NAPALM DEATH: CLASH CLUB

 SÃO PAULO  26/06/2016

Mundo Metal [ Live Review ]



Como prometido pelo vocalista, Mark "Barney" Greenway, na abertura do show do Hatebreed dois anos atrás, os ícones britânicos do Napalm Death aportaram no país com a tour do aclamado, Apex Predator – Easy Meat, décimo sexto álbum dos caras. o show de São Paulo fechou a turnê brasileira da banda, que já havia passado por Limeira, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Manaus e Curitiba.
Pioneiros da musica extrema e caótica, fizeram um dos shows mais aguardados do ano, brindando os aficionados pela musica feia e suja com uma verdadeira aula de Metal Extremo, sem deixar qualquer sombra de duvida que mesmo após 35 anos em atividade, que é uma das bandas mais viscerais e intransigentes em atividade. 

A abertura do evento ficou por conta das bandas Test e Genocídio.

O Duo Test, João Kombi (guitarra e vocal) e Barata (bateria), subiu ao palco pouco após as 19 horas, brindando o publico que ainda era mediano, com sua sonoridade Grindcore/Death bastante peculiar. 
A apresentação durou cerca de 30 minutos e foi baseada nas canções de seu mais recente trabalho, Espécies, lançado ano passado.
Apesar de um pequeno problema técnico o qual muitas bandas estão sujeitas (estourou uma das cordas da guitarra), fizeram uma apresentação absolutamente insana, mesmo tendo visto os caras em ação por diversas vezes me impressiono como apenas dois caras conseguem ser tão ou mais agressivos que muita banda de renome, o Test provou mais uma vez porque é um dos maiores expoentes do Metal Extremo tupiniquim da atualidade.

Na sequencia, foi a vez da banda veterana Genocídio, comemorando 30 anos de atividade, mais uma vez alguns problemas técnicos (dessa vez no telão) atrapalharam e atrasaram o inicio do show, problema esse rapidamente resolvido, mas que deixou o frontman Murilo Leite visivelmente irritado. 
O fato é que isso não atrapalhou e muito menos ofuscou de forma alguma a performance avassaladora da banda, Murillo (vocal e guitarra), Rafael Orsi (guitarra) WPerna (baixo) e Gil Oliveira (bateria) substituindo João Gobo, por motivo de força maior. Os caras apresentaram um setlist de meia hora que contou com faixas obrigatórias tais como "Numbness Sunshine", "Kill Brazil" e "Cloister", além da cover de "Raping The Earth", do Extreme Noise Terror. A banda também presenteou a todos com uma nova faixa, "Requiescat In Pace", que estará presente no novo álbum, previsto para o segundo semestre deste ano, segundo anunciou o próprio Murilo Leite.

Após essas duas ótimas performances, por volta das 21 horas, veio a apresentação que todos ansiosamente esperavam, um dos maiores ícones da música extrema mundial, Napalm Death. 

Shane Emburry (baixo), Danny Herrera (bateria), e o guitarrista John Cooke, que está substituindo Mitch Harris nos shows mais recentes, entram em cena ovacionados pelo publico presente que praticamente lotava a casa, sob a ressonante e ameaçadora introdução para Apex Predator – Easy Meat, surge a presença caótica de Mark “Barney” Greenway, urrando os poucos versos da canção, servindo de amostra ao caos que estava por ser instaurado. 


"Mass Appeal Madness", foi o empurrão que faltava para que o publico começasse um verdadeiro turbilhão furioso de mosh pits e stage divings, que duraria o show inteiro. "On The Brink of Extinction", veio na sequencia, sem descanso, e após essa e o pedido de alguns ajustes no som, Barney se dirige ao público pela primeira vez com um “Ok, aqui estamos novamente! Para quem não sabe, somos o Napalm Death, de Birmingham.”, apresenta o guitarrista John Cooke e também o mais recente álbum Apex Predator – Easy Meat (2015). Na sequencia segue fazendo um dos seus pequenos discursos característicos em apresentações da banda, “De uma forma geral, as coisas que consumimos, como todos sabem, tem um custo. Mas é o custo humano que não é levado em conta, e este é um custo que fica mais alto, e mais alto e mais alto, com o montante de merda que consumimos. Alguma coisa tem que mudar”, em seguida, "Smash A Single Digit" foi anunciada, em dobradinha com matadora "Metaphorically Screw You", ambas do ultimo registro. 

