Sempre que uma banda nova possui algum tipo de característica musical que se assemelha demais a um grupo consagrado, temos que ter um cuidado redobrado ao analisar sua sonoridade. Em muitos casos, as comparações com o artista detentor de tais similaridades podem prejudicar a análise e ocasionar críticas desmerecidas.
No caso da The Goths, o primeiro fato que chama a atenção é referente ao timbre de voz do vocalista e guitarrista Felipe Disselli se assemelhar de maneira assustadora com o de James Hetfield (Metallica). Este fato é bem impactante e ouvidos destreinados podem causar uma falsa impressão de que a musicalidade da banda seja uma tentativa de soar como o Metallica, fato que em nenhum momento condiz com a verdade.
Muito cuidado, ouvintes! A única característica que o The Goths tem em comum com o Metallica é a timbragem vocal. No restante, a banda possui muita identidade e não carrega muito do que o grupo de Lars, James e companhia apresenta atualmente e menos ainda, se nos referirmos a fase áurea.
É óbvio que o quarteto estadunidense, responsável pelo lançamento do primeiro álbum de Thrash Metal da história é uma influência para a The Goths, porém os músicos usam tal influência como se deve, apenas como uma referência e não como algo a ser copiado ou um padrão a ser seguido.
Em termos de composições, o grupo investe em um Heavy Metal bem elaborado, com ótimos riffs e mesmo com a proposta de soar old school, a produção moderna e alguns timbres utilizados, fazem com que o álbum mescle com muita competência a musicalidade oitentista com elementos mais atuais.
Como destaque, cito as excepcionais “The Death” (com um refrão pra lá de grudento e uma melodia extremamente cativante), “Killing Your Fate” (dona do melhor riff do disco), “Kingdom Of Sorrow” (detentora de uma cadência agradável e outro refrão marcante), “Me… My Own Enemy” (com destaque para os bumbos duplos utilizados pelo baterista Lucas Disseli) e “Too Late” (canção contagiante que encerra o disco de forma brilhante e também é o primeiro single da banda).
“The Death” é um trabalho para ser degustado com calma, pois a cada audição as faixas parecem se tornar ainda mais legais e novas nuances são percebidas. Um fator que ajuda muito na assimilação do material é a quantidade de canções contidas (apenas 8) e o consequente tempo de duração do álbum (pouco mais de 35 minutos). Tais características fazem com que este debut seja longe de soar cansativo. Pelo contrário, passa aquela sensação que apenas grandes registros são capazes, a de fazer o ouvinte se perguntar “já acabou?”.
Com este lançamento, a banda consegue estrear no cenário nacional com um trabalho forte, bem produzido e repleto de composições marcantes. A similaridade dos vocais de Felipe Disseli com os de Hetfield acabam se tornando num contexto geral, apenas um adendo, muito mais positivo do que um motivo para críticas.
Recomendo a audição e considero a The Goths um nome com muito potencial a ser desenvolvido e uma trajetória extremamente promissora pela frente. Fiquem atentos.
Integrantes:
Felipe Disselli (vocal e guitarra)
Felipe Martins (guitarra)
Will Costa (baixo)
Lucas Disselli (bateria).
Faixas:
1 - The Death
2 - Killing Your Fate
3 - Kingdom Of Sorrow
4 - Waiting For Changes
5 - Me… My Own Enemy
6 - Strange Way Of Living
7 - Nightmares In Your Head
8 - Too Late
por Fabio Reis