Ramones - Ramones (1976) Sire Records




Há 40 anos os Ramones lançavam seu debut!! 

Sou suspeito para falar qualquer coisa da banda, pois sou um fã incondicional desse tipo de sonoridade, desde que ouvi o som dos Ramones pela primeira vez, através de uma fita K7 emprestada por um amigo no inicio da década de 80, foi paixão a primeira audição! 

Estados Unidos,1974, Richard Nixon, havia renunciado, a guerra do Vietnã dizimava milhares e seu fim se anunciava como uma derrota de proporções catastróficas para a nação mais poderosa do mundo, o sonho americano se esfacelava e o desânimo tomava conta do país. 
Rádios e paradas de sucesso eram dominadas pelo rock progressivo cada vez mais enfadonho e pretensioso, as bandas de sucesso naquele tempo faziam um rock burocrático (com sintetizadores e teclados) esbanjando solos intermináveis a ponto de alguns discos terem uma música de cada lado (nos velhos LPs) de tão longas que se tornavam.
O sonho hippie tinha acabado, os Beatles também. A América Latina, o leste Europeu e grande parte da Ásia viviam sob ditaduras cruéis e sangrentas. O mundo em constante ameaça atômica, era uma ressaca claustrofóbica.

Nesse cenário caótico, o que existia de mais agressivo no rock era o som de MC5, Stooges e New York Dolls. As três bandas tinham um sucesso relativo, mas limitado ao underground, e seu som era uma transição do Hard Rock, com uma pegada mais vigorosa, para o que se chamaria de punk rock posteriormente. 

A pré-história dos Ramones está centrada no Queens, distrito de Nova York, mais especificamente no bairro de Forest Hills. 
Quando Douglas Colvin (Dee Dee) e John Cummings (Johnny) amigos de colégio, decidiram montar uma banda, chamaram para a bateria um conhecido de Douglas, Jeffrey Hyman (Joey) 

O conhecimento musical dos Ramones era limitado. Dee Dee tinha dificuldade para tocar baixo e cantar ao mesmo tempo, assim como Joey não conseguia, na bateria, acompanhar a velocidade de Johnny e Dee Dee. A banda decidiu, então, que os vocais ficariam com Joey, e que iriam procurar um novo baterista. 
Foram feitos diversos testes no pequeno estúdio "Performance", em Nova York, onde trabalhava um velho amigo dos integrantes da banda, Thomas Erdelyi. Como Johnny, Joey e Dee Dee não gostaram dos candidatos que se apresentaram, logo ficou evidente que o melhor baterista para os Ramones seria o próprio Erdelyi, o mesmo adotou o nome Tommy Ramone. 

Pronto, os Ramones estava formado em definitivo e a revolução estava prestes a começar! 



O primeiro show dos Ramones foi em abril de 1974, no lendário CBGB, que iniciava atividades, casa a qual se tornaria posteriormente o berço e templo sagrado do Punk americano. Após uma série de apresentações no CBGB, os Ramones ganharam uma certa visibilidade no underground. 

A oportunidade de gravar o primeiro disco apareceu em 1976, quando Lisa Robinson, editora de "Hit Parade", convenceu o empresário Danny Fields, a dar uma conferida no som da banda.  
Impressionado com o potencial dos Ramones, Fields pediu uma fita demo. Na sequencia procurou e convenceu o presidente da gravadora Sire Records a assistir uma apresentação da banda, os contratando em seguida. Craig Leon acabou sendo o escolhido para ser o produtor do primeiro disco do grupo, ao lado de Tommy Ramone. 

US$ 6,4 mil e 7 dias de estúdio foi o custo e o tempo para gravarem o álbum. Lançado em 23 de abril de 1976, vendeu apenas miseras 7 mil cópias na época. As resenhas de época foram, em sua maioria, neutras. Críticos não falavam mal do álbum, mas também não lhe davam a importância que acabou recebendo décadas depois.
O álbum trás em seu conteúdo 14 canções em pouco mais de 29 minutos, mas com uma sonoridade até então nunca vista (ouvida) antes.
A palavra que define com perfeição esse álbum é, simplicidade, possuindo uma sonoridade crua e visceral. 

A banda demonstrou que não era preciso ser um musico virtuoso (o timbre da guitarra de Johnny Ramone mais parecia uma motosserra) ou muito menos ter um visual espalhafatoso ou se fantasiar para fazer parte de uma banda. 
A capa do álbum, uma foto P&B de Roberta Bailey, mostrava quatro jovens "outsiders" vestindo calças jeans surradas e jaquetas de couro, junto a uma parede pichada, a mesma acabou se tornando, não só, uma das imagens mais icônicas do Punk, como também da cultura Pop. 

