Judas Priest - "Sad Wings Of Destiny" (1976)



Para entender o conceito por trás de "Sad Wings Of Destiny", precisamos voltar dois anos no tempo, mais precisamente em 1974, na gravação do primeiro álbum da banda, o sem sal e apenas mediano "Rocka Rolla". Na época, Rodger Bain, produtor conhecido por ter feito a produção de nada menos que os três primeiros discos do Black Sabbath, foi contratado para trabalhar no registro de estréia do Judas Priest. 

O que era pra ser um fator positivo, acabou desvirtuando todo o direcionamento da banda, já que o senhor Bain, resolveu exercer uma influência muito além do que deveria e simplesmente limou algumas das principais composições do disco. "Victim Of Changes", "The Ripper", "Genocide" e "Tyrant" foram descartadas por usarem temáticas "muito pesadas" e "Rocka Rolla" acabou naufragando. 

Depois da recepção quase nula, fica decidido que não trabalhariam mais com Rodger Bain e mesmo com um álbum que não condizia com a real sonoridade da banda, conseguem tocar ao lado de nomes influentes como Budgie, Thin Lizzy e Slade. Em 1975, participam do Reading Festival e após uma apresentação impecável, conseguem finalmente a liberação pra gravar seu segundo trabalho.

Desta vez, decidem não aceitar imposições de produtor algum e entram em estúdio para registrar composições que mostrassem a verdadeira faceta do grupo. O primeiro consenso é que todas as faixas que foram retiradas do primeiro álbum, fossem gravadas e desta forma, "Sad Wings Of Destiny" é lançado oficialmente no dia 23 de Março de 1976.

Por ironia do destino, as músicas rejeitadas em "Rocka Rolla", se tornam clássicos da banda e são justamente as mais importantes do disco. Apesar de não se tornar um sucesso estrondoso de vendas, é nessa época que o Judas Priest começa a fazer um trabalho importantíssimo, não apenas para a banda, mas para todo o Metal inglês: apostar e investir no mercado norte americano.


Se na Inglaterra, eram apenas mais um nome entre tantos outros, nos Estados Unidos, o grupo conquistou rapidamente seu espaço e conseguiu destaque perante a um fiel e consumidor público. Tal feito fez com que o Priest fosse o primeiro grupo ligado ao Heavy Metal, a desbravar o mercado estadunidense, abrindo precedente para que diversas outras bandas fizessem o mesmo alguns anos mais tarde. 

Musicalmente, "Sad Wings Of Destiny" traz características inéditas para a música pesada. Até o momento, praticamente todas as bandas que possuíam dois guitarristas, se utilizavam do esquema guitarra base e guitarra solo, já com o Judas não era bem assim. Tanto K. K. Downing como Glenn Tipton eram guitarristas solo e os dois se alternavam como tal. Em alguns momentos, executavam solos dobrados e com isso, além da enorme surpresa que causaram aos ouvintes, também influenciaram praticamente todas as bandas que vieram posteriormente. 

Além das já mencionadas "Victim Of Changes", "The Ripper", "Genocide" e "Tyrant", o trabalho ainda apresenta outros momentos de destaque. "Deceiver" é uma típica composição da banda e apesar de sua curta duração, é extremamente contagiante. Outra que não poderia deixar de mencionar, é a poderosa faixa de encerramento, "Island Of Domination", com ótimas linhas vocais, além de riffs e solos matadores.

Pode se afirmar que este segundo trabalho, funciona como uma espécie de reboot para a banda e aqui, as principais características do Priest são definidas. Com o passar dos anos, o disco se tornou um clássico absoluto e possui canções que até hoje são obrigatórias em apresentações ao vivo. Um trabalho de extrema importância para o Heavy Metal e que deve ser escutado com toda a atenção e pompa que ele merece.

Após "Sad Wings Of Destiny", a banda se transforma em uma das principais promessas de sua época e os anos posteriores vão apenas aumentando a popularidade do grupo. Com a chegada dos próximos álbuns, o Priest se tornaria enfim, uma banda bem sucedida comercialmente e daria os primeiros passos para se  transformar no gigante de hoje.

Obrigatório!




Integrantes:

Rob Halford (Vocais)
K.K. Downing (Guitarra)
Glenn Tipton (Guitarra) 
Ian Hill (Baixo)
Alan Moore (Bateria)

Faixas:

01. Victim of Changes
02. The Ripper
03. Dreamer Deceiver
04. Deceiver
05. Prelude
06. Tyrant
07. Genocide
08. Epitaph
09. Island of Domination


por Fabio Reis

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