Poucos sabem, mas antes do Mercyful Fate ser consolidado, os integrantes originais King Diamond (vocal), Hank Shermann (Guitarra), Michael Denner (Guitarra) e Timi Hansen (baixo) formaram uma banda chamada Brats. Tal grupo não durou muito e os músicos se dividiram, Denner e Hansen criaram o Danger Zone e depois de algum tempo, pediram a ajuda de King para gravar uma demo tape. Nesta época, King trabalhava em um novo projeto com Hank Shermann e acabou acontecendo um reencontro dos quatro membros do Brats. Com a adição do baterista Kim Ruzz, nascia uma nova e original banda denominada Mercyful Fate.
O lendário grupo dinamarquês foi criado em 1982, na cidade de Copenhague e através de sua musicalidade única, composições intricadas, performances teatrais, vocais inovadores e a temática obscura, se tornou uma das maiores influências para bandas pioneiras do Black Metal, Thrash Metal e demais estilos.
O Mercyful Fate é certamente um dos nomes mais importantes do Metal oitentista, pois além de servir como referência para diversos grupos, concebeu algumas das maiores obras do período. É justamente sobre elas que vamos dissertar nesta trinca de ases, que passa pela primeira fase da banda com os fantásticos e irretocáveis "Melissa" e "Don't Break The Oath", mas dá ênfase ao segundo período do grupo e sua volta triunfal no início dos anos 90, com o não menos pragmático "In The Shadows".
"Melissa" (1983)
Pode-se afirmar que este é um disco formado quase que inteiramente por clássicos do Heavy Metal. Uma verdadeira obra prima do gênero, capaz de conter em um mesmo trabalho, canções como "Evil", "Curse Of The Pharaohs", "Black Funeral", "At The Sound Of The Demon Bell" e a épica "Satan's Fall", com seus mais de 11 minutos de duração e um leque musical único.
O disco marca a estréia da banda na cena e pega carona no sucesso que a NWOBHM fazia, chamando a atenção do mundo todo para as bandas de Metal. O Mercyful Fate se favoreceu com a ascendência do movimento britânico e conseguiu bastante destaque com o seu debut.
"Don't Break The Oath" (1984)
Outro trabalho muito influente e responsável por aumentar ainda mais a popularidade do grupo. Nesta época, além dos vocais de King, os duetos de guitarra executados por Michael Denner e Hank Shermann, se tornaram outro destaque iminente e clássicos do porte de "A Dangerous Meeting", "Nightmare", "Desecration Of Souls", o hino máximo "Come To The Sabbath" e "The Oath", a faixa com a introdução mais assustadora de todos os tempos, elevaram o registro ao status de obra referencial e obrigatória.
Foi nesse período que os desentendimentos entre King Diamond e Hank Shermann afloraram e aos poucos, a convivência dos músicos se tornou insustentável, dessa forma, a banda acabou se dissolvendo e ficou anos paralisada.
"In The Shadows" (1993)
Nada como o tempo para aparar as arestas e foi isso o que ocorreu, anos mais tarde King e Hank se encontraram novamente e perceberam que as mágoas e desentendimentos do passado haviam desaparecido. Nada mais justo que retomar a carreira do Mercyful Fate e a volta não poderia ser em melhor estilo, com o épico "In The Shadows".
Em um cenário bem diferente ao da década de 80 em relação a ascensão do Metal, o disco foi um verdadeira oásis no deserto e trás toda a classe e talento da banda em faixas como "Egypt", "The Bell Witch", "The Old Oak", "Legend Of The Headless Rider", "Is That You, Melissa" e a regravação de "Return Of The Vampire", que conta com a participação especial de Lars Ulrich (Metallica). Sem dúvidas, um dos maiores álbuns dos anos 90.
por Fabio Reis