Indicação: Mastodon - "Blood Mountain" (2006)


Após dois discos excelentes, a estréia com "Reminissions" (2002) e o conceitual "Leviathan" (2004), a banda conseguiu um contrato com uma gravadora grande e teve a chance de se tornar mais comercial e conquistar muitos fãs ao redor do mundo, mas ao invés disso, apostaram em outra mudança em de sonoridade, enveredando para o Progressive Metal.

O Sludge Metal ainda permanece no som dos caras, mas aqui, como um gênero adicional ao Prog Metal, isso fez com que a banda fosse levada mais á sério musicalmente. O que se ouve em "Blood Mountain" é um grupo que se mostra versátil e competente em todos os caminhos em que segue, seja num disco conceitual ou na complexidade de sua música pesada e original.

O álbum começa com uma introdução destruidora do baterista Brann Dailor, que facilmente pode ser citado como um dos melhores e mais versáteis da atualidade!  Em “The Wolf Is Loose” ele domina a faixa com sua velocidade, técnica e feeling, baseando-se no seu estilo jazzístico de tocar. Além da linha de bateria monstruosa, destaca-se também riffs de guitarras que além de criativos e pesados, estão cada vez mais complexos e apresentam nesta faixa, uma mudança de andamento interessante.


Seguimos com “Crystal Skull” que novamente se inicia com as batucadas do mítico baterista do Mastodon e que é interrompida por um riff pesado. Responsável pela abertura, uma participação especial, o vocalista da banda Neurosis (Banda na quais os integrantes do Mastodon são fãs). Aqui tem-se outra faixa com mudanças constantes e viradas de bateria bem pensadas, os riffs são cortantes e o solo um tanto quanto sujo. “Sleeping Giant” dá seqüência ao álbum com uma introdução atmosférica que nos remete a uma psicodelia setentista, porém bem suja, digamos assim. Com riffs de guitarra mais arrastados, trechos acústicos e notas viajantes, “Sleeping Giant” apresenta um lado diferente da banda que até então, era quase desconhecido, isso não só pela instrumental inédita na carreira dos caras, mas também pelo uso de vocais limpos.

Já em “Capillarian Crest” e em “Circle Cysquatch” tudo volta ao normal com o timbre de guitarra clássico da banda, trazendo um Sludge Metal barulhento, menos pesado e mais complexo, com uma alternância dos vocais típico do Sludge para vocais mais limpos.

Em “Bladecatcher”, a faixa começa com dedilhados lindos e amáveis na guitarra, até que é interrompida por uma “bagunça sonora” que abre caminho para uma ótima instrumental, não só nas guitarras, mas também pela ótima linha de baixo. "Bladecatcher" pode ser vista como um verdadeiro instrumental que impressionantemente está entre a barulheira do Sludge e as boas idéias musicais do Prog. O disco segue com “Colony Of Birchmen”, trazendo a participação de Josh Homme (QOTSA), um fã incondicional da banda, a música é formada por riffs simples, uma linha de bateria de admirar e como maior destaque, os vocais! Aqui os caras cantam de verdade e fazem um bom uso de suas vozes melódicas, uma das melhores e mais accessíveis músicas do disco.

A oitava composição é “Hunters Of The Sky”, outro ótimo exemplo de como uma banda pode experimentar novos elementos sem mudar totalmente sua sonoridade, a essência permaneceu intacta e o resultado agradou bastante. “Hand of Stone” nos faz lembrar de uma música que poderia ter vindo facilmente do segundo disco da banda (Leviathan) com seus versos calcados no Sludge de costume e com alguns curtos trechos com vocais limpos, riffs pesados e lamacentos com solos de guitarra curtos e velozes além da cozinha sonora formada pelo baixo e bateria.


“This Mortal Soil” é diferente das demais faixas do disco, ela apresenta um lado mais Stoner, com um instrumental viajado e vocais distorcidos, é uma das melhores faixas do disco com alguns trechos de arrepiar, enquanto notas são tocadas na guitarra seguindo as linhas vocais do refrão da canção! Ótima música!

A penúltima música que constitui o álbum é “Siberian Divide”, uma música melancólica com uma dinâmica diferente que obtém versos distorcidos e refrões pesados, a faixa tem alguns bons momentos, mas considero a faixa mais fraca do álbum, mas ainda sim, conta com uma sonoridade indispensável da bateria e para fechar o disco de forma majestosa, a incrível “Pendulous Skin”, uma obra-prima que consegue prender o ouvinte, principalmente os que gostam de algo na linha de Pink Floyd, mas sem as melodias light. O que ouvimos são melodias que criam uma atmosfera espacial que capacita o ouvinte sentir sua mente expandindo como um universo repleto de adoráveis notas musicais. A faixa também conta com um solo inspiradíssimo de cerca de um minuto de duração.

Espero que ao ouvir o disco, tenham uma sensação no mínimo similar á minha, pois trata-se de um belo registro onde podemos constatar uma banda que não é uma mera cópia de coisas do passado (como muitas por aí), mas que tem coragem de sempre experimentar novas sonoridades e elementos, surpreendendo cada vez mais os seus fãs. Nunca um disco do Mastadon será igual ao outro, está é uma certeza que constatamos e é um dos maiores diferenciais do grupo.



Integrantes: 

Brent Hinds (Guitarra Solo/Vocal)
Troy Sanders (Baixo/Vocal)
Brann Dailor (Bateria/Vocal)
Bill Kelliher (Guitarrra/Backing Vocal)

Faixas: 

 1 - The Wolf Is Loose
 2 - Crystal Skull
 3 - Sleeping Giant
 4 - Capillarian Crest
 5 - Circle of Cysquatch
 6 - Bladecatcher (Instrumental)
 7 - Colony of Birchmen
 8 - Hunters of the Sky
 9 - Hand of Stone
10 - This Mortal Soil
11 - Siberian Divide
12 - Pendulous Skin

por Elkiaer Ribeiro

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