Parece que foi ontem, mas lá se vão quase 6 anos desde que o trio feminino formado por Fernanda Lira, Prika Amaral e Pitchu Ferraz, invadiu a cena nacional com seu Thrash Metal old school e desde então, vem dividindo as opiniões dos headbangers.
A banda vem em uma ascensão incrível e da mesma forma que coleciona elogios e conquistas importantes, também é criticada por muitos frequentadores do underground brasileiro. Os elogios tratam das ótimas composições que a banda apresentou em seus trabalhos e também fazem menção ao profissionalismo das meninas, enquanto as críticas, em grande parte são relacionadas a teorias de que estão conseguindo visibilidade apenas por serem mulheres e que "queimaram etapas", conquistando um sucesso prematuro, tomando o lugar de grupos que estão a anos batalhando na cena e blá blá blá...
Como podem ver, as críticas tratam muito mais de choradeira infantil do que algo realmente sólido e que merece atenção. Alheias a todas essas histórias, a Nervosa chega ao seu segundo trabalho de estúdio e como era de se esperar, o disco traz aquela musicalidade que já é característica do power trio, um Thrash rápido e agressivo, com ótimas letras e técnica moderada.
"Agony" mostra uma evolução gritante se comparado ao trabalho anterior, o bom "Victim Of Yourself", lançado em 2014 e, principalmente com relação a construção das faixas, a banda se apresenta mais confiante e capaz de executar ritmos diferenciados.
O grande "problema" continua sendo a pouca técnica da guitarrista Prika Amaral, que seria uma boa guitarra base, pois consegue criar linhas interessantes e bons riffs, mas sua falta de intimidade com o instrumento faz com que o álbum tenha uma ausência bem sentida de solos e quando eles aparecem, são extremamente básicos e curtos.
Este fator acaba influenciando negativamente, já que o baixo de Fernanda e principalmente a bateria de Pitchu, demonstram bastante recurso. Talvez fosse o caso de se pensar na adição de mais uma guitarrista, já que Prika é uma integrante bem participativa e também parece ter um papel importante internamente. Independente de como vão lidar com esse revés, o que fica claro é que certamente se a guitarra fosse um pouco mais técnica e requintada, o horizonte musical das meninas iria expandir bastante.
O disco perde um pouco do seu brilho devido a esses motivos, porém é muito longe de ser ruim ou mediano, "Agony" é um ótimo trabalho e diverte desde a primeira faixa. Composições do porte de "Arrogance", "Deception", "Intolerance Means War", "Hostages", "Hypocrisy" e "Devastation", são de extrema competência e apresentam um Thrash ríspido, cru e avassalador.
Ainda destaco a única canção cantada em português no registro, a visceral "Guerra Santa" e a bonus track "Wayfarer", onde Fernanda Lira inicia cantando com vocais limpos, explorando um outro lado que ainda não havia sido mostrado ao público até o momento.
Para aqueles que apostavam numa simples repetição de fórmulas, "Agony" provou ser bem mais do que isso e mesmo com alguns pontos a serem trabalhados para o futuro, o trio se apresenta convincente e mostrando um poder evolutivo bem interessante. Não se trata de um álbum que figurará entre os melhores do ano no gênero, porém vale cada minuto investido na audição, recomendo!
Integrantes:
Fernanda Lira (vocal e baixo)
Prika Amaral (guitarra)
Pitchu Ferraz (bateria)
Faixas:
1. Arrogance
2. Theory of Conspiracy
3. Deception
4. Intolerance Means War
5. Guerra Santa
6. Failed System
7. Hostages
8. Surrounded by Serpents
9. CyberWar
10. Hypocrisy
11. Devastation
12. Wayfarer (bônus)
por Fabio Reis