Impalers - "The Celestial Dictator" (2017)

Evil EyE/Initium

Mundo Metal [ Lançamento ]


Você está acompanhando o crescente avanço do Thrash se espalhando como um rastilho de pólvora nos últimos anos? 
Já ouviu ou curtiu os recentes lançamentos do estilo, de bandas como: Havok, Power Trip, Iron Reagan, Eruption, Skulled, Warbringer, Comaniac, Lich King, etc? 
Em caso afirmativo, tenho uma adição fantástica para sua consideração: "The Celestial Dictator", terceiro full leight dos thrashers dinamarqueses, Impalers.

O álbum contém um Thrash qualificado, técnico e complicado, mas bastante direto e vigoroso, que reflete alguns temas elevados. Qual o custo de esconder a verdade? O que é livre vontade? Qual o significado da sobrevivência contínua da humanidade? O homem é uma praga na terra? A religião tende a corrupção inerente? E quais são as implicações do domínio autoritário?  

O registro traz em seu conteúdo lírico forte inspiração na obra literária de Christopher Hitchens (1949-2011) jornalista, escritor e crítico literário britânico, em especial, a obra "God Is Not Great" (Deus não é grande) uma critica feroz e contundente acerca das religiões abraâmicas. "The Celestial Dictator", trata-se em suma, de um registro conceitual. Abordando sem meias palavras temas e tópicos sociais, políticos e especialmente religiosos, baseia-se na sobrevivência contínua da raça humana em nosso planeta.

No site da gravadora Evil EyE, o vocalista, Soren Crawack, prediz; 
"A Terra é um organismo enorme, complexa e viva, e somos os parasitas que a infestam. É hora de mudar as coisas e também refletir e dialogar. Sinto que criamos a trilha sonora perfeita desse tempo. E mesmo que você não esteja interessado em tudo isso, acredito que a música vai falar por si mesma, e qualquer amante da música rápida e agressiva deve encontrar algo para apreciar aqui."

A banda possui uma sonoridade bem agressiva, mesclando influências das cenas Teutônica, Bay Area e da Costa Leste, tudo injetado na medida certa, executado com muita personalidade e energia revigorantes, trazendo um frescor à um gênero quase "quarentão", o qual, contrariando o que dizem os detratores, não demonstra qualquer sinal de fadiga, seguindo firme e forte.



A arte da capa, a qual reflete com perfeição a temática abordada, ficou a cargo do ilustrador croata, Andrej Bartulovic (Accelerator, Fog of War, Hatchet, Hirax, Satanika) enquanto a produção ficou mais uma vez sob os cuidados de Marco Angioni e seu Death Island Studio. 

Após uma breve introdução, o álbum entra em ação com o golpe técnico de "Terrestrial Demise", repleta de trituração brutal, riffs afiados são descarregados a uma velocidade vertiginosa, coros de gangue selvagens, seguidos de um vocal demoníaco. 

O ataque de "Terrorborn" é chocante, mesmo para os padrões usuais de ferocidade da banda, uma pista divertida, dominada  pela guitarra rítmica de Crawack, perfurando tímpanos desavisados com um riff riscado e apocalíptico e pelo baixo pulsante de Ellefson, seguidos de um coro divertido e memorável, vale a pena também mencionar o trabalho dos tambores assassinos de Rasmus Kjaer.

"Color Me White" não faz nada para diminuir o "blitzkrieg", o que se ouve é um verdadeiro borrão de riffs, seguido de um grito desesperado, no melhor estilo Tom Araya, a letra é cuspida com vigor e ódio venenoso, a banda segue a um ritmo galopante com alguns elementos Punk/Hardcore, uma canção extremamente rígida e sem duvida o melhor momento do álbum. 

Em "Into Doom" a poeira se estabiliza, o ritmo diminui, a distorção é reduzida, trazendo uma estrutura realmente complexa. É uma das minhas faixas favoritas. A canção divide-se em duas partes, a primeira com uma introdução temperamental contendo um vocal "limpo", apoiada por riffs lentos, cruéis e proeminentes de Kenneth Frandsen, enquanto a música acelera aos poucos em um Thrash galopante.



"What Is One" possui uma veia Anthrax, agressiva, porém edificante, com coros de gangue incríveis, parece-me uma versão acelerada e agressiva similar ao material de "For All Kings".

"Sun" encapsula perfeitamente todos os pontos fortes do álbum, riffs pesados e acelerados respaldados por tambores selvagens.
"Believe" é pura urgência e adrenalina, soa como se suas vidas dependessem disso, trazendo à tona as influências germânicas da banda. 

A faiva título possui uma estrutura complexa com diferentes assinaturas de tempo, com as cordas nos brindando com sabores técnicos, progressivos e grandiosos, emergindo como destaque absoluto, em harmonia, junto aos grunhidos “desagradáveis” de Crawack. 

"Antithesis" martela um Thrash enegrecido fechando o registro violentamente com uma explosão teutônica bombástica.


"The Celestial Dictator" possui um tempo de execução quase perfeito, pouco mais de 40 minutos, revelando-se ao final de sua audição um dos álbuns mais consistentes e implacáveis que ouvi este ano. Mostrando uma banda apaixonada pela musica agressiva apresentando melodias diversificadas e engenho instrumental, mesmo sem a ajuda de uma grande produção. 
Uma banda para manter-se atentamente sob o radar. 

Tracklist:

01. Terrestrial Demise
02. Terrorborn
03. Color Me White
04. Into Doom
05. What Is One
06. Sun
07. Believe
08. The Celestial Dictator
09. Antithesis

Lineup:

Soren Crawack - vocal e guitarra (rhythm)
Kenneth Frandsen - baixo
Rasmus Kjaer - bateria
Thomas Carnell - guitarra (lead)

Redigido por Claudio Santos

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