
08. Alexander the Great

Bruce Dickinson (Vocal)
Steve Harris (Baixo/“Backing Vocals”)
Adrian Smith (Guitarra/“Backing Vocals”)
Dave Murray (Guitarra)
Nicko McBrain (Bateria)


Escrito por David Torres Dos Santos

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