O Angel Dust surgiu no auge do Thrash Metal, bandas como Slayer, Kreator, Megadeth e algumas outras, já eram taxadas como grandes nomes do estilo. Mesmo com tanta concorrência o grupo alemão apareceu como uma das grandes promessas do gênero, muito por causa do conteúdo que se encontra em “Into The Dark Past”.
Um ano antes de lançar o primeiro full-length, disponibilizaram a demo tape “Marching For Revenge”, que foi muito bem recebida pelo público da época e seu sucesso rendeu um contrato com a Disaster, mesmo selo de outras bandas promissoras da cena germânica.
Um ano mais tarde, o quarteto adentrava os estúdios da Musiclab em Berlim e ali, gravariam um dos melhores discos do underground mundial, um trabalho forte, com muita personalidade e que surpreende tanto pela qualidade individual dos músicos, como pelo entrosamento e trabalho em equipe.
A talentosa dupla de guitarristas, Romme Keymer e Andreas Lohrum, é a primeira ressalva positiva que faço, impossível negar que o trabalho desses dois é simplesmente fantástico. Uma verdadeira enxurrada de riffs certeiros e afiados é o que essa dupla nos proporciona, além é claro, de solos encantadores que unem muito bem técnica e velocidade.
Além de seu trabalho nas 6 cordas, Romme Keymer também é o responsável pelos vocais da banda e consegue cumprir muito bem seu papel, utilizando na maior parte do tempo um vocal rasgado e seco, que é exatamente o que se espera de um disco como esse.
Fechando o quarteto temos o baixista Frank Banx e o baterista Dirk Assmuth, tanto Frank como Dirk fazem o chamado “feijão com arroz”, ou seja, não se aventuram muito fora daquilo que outras bandas contemporâneas já faziam antes deles, exceção de partes pontuais de algumas faixas, onde se destacam um pouco mais. Fazer o simples não é necessariamente um demérito para a cozinha do Angel Dust, até porque a dupla consegue controlar muito bem o andamento das faixas e até é compreensivo, que em seu primeiro trabalho de estúdio os músicos ainda não tivessem a experiência necessária para sair do trivial, no fim das contas, conseguiram um bom resultado final.
As faixas em destaque são “I'll Come Back” e “Legions Of Destruction”, a primeira é a que mais abre brechas para o melhor desempenho da dupla Frank/Dirk e ainda tem um excelente solo de guitarra, “Legions Of Destruction” é o maior hino da banda, a musica que mais ecoa na mente dos fãs, inclusive foi escolhida para fazer parte da compilação “Fast Forward To Hell”, da Metalworks de 1987.
Logo após o lançamento de “Into The Dark Past”, a banda sofreu com problemas internos e mudanças de formação, Romme e Andreas abandonaram o barco, o grupo passou a ser um quinteto e mesmo com tantos problemas, ainda gravaram o aclamado “To Dust You Will Decay”.
Infelizmente depois do segundo registro, o Angel Dust se dissolveu e o Thrash/Speed Metal perdia uma de suas mais promissoras bandas.
Bem mais tarde, já nos anos 90, o grupo voltaria a se reunir em 1997 e com isso, gravam mais 4 álbuns completos, porém com uma sonoridade totalmente diferente do executado nos primórdios. O som seco e veloz, se transformou num Power Metal melódico e a mudança agradou a alguns fãs, mas causou revolta entre muitos outros.
O Angel Dust chamou atenção em uma época aonde apenas os gigantes brilhavam, o titulo de promessa do Thrash/Speed Metal não veio por acaso, ainda que o quarteto de Dortmund não tenha vindo a se tornar realmente uma potência do gênero.
Independente de qualquer coisa, “Into The Dark Past” sempre será um dos mais belos registros do underground nos anos 80.
Line up:
Romme Keymer (vocal, guitarra)
Andreas Lohrum (guitarra)
Dirk Assmuth (bateria)
Frank Banx (baixo)
Faixas:
1. Into the Dark Past (Intro)
2. I'll Come Back
3. Legions of Destruction
4. Gambler
5. Fighter's Return
6. Atomic Roar
7. Victims of Madness
8. Marching for Revenge
por Vitor Hugo Quatroque