Bem vindos a década de 90, época em que o mundo da música era de forma generalizada, dominado pelos caprichos das gravadoras. O Heavy Metal não foi uma exceção e mesmo as bandas que apresentaram uma musicalidade mais agressiva nos anos 80, acabaram em sua maioria, se rendendo as imposições da industria fonográfica.
O Metallica abriu as portas para que os grupos de Thrash Metal se tornassem populares ainda em 1988 e após diversas investidas frustradas de empresários, finalmente a banda aceitou gravar o seu primeiro vídeo clipe. "One" invadiu a programação da MTV e das rádios, sendo tocada a exaustão e fazendo com que o grupo investisse numa guinada inusitada em sua carreira, simplesmente a gravação do álbum "Metallica", mais conhecido como "Black Album" (1991).
O trabalho foi um sucesso estrondoso e grande parte de suas composições se tornaram hits incontestáveis. É claro que as demais bandas, vendo o destaque que o Metallica obteve, também queriam a sua fatia do bolo e sendo assim, grande parte dos discos lançados nessa época, acabaram por possuir músicas mais comerciais, amenas e prontas para serem executadas pelas rádios.
O Megadeth aproveitou muito bem este momento e depois do magistral "Rust In Peace" (1990), Dave Mustaine resolve seguir os passos de seus ex-companheiros de Metallica e também promove uma mudança drástica na sonoridade da banda. "Countdown To Extinction" (1992), nem de longe carrega as características dos primeiros álbuns do grupo e ao invés disso, traz faixas que apesar de muito boas, foram nitidamente concebidas para se tornarem hits.
"Symphony Of Destruction", "Skin O' My Teeth" e "Sweating Bullets" explodiram nas paradas de sucesso e como dizem que em time que está ganhando não se mexe, dois anos mais tarde, no dia 1 de novembro de 1994, "Youthanasia" era lançado de forma oficial e obviamente, carregava as mesmas características de seu antecessor.
A única mudança ocorrida neste período foi interna, já que Marty Friedman, Nick Menza e David Ellefson ganhavam mais liberdade de criação. Tal liberdade dada foi a tentativa que Dave Mustaine usou para sanar alguns conflitos internos que ocorriam e colocavam em cheque a sua liderança, principalmente quando o assunto era seu poder de decisão sobre a banda.
Se internamente, o Megadeth começava a se tornar instável, comercialmente viviam a sua melhor época. "Youthanasia" estreou diretamente na quarta posição da Billboard e faixas como a balada "A Tout Le Monde" e as porradas "Train Of Consequences" e "Reckoning Day", caíram de imediato nas graças dos fãs.
Se as músicas já mencionadas foram as responsáveis pelo sucesso comercial do disco, "Youthanasia" ainda traz um vasto arsenal. "Addicted To Chaos" (a minha favorita), "The Killing Road", "Family Tree" e a faixa título, são outros momentos que jamais poderiam deixar de ser mencionados. Assim como em todas as outras canções presentes no registro, tais composições se equilibram entre o peso e a melodia, formando um trabalho homogêneo e de fácil assimilação.
A banda repetia uma mesma formação pela terceira vez consecutiva (fato inédito até o momento) e por este fator, é notório o entrosamento entre os integrantes. Se no sexto álbum de estúdio do grupo, não temos mais as canções extremamente rápidas e agressivas dos primórdios, Mustaine e cia nos presenteiam com uma brilhante seleção de ótimos riffs, solos magníficos e performances individuais que beiram a perfeição.
A dupla de guitarristas formada por Dave Mustaine e Marty Friedman demonstra uma química absurda e mostra o por que de ser considerada uma das melhores de todos os tempos. A parte rítmica composta pelo baixo de David Ellefson e a bateria de Nick Menza é sem dúvidas, uma das mais funcionais, precisas e sólidas da época, fazendo com que esta formação seja até hoje reconhecida por grande parte dos fãs, como a melhor que a banda já teve.
"Youthanasia" apesar de manter a mesma proposta de "Countdown To Extinction", é um pouco mais melodioso, o que em nada interferiu no seu desempenho. Dave Mustaine vivia sua melhor fase como cantor (quem diria...) e compositor, mostrando muita versatilidade mesmo fora do Thrash Metal que o consagrou. O álbum se tornou um dos mais influentes da década de 90 e rendeu uma turnê grandiosa, que inclusive serviu para colocar de vez a o Brasil, na rota de shows da banda.
Obrigatório!
Integrantes:
Dave Mustaine (guitarra e vocal)
Marty Friedman (guitarra)
David Ellefson (baixo)
Nick Menza (bateria)
Faixas:
1. Reckoning Day
2. Train of Consequences
3. Addicted to Chaos
4. A Tout le Monde
5. Elysian Fields
6. The Killing Road
7. Blood of Heroes
8. Family Tree
9. Youthanasia
10. I Thought I Knew It All
11. Black Curtains
12. Victory
por Fabio Reis
