Live Review: Gangrena Gasosa & Comunidade Nin-Jitsu

SESC Pompeia - São Paulo – 19/05/2017


Ainda que tenha sido uma sexta-feira chuvosa e marcada por um trânsito caótico, engana-se quem pensa que isso impediu de um público bastante expressivo comparecer a apresentação das bandas Comunidade Nin-Jitsu e Gangrena Gasosa no SESC Pompeia. O que tivemos nessa noite foram duas apresentações muito competentes e energéticas, cada uma de acordo com seu direcionamento musical.

Às 21h20, sobe ao palco a banda gaúcha Comunidade Nin-Jitsu. O grupo é encabeçado por Mano Changes (vocal), Nando Endres (baixo e vocais), Fredi Endres (guitarra e vocais) e Gibão Bertolucci (bateria) e sua musicalidade é caracterizada por mesclar Rock, Reggae, Funk carioca e Rap. Com 22 anos de carreira e 6 álbuns de estúdio, a banda foi muito prestigiada pelo seus fãs, que cantaram e agitaram ao som de músicas como “Não Aguento Mais”, “Merda de Bar”, “Arrastão do Amor”, “Vai Popozuda”, além do medley “Chuva nas Calcinhas” / “Cowboy” e “Na Casa Do Sol”. Também é importante mencionar o final da apresentação do grupo, que contou com uma inusitada e completamente inesperada participação especial do humorista Felipe Torres (Hermes & Renato), que cantou o famoso Funk escrachado “Batida do PM”, além de “Ah eu to sem Erva”, encerrando o show do grupo da forma mais extrovertida possível.

Por sua vez, era bem nítida a impaciência dos fãs do Gangrena Gasosa, que esperavam ansiosamente pela apresentação da única banda de Saravá Metal do planeta. Pois bem! Por volta das 23h, os músicos da banda sobem ao palco, ovacionados por todos. A introdução “Papai vai te matar” literalmente “prepara o terreno” e pouco depois, o vocalista Ângelo Arede (vulgo “Zé Pelintra”) profere o nome da primeira música do setlist, “Se Deus é 10 Satanás é 666”, a faixa de abertura do até então último e homônimo álbum de estúdio lançado em 2011. A partir daí, a loucura – leia-se “trabalhos” -  tiveram início. Uma roda insana tomou conta da pista instantaneamente. Sem perder tempo, a banda emenda com “Black Velho” e com a divertidíssima “Surf Iemanjá”, do matador “Smells like a Tenda Spírita” (2000). Desde já, destaco a excepcional presença de palco do frontman Ângelo Arede. Carismático, inquieto e sempre agitando incessantemente durante toda a apresentação. Impossível não rir enquanto o músico encena ser possuído por entidades enquanto canta e tudo mais.


“Quem gosta de Iron Maiden?”, indaga Angelo, com tom de provocação. Rapidamente, ele anuncia a música seguinte, que não poderia ser outra a não ser a escrachadíssima “Quem Gosta de Iron Meiden Também Gosta de KLB”. Sua letra fez todos os fãs mais xiitas do grupo cantar a plenos pulmões e claro, levou todos os fãs mais ensandecidos de plantão a se arrebentarem no moshpit. Outros clássicos da podreira surgiram na sequência, “Terreiro do Desmanche” e “Welcome to Terreiro”, faixa título do primeiro disco da banda, de 1993. Proporcionando ainda mais devastação e desgraça, “Hardcore Gangrena / D.F.C.” fez todos cantarem o infame coro do “Se fode, D.F.C.! Se fode, D.F.C.!” e claro, a performance tanto da banda como do público foi algo que qualquer entidade “capirotesca” aplaudiria de pé. Moshpit, stage dives e todo tipo de loucura tomou conta do espaço. 

Depois de terem tocado uma enxurrada de clássicos, o grupo executa duas composições que farão parte do vindouro novo álbum, “Carnossauro Diet” e “Vem Nariz”. “Eu Não Entendi Matrix” e sua letra hilária fizeram a festa de todos, assim como “Artimanhas do Catiço”, que foi tocada logo em seguida. A Old School “E.N.T. (Exú Noise Terror)” fez com que todos “tocassem o terror”, assim como a “trinca-ferro” “Matou a Galinha e Foi ao Cinema” / “Afirma Seu Ponto” / “Headbanger Voice”. Nesse momento, o frontman Ângelo pediu para todos abrirem “uma roda de verdade” na pista. O resultado disso foi puro caos, evidentemente! A divertidíssima releitura/paródia do clássico “Beber Até Morrer” (Ratos de Porão), “Benzer Até Morrer”/“Kurimba Ruim”, foi tocada na sequência, para o ânimo de todos que aguardavam pela sua execução. 

O repertório da apresentação teve continuidade com as ótimas “Saravá Metal”, “Terno do Zé” e “Despacho From Hell”. Nessa última, tivemos o clímax da apresentação, é claro, com o vocalista arremessando farofa, pipoca e despachos em tudo e todos, algo de praxe dos shows do Gangrena, para quem não sabe. Para encerrar a performance em grande estilo, o público foi presenteado com “Centro do Pica-pau Amarelo”, “Encosto”, outra composição inédita, “Chuta que é Macumba” e “A Supervia Deseja a Todos uma Boa Viagem”, que serviu como um legítimo boa noite a todos os que compareceram a esse grande evento. É importante ressaltar que a banda anunciou que deverá voltar a São Paulo no próximo semestre, portanto, vamos aguardar!


Não há muito que acrescentar nessas próximas linhas, porém, sucintamente, quem compareceu teve o privilégio de conferir um evento em tanto. O SESC Pompeia está mais uma vez de parabéns. Como sempre, o espaço proporciona grandes apresentações para os públicos dos mais diversos estilos e tribos. Em tempo, que o novo trabalho do Gangrena Gasosa seja lançado logo e que a banda realmente retorne para cá o mais breve possível!

Integrantes:

Zé Pelintra (Ângelo) (vocal) 
Omulu (Jorge Allen) (vocal) 
Exú Caveira (Minoru) (guitarra) 
Exu Tranca (Diego) (baixo) 
Exu Mirim (Renzo) (bateria) 
Pomba Gira (Gê Gaizeu) (percussão) 
Caboclo Sete Flechas (Heitor) (percussão)

Setlist:

01. Papai vai te matar (Intro)
02. Se Deus é 10 Satanás é 666
03. Black Velho
04. Surf Iemanjá
05. Quem Gosta de Iron Meiden Também Gosta de KLB
06. Terreiro do Desmanche
07. Welcome to Terreiro
08. Hardcore Gangrena / D.F.C.
09. Cambonos from Hell
10. Carnossauro Diet
11. Vem Nariz
12. Eu Não Entendi Matrix
13. Artimanhas do Catiço
14. E.N.T. (Exú Noise Terror)
15. Matou a Galinha e Foi ao Cinema / Afirma Seu Ponto / Headbanger Voice
16. Benzer Até Morrer/Kurimba Ruim
17. Saravá Metal
18. Terno do Zé
19. Despacho From Hell
20. Centro do Pica-pau Amarelo
21. Encosto
22. Chuta que é Macumba
23. A Supervia Deseja a Todos uma Boa Viagem


Redigido por David “Fanfarrão” Torres

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