Omen - "Battle Cry" (1984)



Para quem ouve o termo Power Metal e logo pensa em bandas extremamente melosas, repletas de composições que transbordam alegria e felicidade, cheias de corinhos marcantes, teclados em abundância e músicos virtuosos, certamente não conhece a cena estadunidense da década de 80. 

As bandas pertencentes ao underground norte americano em meados de 1984, geralmente faziam parte da cena Glam que aflorava, da Thrash que crescia de forma espantosa, principalmente na região da Bay Area de São Francisco, ou eram conhecidas por integrarem o chamado US Metal, que nada mais é que a resposta do Tio Sam ao movimento britânico NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal). 

Tais nomes pertentes ao US Metal, são justamente classificados como bandas de Power Metal, porém aqui, o estilo é apresentado de maneira mais encorpada e que nada se assemelha ao gênero que despontou alguns anos mais tarde na Europa.

Em meio a este cenário, um grupo californiano formado em 1983, despontou lançando uma sequência invejável de ótimos álbuns. Seu nome era Omen e quando o mítico "Battle Cry" (1984) foi apresentado, a banda era formada pelos músicos Kenny Powell (ex-Savage Grace) nas guitarras, Jody Henry no baixo, Steve Wittig na bateria e o saudoso J.D. Kimball (falecido em 2003) nos vocais.

Para quem é um amante do Metal, mas foca a sua atenção apenas nos nomes mais conhecidos e pertencentes ao mainstream, deve estar se perguntando "Que diabos é este disco que eu nunca ouvi falar?". Já os "estudiosos" do estilo, que acompanham os trabalhos lançados no underground e conhecem a verdadeira obra prima que é "Battle Cry", sabem bem o quanto este disco é primoroso e merecedor de cada elogio que será pontuado nesta resenha.



A primeira menção é com relação aos vocais de Kimball, dono de uma voz rasgada, mas que ao mesmo tempo soa bastante melodiosa. O vocalista apresenta um timbre forte e potente,  imprimindo um estilo diferente de praticamente tudo o que era apresentado na época e portanto, se destaca tanto em partes mais agressivas como nas que exigem um vocal mais brando e técnico.

A parte instrumental do disco é outro destaque latente, principalmente quando nos referimos a guitarra de Kenny Powell. O músico despeja excepcionais riffs, apresenta linhas das mais interessantes e tece solos inspiradíssimos durante cada uma das 10 canções do álbum. É claro que para Kimball e Powell aparecer dessa maneira, era necessário uma cozinha que trabalhe com precisão e a formada por Jody Henry e Steve Wittig, era sem dúvidas, uma das mais competentes e coesas da época.

A musicalidade de "Battle Cry" é das mais marcantes e algumas faixas do trabalho acabaram se tornando hinos do Metal underground. A diversidade rítmica é bem abrangente no registro e desde as composições mais diretas como "Death Rider", "Last Rites", "Be My Wench" e "Prince Of Darkness", até as  emblemáticas "The Axeman", "Battle Cry", "Die By The Blade" e a épica "Into The Arena", formam juntas um conjunto homogêneo que expressa de forma poucas vezes vista, a essência do Metal oitentista.

Após o disco de estréia, a banda ainda emplacou mais dois full-lenghts grandiosos, "Warning Of Danger" (1985) e "The Curse" (1986), além do EP "Nightmares" (1987), sendo reconhecidamente, um dos nomes mais representativos para a cena estadunidense quando o assunto é o Power/Heavy Metal de qualidade.

Infelizmente, assim como muitas bandas que eram promissoras, o Omen não se tornou um fenômeno de vendas e jamais chegou perto do sucesso comercial. Permanece até hoje estagnado nos porões mais obscuros do underground, porém com o diferencial de ter concebido algumas obras brilhantes e essenciais.

Disco arrasador, irretocável e é claro, obrigatório!




Integrantes:

Kenny Powell (guitarra)
Jody Henry (baixo)
Steve Wittig (bateria)
J.D. Kimball (vocal)

Faixas:

 1. Death Rider  
 2. The Axeman 
 3. Last Rites 
 4. Dragon's Breath 
 5. Be My Wench 
 6. Battle Cry 
 7. Die by the Blade 
 8. Prince of Darkness 
 9. Bring Out the Beast 
10. In the Arena



por Fabio Reis
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