Testament - "Brotherhood of the Snake Tour"

Mundo Metal [ Live Review ]



Dois anos após sua última passagem pelo Brasil, ao lado do Cannibal Corpse, os Thrashers veteranos da Bay Area, Califórnia (EUA) do Testament retornam ao nosso país para promover a turnê de seu mais recente trabalho, "Brotherhood of the Snake", o 11º álbum de estúdio do grupo. Os músicos estadunidenses estão em um momento muito produtivo de sua carreira e a expectativa dos fãs da banda certamente era alta. Em São Paulo, o show foi programado para o último sábado (19), no Carioca Club, localizado na região de Pinheiros. Coincidentemente, o último show da banda aqui em São Paulo também foi realizado nesse local. Ainda que o clima estivesse frio e pouco amigável, engana-se quem pensa que isso impediu uma invejável legião de fãs e apreciadores de comparecerem ao evento.

A abertura da casa ocorreu às 18h e pouco após, teve início a atração de abertura, Circle of Infinity, banda de Death/Black Metal oriunda de Limeira (SP). Edson Moraes (vocal/guitarra), Allan Farias (guitarra), Celsão (baixo) e Alexandre Bento (bateria) realizaram uma apresentação curta, porém muito eficiente e dinâmica, que certamente teve uma resposta positiva por parte do público, em especial aqueles que também apreciam Metal Extremo. O ápice do show dos caras foi quando o frontman Edson Moraes anunciou que prestariam uma homenagem ao eterno Chuck Schuldiner (Death, Control Denied) (R.I.P. 2001) e a banda executa um cover de "Zombie Ritual", clássico obrigatório do Death. 

E então, pouco mais 20h, ovacionados pelo público, Gene Hoglan (bateria), Steve DiGiorgio (baixo), Eric Peterson (guitarra), Alex Skolnick (guitarra) e Chuck Billy (vocal) entram em cena, mandando logo de cara a faixa de abertura de seu novo álbum, a matadora faixa título "Brotherhood of the Snake". Além da performance sempre empolgante e irrepreensível do quinteto, não posso deixar de mencionar o fato de boa parte dos presentes já conhecerem bem as letras do álbum, cantando a plenos pulmões. Na sequência, mandam outra pedrada, a excepcional "More Than Meets the Eye", de "The Formation of Damnation" (2008), música que já se tornou obrigatória em suas apresentações, assim como a música seguinte, "Rise Up", do aclamado "Dark Roots of Earth" (2012). Essa composição já nasceu um hino, não há muito o que dizer. Existe uma dinâmica muito grande quando ela é tocada, em especial quando o sempre carismático frontman Chuck Billy profere "When I say rise up, You say war" e todos os presentes respondem, em uníssono, "War!", em alto e bom som.

O show prossegue com mais duas novas, "The Pale King", que recebeu um videoclipe oficial e a porrada "Centuries of Suffering", música que faz jus a seu título agressivo. Desnecessário dizer que o moshpit já estava comendo solto na pista, não é mesmo? Por sua vez, a clássica e cadenciada "Electric Crown", do álbum "The Ritual" (1992), põe todos a cantar sua letra e refrão grudentos na sequência. Os integrantes fazem uma pequena pausa e Chuck diz que a próxima música é dedicada ao pessoal do moshpit. Sim, senhoras e senhores fanfarrões! É hora de "Into the Pit"! Uma roda generosa se abriu na pista, com todos os presentes agitando incessantemente. Quem estava fora dela, "bangueou" e enlouqueceu da mesma forma, é claro. A destruição continua com "Stronghold", uma das faixas mais legais do novo álbum, seguida da clássica "Low", do álbum homônimo de 1994, que fez muitos "banguearem" sem parar com seus riffs pegajosos e repletos de groove.

Assim que terminam de tocá-la, Chuck menciona que São Paulo é sempre um lugar especial para a banda e indaga ao público se todos ainda estão praticando o que pregam. Exatamente, havia chegado o momento da clássica "Practice What You Preach", do álbum homônimo de 1989. O moshpit simplesmente não tinha fim, ainda mais que outro hino da banda foi tocado na sequência, "The New Order", do clássico disco de mesmo nome lançado em 1988. Depois dessas duas pedradas obrigatórias, o vocalista deixa o palco por alguns minutos para os instrumentistas da banda tocarem a excelente instrumental "Urotsukidôji", do álbum "Low". Esse foi, de longe, o momento de maior tranquilidade do show, uma vez que todos os presentes pararam para assistir a virtuose repleta de feeling e atmosfera dos quatro músicos. Destaque total para as linhas do baixo monstruoso e pulsante de Steve DiGiorgio, que aliado a bateria do genial Gene Hoglan, forma simplesmente uma das "cozinhas" mais fenomenais do Metal.

A apresentação prossegue com uma trinca matadora de clássicos: "Souls of Black", do álbum homônimo de 1990, "Over the Wall" e "Alone in the Dark", ambas do álbum de estreia "The Legacy" (1987). Sem comentários! O público não deixou barato e se entregou a essa belíssima aula de Thrash Metal, é claro. Antes de executarem "Over the Wall", o grande baterista Gene Hoglan trocou algumas poucas palavras com o público, incentivando, de forma bastante humorada, o público a agitar ainda mais. O bis ficou reservado para outra cacetada obrigatória nos shows do grupo, "Disciples of the Watch", de "The New Order", que encerrou a performance de forma impactante e apoteótica. Ao término da apresentação, Chuck apresentou cada um dos integrantes da banda ao público e agradeceu a todos pela noite especial.

Em poucas palavras, foi uma apresentação realmente destruidora, como já era de se esperar. O Testament é um dos muitos grupos veteranos do Metal que demonstra estar muito vivo, tanto pelos seus novos lançamentos, como pelo seu desempenho ao vivo. Seus músicos esbanjam carisma, sempre interagindo com a plateia, demonstrando que realmente curtem o que fazem e "praticam o que pregam". Que continuem assim pelo tempo que for, pois nós, apreciadores da boa música pesada, agradecemos imensamente. 

Integrantes:

Chuck Billy (vocal)
Alex Skolnick (guitarra)
Eric Peterson (guitarra)
Steve DiGiorgio (baixo)
Gene Hoglan (bateria)

Setlist:

1. Brotherhood of the Snake
2. More Than Meets the Eye
3. Rise Up
4. The Pale King
5. Centuries of Suffering
6. Electric Crown
7. Into the Pit
8. Stronghold
9. Low
10. Practice What You Preach
11. The New Order
12. Urotsukidôji
13. Souls of Black
14. Over the Wall
15. Alone in the Dark

Encore:
16. Disciples of the Watch

Texto e fotos por David "Fanfarrão" Torres

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