A banda começou a fazer shows nos Estados Unidos para divulgar o álbum, mas fora de Nova York a recepção do público não foi calorosa. A exceção foi o Reino Unido: um show antológico, realizado em Londres em 4 de julho de 1976 o qual provocou um verdadeiro frenesi.
Ouso dizer com a mais absoluta tranquilidade que essa tour dos Ramones, foi a pedra fundamental para a explosão do Movimento Punk no Reino Unido e subsequentemente a nível mundial.  




O álbum abre com a faixa mais conhecida da banda, um verdadeiro clássico "ramonesco", Blitzkrieg Bop, Beat On The Brat, Joey mandando um foda-se aos politicamente corretos ao sugerir para calar as crianças chatas de seu bairro, "Espanque-as com um bastão de beisebol", Judy Is A Punk, a essência da filosofia "ramonesca", simplicidade, I Wanna Be Your Boyfriend, os punks também amam, baladinha típica que virou marca registrada da banda, Chain Saw, a banda sempre foi fã de filmes trash, tributo ao filme Massacre da Serra Elétrica, Now I Wanna Sniff Some Glue, Dee Dee sendo o porra louca da banda, auto biográfico em sua adolescência, "Cheirando cola pra ter o que fazer", I Don't Wanna Go Down To The Basement, mais um tributo aos filmes de terror trash, "Medo de ir ao porão e encontrar algo lá embaixo", Loudmouth, a letra mais curta de todas, apenas três estrofes, pura simplicidade, Havana Affair, uma sátira a espionagem da CIA em Cuba, aonde a personagem central é um ex catador de bananas, Listen To My Heart, baladinha aonde Joey canta com um sotaque britânico, sobre uma garota que o deixou, 53rd and 3rd, aborda um tema pesado, outra do Dee Dee, talvez até auto biográfica, sobre a prostituição nas esquinas de Nova York, Let's Dance, primeira de dezenas de covers que a banda gravou, essa de Chris Montez, I Don't Wanna Walk Around With You, Dee Dee pergunta: "Eu não quero andar por ai com você, então porque você quer andar comigo?" fechando o álbum mais uma canção auto biográfica de Dee Dee, Today Your Love Tomorrow The World, relatando sua vida de filho de militar na Berlin do pós guerra. 

O primeiro álbum dos Ramones, embora não tenha obtido sucesso nos EUA, fato que considero uma verdadeira heresia, é sem duvida um dos registros mais influentes e importantes da história da musica. 
Quer queiram ou não dessa árvore cairiam os frutos podres do Hardcore, Thrash, Crossover, Grunge, Pós Punk e inúmeros estilos musicais. 
Letras simples e inspiradíssimas sobre o cotidiano de pobres e desajustados, som distorcido, rápido e sem firulas. 

Um álbum histórico, a partir daí, os ruídos que saíam das caixas de som mundo afora jamais foram os mesmos!

Obrigado Ramones por ter existido!!

Hey Ho, Lets Go!!

Edição Original (Sire Records) – incluía um taco de beisebol customizado de brinde

Ouça através do Spotify:
https://play.spotify.com/album/4X44NrhroDDaWXheAhcvYY

Lado A:
01. “Blitzkrieg Bop” – 2:14 (Tommy Ramone, Dee Dee Ramone)
02. “Beat On The Brat” – 2:31 (Joey Ramone)
03. “Judy Is A Punk” – 1:32 (Joey Ramone, Dee Dee Ramone)
04. “I Wanna Be Your Boyfriend” – 2:24 (Tommy Ramone)
05. “Chain Saw” – 1:56 (Joey Ramone)
06. “Now I Wanna Sniff Some Glue” – 1:35 (Dee Dee Ramone)
07. “I Don’t Wanna Go Down To The Basement” – 2:38 (Dee Dee Ramone, Johnny Ramone)

Lado B:
08. “Loudmouth” – 2:14 (Dee Dee Ramone, Johnny Ramone)
09. “Havana Affair” – 1:56 (Dee Dee Ramone, Johnny Ramone)
10. “Listen To My Heart” – 1:58 (Ramones)
11. “53rd & 3rd” – 2:21 (Dee Dee Ramone)
12. “Let’s Dance” – 1:51 (Jim Lee)
13. “I Don’t Wanna Walk Around With You” – 1:42 (Dee Dee Ramone)
14. “Today Your Love, Tomorrow The World” – 2:12 (Ramones)


Redigido por Claudio Santos
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