Piet Sielck vem escrevendo música acima da média há tanto tempo que acabou se tornando proverbial, alcançando um status de lenda na cena do Euro-Power Metal que apenas poucos gurus conseguiram, como seu amigo de longa data e co-fundador do Helloween, Kai Hansen, Hansi Kürsch ou Michael Kiske. Sua banda, Iron Savior, vem atacando sem piedade as massas com seu Power Metal Teutônico de temas sci-fi desde 1997, quando o aclamado álbum homônimo foi lançado, recrutando milhares para a viagem intergalática do grupo. Então, quando você fica sabendo que os Alemães vão implantar mais um chip nos nossos ouvidos mortais na forma de novo álbum, você presta atenção. Junto de sua leal tripulação espacial, Jan-Sören Eckert (baixo, vocais adicionais), Thomas Nack (bateria) e Joachim "Piesel" Küstner (guitarra), Piet levanta vôo novamente com Titancraft, nona campanha do Iron Savior aos cruéis e gelados confins das galáxias.
Como sempre o é com álbums da banda, não há absolutamente nenhum desejo de reinventar a roda do Power Metal, mas sim refinar e melhorar a fórmula, que hoje em dia tantas bandas têm tentado com trabalhos medíocres. Seguindo os passos de trabalhos anteriores como Rise of the Hero e The Landing, Piet e companhia conseguem injetar uma boa dose de Metal meloso e cativante com o novo play. Abrindo com a já característica intro banhada na atmosfera sci-fi, na sequência vem a faixa-título, uma memorável e poderosa melodia com um refrão melódico e grudento e riffs muito bem construidos. Essa é a forma que o Iron Savior sempre inicia seus álbums, e é exatamente como deve ser. Na sequência vem a melhor faixa, na minha opinião, “Way of the Blade”: agressiva, rápida e com um refrão pomposo repleto de coros, me lembrou em certo grau das melhores músicas dos caras de lá atrás, no começo dos anos 2000, e poderia facilmente figurar em trabalhos como Unification e Battering Ram.
Mas, como nada é perfeito, o play perde um pouco de força com “Seize the Day” e “Gunsmoke”; a primeira extrapola um pouco com os limites da melosidade e entrega um som genérico, enquanto que a segunda é até sólida em sua construção – especialmente nos riffs – mas não casa com o som característico do Iron Savior, fazendo dela um peixe fora d’água. “Beyond the Horizon” retoma a qualidade, e apesar de ser similar a “Seize the Day”, é muito melhor liricamente e soa mais natural como um todo. “The Sun Won’t Rise in Hell” e “Strike Down the Tyranny” entregam um bom balanço entre agressividade e melosidade, consistindo em memoráveis e poderosos riffs e solos e uma grande performance vocal de Piet com seu tom ríspido e mais grave. “Brothers In Arms” tem uma boa vibração e um refrão que eleva os ânimos, e ressona bem com seu ritmo um pouco mais lento se comparado a outras faixas. E então vem o meu pesadelo absoluto quando escuto Power Metal: a balada. Eu definitivamente não esperava uma balada, já que o Iron Savior não é conhecido por ter músicas com pegada mais lenta e triste. “I Surrender”, similarmente à “Gunsmoke”, aparece completamente fora de contexto em um álbum outrora conciso, e eu sinceramente não entendi o motivo pelo qual Piet decidiu adicionar essa música. Não me entenda mal, não é uma música horrível, mas quebra o ritmo de uma maneira que fica realmente difícil de gostar da música. O álbum então termina com “Rebellious”, que é cheia de groove e tem um bom refrão pra se cantar junto, fazendo dela uma das melhores partes do álbum e fechando com chave de ouro o trabalho.
Integrantes:
Piet Sielck (vocal e guitarra)
Jan-Sören Eckert (baixo)
Joachim "Piesel" Küstner (guitarra)
Thomas Nack (bateria)
Faixas:
1. Under Siege (Intro)
2. Titancraft
3. Way Of The Blade
4. Seize The Day
5. Gunsmoke
6. Beyond The Horizon
7. The Sun Won’t Rise In Hell
8. Strike Down The Tyranny
9. Brother In Arms
10. R&R Addiction (bonus track)
11. I Surrender
12. Rebellious
13. Protector 2016 (bonus track)
por Bruno Medeiros