Se voltarmos um ano no tempo, nem mesmo poderíamos cogitar a possibilidade de William Bruce Bailey, ou se preferirem, apenas Axl Rose, ser mencionado como a personalidade do ano no Rock N' Roll, porém este quadro se reverteu de uma maneira drástica e os motivos estão muito além de polêmicas, excentricidades e picuinhas, este fato está relacionado ao que realmente nos interessa: a música.
Venhamos e convenhamos, se assistíssemos o senhor Rose em ação a alguns anos atrás, seria praticamente impossível imaginar que em 2016, o cantor viveria tamanha ascensão. As performances de Axl estavam cada vez mais fracas e o grupo que ele insistia em chamar de "Guns N' Roses", estava anos luz de distância da banda que fez um sucesso estrondoso no final dos anos 80 e início dos 90.
O que víamos era um vocalista fora de forma e que mesmo cercado de ótimos músicos, demonstrava sinais de que o tempo havia sido implacável, o transformando numa figura caricata e egocêntrica, fazendo cover de si mesmo em espetáculos enfadonhos, onde apenas aqueles fãs mais extremistas seriam capazes de ainda o idolatrar e seguir.
O que poucos poderiam imaginar, é que os problemas de relacionamento com seus antigos comparsas, iriam esfriar e aos poucos, nem mesmo o guitarrista Slash, seu principal desafeto, iria querer dar mais capítulos a uma briga que já durava mais de duas décadas e como num passe de mágica, era noticiado em todos os veículos especializados que a guerra havia acabado. Axl e Slash finalmente se reconciliaram.
É claro que após esta notícia, a grande questão era se a formação original do Guns N' Roses iria se reunir e mais do que isso, se tal retorno realmente ocorresse, se Axl seria capaz de ser o frontman que um dia já foi.
Como todos sabem, Slash e Duff Mckagan voltaram a integrar o grupo e apenas este fato já foi o suficiente para gerar uma enorme comoção no meio musical, mas sejamos francos, o que mais tem chamado a atenção nestas apresentações do, agora sim, Guns N' Roses, é a capacidade vocal de seu até então desacreditado vocalista.
Axl Rose realmente se preparou para este momento e isso fica nitidamente estampado ao assistirmos os vídeos da atual turnê da banda. Seus vocais melhoram muito e o músico vem surpreendendo a todos com performances muito convincentes e bem longe das de alguns anos atrás. É claro que a presença de mais dois membros originais no palco ajuda muito, porém o que percebemos é a ausência de ego por parte de um dos mais problemáticos rockstars da história.
Qualquer um que esteja acompanhando esta retomada do grupo, vem percebendo que existe um time novamente em ação e a individualidade foi trocada pelo espírito de equipe, pode se dizer que o Guns N' Roses hoje é novamente uma banda no sentido literal da palavra.
O amigo leitor que leu o título da matéria deve estar questionando se "apenas" estes fatores fazem do senhor Axl Rose a personalidade do ano? É claro que não e para que esta teoria seja no mínimo plausível, uma "bandinha pequena e pouco expressiva" chamada AC/DC, entra no meio dessa história toda.
Com a eventual impossibilidade de Brian Johnson continuar a se apresentar ao vivo e o AC/DC tendo diversas datas agendadas em sua atual turnê norte americana, a banda precisaria de um nome de peso para substituir Brian e o convite é feito a quem?
Não entrarei nos méritos e nem em polêmicas a respeito da aprovação ou não dos fãs, afinal alguns shows já foram realizados com Axl à frente da banda e todos eles estavam lotados. Até mesmo na Bélgica, onde houve um movimento contra a entrada de Axl e cerca de 6 mil fãs pediram o reembolso de seus ingressos, estes mesmos 6 mil foram vendidos quase que instantaneamente e o público total da apresentação bateu na casa dos mais de 65 mil pagantes.
Ainda falando de números, um outro dado interessante, antes da reunião do Guns N' Roses, a "Axl Band" lucrava em média 500 mil dólares por show, após o retorno de Slash e Duff, receberam cerca de 22 milhões para tocar nas duas datas do Coachella e cada apresentação da "Not In This Lifetime Tour" renderá cerca de 3 milhões.
Algum músico do Rock possuiu uma ascensão ao menos parecida neste ano? Sair de um estado onde praticamente era um rockstar "que já teve seus dias de glória" e reestruturar uma das bandas de maior repercussão dos anos 90 com sucesso, para depois ser convidado a integrar um dos maiores grupos de Rock de todos os tempos não é uma tarefa para qualquer um. Por isso, citando apenas mais um pequeno adendo, pois tudo aconteceu graças ao trabalho musical e não a polêmicas, declarações e chiliques, afirmo que Axl Rose é sim, a maior personalidade do Rock em 2016. O choro é livre!
por Fabio Reis