Discos Trintões: Slayer - "Reign In Blood" (1986)


“Reign in blood”. Só de ouvir esse nome, o que vem a mente são  frases como: “Obra prima”, “melhor disco do Slayer”, “melhor disco do Big Four”, e até mesmo “melhor disco de Thrash Metal já lançado”. Alcunhas que não são desproporcionais a obra que gerou o quarteto oriundo de Huntington Park e não há como negar que Tom, Jeff, Kerry e Dave, marcaram época com o terceiro álbum da banda, que alias não era aguardado com bons olhos pelos fãs.

Nos dias de hoje, 30 anos depois de seu lançamento, é quase impossível encontrar um aficionado por Slayer que não idolatre “Reign in blood”, clima bem diferente dos meses que antecederam o seu lançamento. A noticia que o grupo avia trocado a Metal blade records, tradicionalíssima gravadora de Heavy Metal e suas vertentes, pela Def Jam de Rick Rubin, gravadora essa que acreditem, era voltada para o Hip-hop e contava com artistas como Run DMC e Beastie Boys, caiu como uma bomba para os thrashers mais xiitas.

Os fãs tinham medo do Slayer resolver se distanciar de sua musicalidade característica e resolver gravar algo na linha de “Master of Puppets”, lançado meses antes, e fazer um som comercial e mais “digerível” seria imperdoável para aquela que já era intitulada “a banda mais pesada do mundo”.

Tais medos e desconfianças, é claro foram estraçalhados depois do lançamento oficial do álbum, quem achava que a banda seria mais amena se calou nos primeiros 20 segundos do full-length, mais especificamente no icônico grito de Tom na abertura de “Angel of death”.

Jeff e Kerry disseram que a banda na época da gravação, estava ouvindo muito Metallica e Megadeth e decidiram criar composições na direção contraria das duas bandas, ou seja, canções consideravelmente menores e diretas.

O antecessor “Hell awaits”, que tinha duração de 37 minutos e apenas 7 faixas, foi o oposto do que foi apresentado em “Reign in blood”, com 10 faixas e apenas 29 minutos. As letras são mais viscerais e grotescas, além de ter riffs mais velozes e pesados. O tema das canções mostrava uma nova direção, além da produção mais limpa que a do álbum prévio.

Musicalmente, não há o que discutir, o trabalho é absurdamente violento e brutal, merecendo adjetivos como “pedrada”, “porrada” e “destruição sonora”, com honras.


Em 1986 o Slayer definiu novos parâmetros para o Thrash Metal, apostando em uma musicalidade extremamente veloz e ao mesmo tempo incrivelmente pesada, tudo isso feito com uma técnica das mais refinadas. 

A critica especializada e os fãs adoraram, mas a arte da capa e o conteúdo lírico não agradaram a Columbia Records, que se recusou a fazer a distribuição do álbum, fato que atrasou o lançamento em alguns meses. Por fim, a Geffen Records foi quem acabou encarregada da distribuição embora o disco jamais tenha constado em seu catálogo.

Em um trabalho tão uniforme, escolher um destaque não é tarefa fácil, todas as musicas são geniais e fantásticas, mas a abertura e encerramento do álbum se tornaram com o passar dos anos, mais que geniais e passaram a ser hinos do Thrash Metal, “Angel Of Death” e “Raining Blood”, são duas das composições mais icônicas do Slayer e o fato de serem respectivamente, a abertura e o encerramento do álbum, foi uma ótima sacada da banda, a frase “perfeito do inicio ao fim” nunca fez tanto sentido como em Reign in blood”.

Apesar da quase ausência de divulgação pelas rádios e pela grande mídia, este álbum conseguiu atingir a 94ª posição nas paradas norte-americanas e ainda chegou na 47ª posição da parada britânica. Seja pelas boas vendas, seja pelo conteúdo, o registro rivalizou com os grandes lançamentos do ano, como os dos britânicos do Iron Maiden, Judas Priest e Black Sabbath, mas principalmente com seus conterrâneos do Metallica e Megadeath. 

Tanto Jeff Hanneman quanto Tom Araya, já afirmaram que Reign in Blood foi o ápice da banda, para Araya, “Christ illusion”(2006), foi o que chegou mais próximo.
“Reign In blood” definiu novos parâmetros para o Thrash Metal, influenciando uma infinidade de bandas dentro do estilo, mas influenciar “apenas” grande parte das bandas do mesmo estilo era muito pouco para uma obra como esta, então este foi também o disco que influenciou bandas como Death e Possessed, auxiliando na definição dos parâmetros que ocasionaram no nascente do Death Metal. Um verdadeiro marco para a história da música extrema.
Obrigatório!



Integrantes:

Tom Araya (baixo e vocal)
Jeff Hanneman (guitarra)
Kerry King (guitarra) 
Dave Lombardo (bateria)

Faixas:

1. Angel of Death 
2. Piece by Piece 
3. Necrophobic 
4. Altar of Sacrifice 
5. Jesus Saves 
6. Criminally Insane 
7. Reborn 
8. Epidemic 
09. Postmortem 
10. Raining Blood

por Vitor Hugo Quatroque
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