Pyramaze - "Disciples Of The Sun" (2015)


Quando escutei o Pyramaze pela primeira vez, lembro de ter ficado maluco com a combinação de riffs rápidos e poderosos, a voz aguda e melancólica de Lance King, letras quase perfeitas e uma atmosfera cheia de energia em Melancholy Beast, lá em 2004. Era uma coisa linda, renovadora e inspiradora, e eu sinto que nunca mais vamos ver algo parecido em algum álbum do Pyramaze daqui pra frente. Após a saída de Lance, a banda tomou um caminho um pouco diferente e incorporou alguns elementos vistos principalmente em bandas como o Iced Earth, claramente para combinar com a adição do novo vocal, Matthew Barlow, criando um som que era um pouco diferente do normal para a banda, mas ainda sim reconhecível como Pyramaze.

Um hiato de 7 anos pode servir para muitas coisas. Você pode reavaliar e retornar à raizes musicais, manter o mesmo ritmo e apenas seguir o fluxo, ou mudar ainda mais o som abordado anteriormente. Morten Grade Sorensen, Jonah Weingarten e companhia escolheram a última opção, transformando a banda em algo completamente novo se comparado aos seus padrões. Um comportamento esquizofrênico tende a distanciar uma banda de seus fãs se o novo material não tiver o elemento que ativa a nostalgia na mente do ouvinte para quando começou a ouvir o grupo em primeiro lugar. Tantas mudanças assim podem te fazer pensar se esses dois senhores acima mencionados, Morten e Jonah, estão simplesmente tentando desenvolver e evoluir seu som ou apenas sofrem de falta de personalidade. Qualquer que seja o caso, felizmente eles sabem criar um Power Metal – ou Progressive Power Metal, como queira – de qualidade, independentemente se é só uma cópia barata de outros trabalhos dos membros da banda ou uma evolução natural do que costumavam ser.


Bom, tendo dito isso, Disciples of the Sun oferece pouco do que o Pyramaze costumava ser, ao invés disso proporcionando novamente uma novidade no som e estilo, o que por sorte acaba dando um bom resultado. A adição de Terje Haroy nos vocais, e especialmente Jacob Hansen (ex-Anubis Gate e a mente por trás do Invocator), são definitivamente o motivo pelo qual essa segunda metamorfose ocorreu. Fortemente inspirado no Progressive Power Metal moderno, o álbum consiste em 12 músicas, e quase metade delas poderiam ser confundidas com faixas do Anubis Gate. A primeira, “The Battle of Paridas”, alterna cadência e riffs galopantes com um tune-down na guitarra para adição de peso, e é repleta de efeitos de teclado. A faixa-título, “Perfectly Imperfect” e “Exposure” têm um ou outro elemento do velho Pyramaze, mas essas são basicamente uma mistura de Pagan’s Mind e o já citado Anubis Gate, enquanto “Back for More” e “Fearless” mostra uma veia comercial que não havia aparecido nos dinamarqueses até então.

O álbum como um todo é sólido e cheio de diferentes camadas, uma clara herança de Jacob Hansen como participante do processo de criação. É bom ver que eles não perderam o ouvido para melodias afiadas, produção cristalina e ritmos bem sincopados, e a bateria de Morten consegue definir um tom pesado mesmo nas passagens mais calmas, graças a uma performance orgânica e texturizada.

Em suma, esse renascido Pyramaze consegue entreter e satisfazer os ouvidos durante o curso do álbum. Definitivamente falho mas nunca quebrado, esse foi um bom release de 2015. Se você conseguir driblar as comparações e similaridades com outras bandas do gênero (principalmente Anubis Gate), vai encontrar em Disciples of the Sun um trabalho divertido e cativante.






Integrantes:

Morten Gade Sørensen (bateria)
Jonah Weingarten (teclado)
Jacob Hansen (guitarra)
Toke Skjønnemand (guitarra) 
Terje Harøy (Vocal)

Faixas:

1. We Are The Ocean
2. The Battle Of Paridas
3. Disciples Of The Sun
4. Back For More
5. Genetic Process
6. Fearless
7. Perfectly Imperfect
8. Unveil
9. Hope Springs Eternal
10. Exposure
11. When Black Turns To White
12. Photograph

por Bruno Medeiros


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