A grooveada "Greed Killing" levou o publico a beira da insanidade, "Unchallenged Hate", destacou o ótimo vocal rasgado de apoio do guitarrista John Cooke, e vale salientar seu excepcional trabalho na guitarra, pois o músico não deixou nada a desejar e supriu com maestria a falta de Mitch Harris. Segue, Everyday Pox, faixa repleta de passagens cadenciadas alternadas com ritmos caóticos.


Barney, anuncia duas faixas tocadas de uma só vez, "Taste The Poison/Next On The List" além de "Cesspits" executadas de forma esmagadora, com um mosh pit incessantemente violento, tendo como pano de fundo um palco constantemente invadido por fãs em stages suicidas. 
O melhor ainda estaria por vir, quando finalmente Barney anuncia a faixa "Scum", com um nada amigável urro, o publico se rende e o caos é instalado de maneira definitiva. 
O publico ainda atordoado e atingido impiedosamente pelo êxtase, recebe o golpe de misericórdia com a execução em sequencia das ultra rápidas, "Life?", "The Kill", "Deiciver", e a obrigatória "You Suffer". 

Antes de executar "Suffer The Children", Barney fez mais um pequeno discurso pontuando sobre a interferência religiosa em nossas vidas, dizendo enfaticamente ”Vamos pontuar de uma forma bem geral, se você pegar a fantasia que é a religião, e você pegar a realidade da vida cotidiana, e você misturar ambos… é um maldito desastre do começo ao fim. Em todo maldito sentido da palavra."


"How The Years Condemn", nova canção da banda é precedida por mais um belo discurso de Barney sobre o quanto todos nós, sem exceção, temos o direito à dignidade e à felicidade, muito além daquele momento presente, sem barreiras estúpidas ou preconceitos. Retreat To Nowhere trouxe outro momento de pancadaria ensandecida, antes das já ansiosamente aguardadas covers de "Lowlife", do Cryptic Slaughter e "Nazi Punks Fuck Off", do Dead Kennedys, essa ultima apresentando um trocadilho muito pertinente que dizia “Nazi Trumps Fuck Off”. 

Barney anuncia as duas últimas faixas do set, não sem antes agradecer a todos que poderia, e carismaticamente devolver um sapato ao um fã que o “perdeu” pelo palco no mar de stage divings.  A sequência final escolhida contou com a dobradinha "Persona Non Grata/ Smear Campaign", que encerrou uma das apresentações mais extremas e esmagadoras que já presenciei da banda.

Integrantes:

Mark “Barney” Greenway (vocal)
Shane Emburry (baixo)
John Cooke (guitarra)
Danny Herrera (bateria)

Setlist:

01 – Apex Predator – Easy Meat (Intro)
02 – Mass Appeal Madness
03 – On The Brink of Extinction
04 – Smash A Single Digit
05 – Metaphorically Screw You
06 – Greed Killing
07 – Unchallenged Hate
08 – Everyday Pox
09 – Taste The Poison/Next On The List
10 – Cesspits
11 – Scum
12 – Life?
13 – The Kill
14 – Deceiver
15 – You Suffer
16 – Suffer The Children
17 – Siege of Power
18 – How The Years Condemn
19 – Retreat To Nowhere
20 – Lowlife (Cryptic Slaughter Cover)
21 – Nazi Punks Fuck Off (Dead Kennedys Cover)
22 – Persona Non Grata/Smear Campaign

Redigido por Claudio Santos 


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