Live Review: Surra - Lançamento do álbum “Tamo Na Merda”


Centro Cultural Zapata - São Paulo - 10/12/2016

Nesse último sábado, 10 de dezembro, o Centro Cultural Zapata, uma casa de shows de São Paulo dedicada a cultura underground, teve o privilégio de prestigiar o lançamento do insano e absolutamente matador primeiro álbum de estúdio do Surra. A banda surgiu em meados de 2004, sob o nome de Like a Texas Murder e após terem concebido dois EP’s e um split, mudaram o nome para Surra. Sob esse nome, produziram 2 EP’s, um bootleg oficial ao vivo, um CD/DVD ao vivo e agora, finalmente um álbum de estúdio, o já aclamado “Tamo Na Merda”. Para celebrar o lançamento desse debut, a festa contou também com as bandas paulistanas Desalmado, Fim do Silêncio e Paura.

Ainda que o evento tivesse previsão de início para cerca de 22h, o mesmo se iniciou por volta das 23h. Aos poucos, a casa foi enchendo e assim teve o início da primeira atração da noite, Desalmado. Os músicos executam um Grindcore vigoroso e irrepreensível e possuem, até o momento em sua pequena, porém invejável discografia, dois EP’s, um split e um álbum de estúdio. O show da banda é realmente uma avalanche antimusical da melhor espécie, um prato cheio para fãs de pérolas da “podreira” como Napalm Death, Extreme Noise Terror, Terrorizer, Venomous Concept e afins. O moshpit comeu solto em pauladas como “Todos Vão Morrer”, “Massacre Civil”, “Humanos” e “Homicida” e a banda, encabeçada por Caio Augusttus (vocal), Estevam Romera (guitarra), Bruno Leandro (baixo) e Ricardo Nutzmann (bateria) simplesmente detonou durante todo o set. É muito interessante ver como as composições da banda soam ainda mais furiosas ao vivo. Uma tremenda forma de começar o evento! No final da apresentação, o vocalista Caio Augusttus agradeceu a todos os presentes, além das bandas. Um momento bastante engraçado e marcante foi quando ele e muitos dos presentes fizeram uma brincadeira com o Surra, mandando a banda literalmente para “aquele lugar”.


Algum tempo depois, foi a vez do Fim do Silêncio subir ao palco e mandar o seu Hardcore muito respeitado no meio independente. A banda, que conta com dois vocalistas, realizou uma apresentação igualmente violenta e sem frescuras. Músicas como “Devolvendo a Cor Palidez”, “Punhos Cerrados” e “Marreta” – que contou com a participação de Fábio Prandini (Paura) nos vocais – , fizeram muitos presentes agitarem insanamente. Passa algum tempo e entra em cena o Paura, um dos nomes mais respeitados do Hardcore nacional. Fábio Prandini (vocal), Rogério Rodontaro e Claudinei Ferreira (guitarras), Paulo Demutti (baixo) e João Limeira (bateria) executaram um show de acordo com o naipe da banda, ou seja, uma apresentação intensa e digna de apenas elogios. Sons como “Truth Hits Hard”, “No Hard Feelings!? Fuck You!” e “N.W.A. (Never Walk Alone)” fizeram os presentes devastarem o local, promovendo stage diving a todo instante, além de passos two steps, típicos dos shows de Hardcore e se “quebrando” no mosh. Uma verdadeira aula, como já se espera de uma banda veterana.

E eis que o momento mais aguardado chegou: a apresentação do Surra! O Power Trio Leeo Mesquita (vocal/guitarra), Guilherme Elias (baixo/vocal) e Victor Miranda (bateria) executou um show completamente frenético e destruidor, que contou com verdadeiras pedradas como “Merenda”, “Povo Feito de Imbecil”, “Cubathrash”, além das novas e já bem conhecidas por grande parte do público, como “Não Escolha”, “Embalado pra Vender”, “Tamo Na Merda”, “O Errado e o Certo”, “7 a 1” e “Não tem Boi”. O show se encerrou de forma apoteótica com “Valeu Memo”, porém, o trio ainda questionou ao público se alguém gostaria de subir ao palco e cantar um som com a banda. Eis que um dos presentes aceitou e cantou uma música com o grupo. A interação entre e o público e a banda é algo realmente fantástico. Os presentes cantaram, promoveram rodas insanas no mosh, além de stage divings absurdos e todo tipo de insanidade. A todo instante os músicos da banda também trocavam palavras com o público, buscando passar a sua mensagem no intervalo entre as músicas. Em suma, uma apresentação novamente fantástica e mortal.

Por mais que fosse madrugada e quem compareceu estivesse visivelmente exausto, foi um evento extremamente poderoso e uma experiência pra lá de gratificante tanto para as bandas como para o público em geral. E que 2017 seja um ano ainda mais intenso e produtivo!

Texto e imagens por David Torres
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