Cannibal Corpse - Vile (1996)


Cannibal Corpse - Devorado por Vermes: Os 19 anos de “Vile”


Parece que foi ontem que o vocalista Chris Barnes deixou o Cannibal Corpse para se dedicar exclusivamente ao seu Six Feet Under, que se iniciou como um projeto paralelo interessante e terminou por se tornar a sua prioridade. Entretanto, já faz vinte anos que o “frontmen” original deixou a banda e hoje, 20 de maio, “Vile”, o quinto álbum de estúdio do Cannibal Corpse, está completando o seu 19° aniversário.

Marcando a estreia do vocalista George “Corpsegrinder” Fischer (ex-Monstrosity, ex, Corpsegrinder, Paths of Possession, Voodoo Gods), “Vile” foi lançado em 20 de maio de 1996, através da Metal Blade Records e com a produção de ninguém, ninguém menos do que Scott Burns, que já trabalhou com a banda anteriormente e é mundialmente conhecido por ter colaborado com diversas de bandas da cena Death/Thrash mundial. A arte de capa é novamente horrenda e maravilhosamente brilhante ao mesmo tempo, ilustrada pelo incrível Vincent Locke, que já realizou trabalhos para histórias em quadrinhos e cinema, além de ter desenhado todas as capas dos álbuns dos norte americanos.

Um detalhe curioso sobre esse registro é que ele é o primeiro disco a apresentar o novo logotipo do grupo, simbolizando uma nova fase para os músicos. O logo foi alterado devido ao fato de Chris Barnes ter sido o criador do original, tanto que nos relançamentos dos álbuns com Barnes nos vocais, o segundo logo foi utilizado e não o primeiro. É muito importante mencionar que álbum também tem o mérito de ser o primeiro álbum de Death Metal a entrar nas paradas da Billboard, ficando na posição #122 no mesmo ano de lançamento. Sem dúvidas um grande feito para um registro de uma banda do Metal Extremo.

A clássica e violentíssima “Devoured By Vermin” inicia a carnificina rasgando os alto-falantes com a voz demoníaca do aqui estreante George “Corpsegrinder” Fischer, que já demonstra nessa faixa de abertura que não é apenas um vocalista à altura para substituir o lendário Chris Barnes, como também pode ser ainda mais monstruoso com seus urros guturais impiedosos. A faixa de abertura é um legítimo hino mortífero, onde todos os músicos demonstram total entrosamento. Os “blast beats” do baterista Paul Mazurkiewicz e as palhetas da dupla de guitarrista Jack Owen e Rob Barett são puramente insanos. Há um “groove” na metade do som que proporciona uma atmosfera “doom” completamente soturna. O final da composição não deixa por menos e retoma a velocidade devastadora que há no começo da música. Existe uma rara “demo tape”, “Created to Kill”, ainda com Barnes nos vocais e nela consta a versão original desse som. Para promover o álbum, um videoclipe para “Devoured By Vermin” também foi produzido.


“Mummified in Barbed Wire” mantém a pegada da faixa de abertura, proporcionando a mesma estrutura e estilo, contudo, tão interessante e fantástica quanto à primeira música. Já “Perverse Suffering”, a terceira faixa, é na minha humilde opinião uma composição avassaladora e inacreditável. Técnica e velocidade se aliam de forma precisa e perfeitamente insana.

A cadenciada e espetacular “Disfigured” se inicia de forma empolgante e balanceado, com um “riff” impecável e de fácil assimilação, ganhando mais velocidade em sua metade. “Bloodlands”, por sua vez, começa de forma bem arrastada e depois passa a ser permeada por variações de andamento bem construídas, se encerrando de forma devastadora e maníaca.

Frenética e insana, “Puncture Wound Massacre” vem logo após, repleta de mais uma enxurrada de “riffs” que dilaceram os tímpanos de qualquer um sem qualquer misericórdia. Em seguida, temos ainda “Relentless Beating”, uma faixa instrumental que metralha os alto-falantes, recheada de viradas mirabolantes, cortesia de um instrumental formidavelmente infernal. Um verdadeiro arrasa quarteirão!

Incumbida de dar sequência ao álbum, “Absolute Hatred” mescla momentos cadenciados com outros totalmente rápidos, sendo mais um deleite para os apreciadores de uma brutalidade técnica. Jamais perdendo a mão e a criatividade, a banda prossegue com “Eaten from Inside”, outra música fabulosa, que já se inicia completamente vertiginosa. Logo no começo da composição temos um inspiradíssimo solo de guitarra. É uma faixa mais cadenciada, contudo, dotada de uma ferocidade e genialidade do mesmo nível e qualidade das músicas anteriores.

“Orgasm Through Torture” mantém a loucura em atividade, trazendo ainda mais “riffs” sujos e moedores, muito bem acompanhados por variações rítmicas bem estruturadas e elaboradas, além, é claro, dos monstruosos guturais de Fischer. O “gran finale” é reservado para a soberba “Monolith”, uma das minhas composições prediletas do disco. É incrível como a banda consegue manter o clima escuro, denso e macabro faixa após faixa sem pecar um segundo sequer. Os “riffs” apresentados aqui são novamente marcantes e grudentos, os andamentos variam mais uma vez de cadenciados para desvairados, tudo concebido de forma minuciosa e caprichada. Uma maneira perfeita para encerrar um grande álbum como esse.


“Vile” faz totalmente jus ao seu título, sendo uma obra vil, malevolente e brilhante, possuindo todos os ingredientes que um álbum do Cannibal Corpse precisa ter e utilizados sabiamente. Muitas bandas se perdem ao trocarem de vocalistas e demais membros da banda, perdendo a sua identidade e química musical, entretanto, esses norte-americanos malucos jamais erram a mão e esse registro é um belo exemplo disso. Talvez o único ponto negativo seja a produção, que mesmo ficando a cargo do experiente Scott Burns deixou a sonoridade excessivamente suja, o que acabou soterrando o baixo do talentosíssimo Alex Webster. De qualquer maneira, o produto final ainda é excelente!

Tracklist:

01. Devoured by Vermin 
02. Mummified in Barbed 
03. Perverse Suffering 
03. Disfigured 
05. Bloodlands 
06. Puncture Wound Massacre 
07. Relentless Beating 
08. Absolute Hatred 
09. Eaten from Inside 
10. Orgasm Through Torture 
11. Monolith

Lineup:

George "Corpsegrinder" Fisher (Vocal)
Alex Webster (Baixo)
Rob Barrett (Guitarra)
Jack Owen (Guitarra)
Paul Mazurkiewicz (Bateria)


Escrito por David Torres

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