Monsters Of Rock 2015



A melhor forma que encontrei para começar esta resenha é destacando a organização do evento, que escolheu um espaço amplo (Anhembi), de fácil acesso e principalmente, que se mostrou bem funcional. Com alternativas inteligentes que facilitaram ao máximo a diversão e o maior aproveitamento da experiência que é estar em um grande festival. Não houve atrasos em demasia e os horários em que as bandas deveriam começar a suas apresentações foram respeitados, não escutei relatos de tumultos, confusões ou brigas, portanto o saldo é bastante positivo. 

É claro que também existiu um lado negativo, que foi o PREÇO ABUSIVO de praticamente TUDO que foi comercializado dentro do Anhembi. Acho inconcebível cobrar 6,00 em um COPO de água e 18,00 em uma MINI pizza. Acredito que o Brasil não passa por um momento favorável onde esse tipo de superinflação seja aceitável ou possa passar batido. 

Fica aqui o registro, agora vamos aos shows:


Dr. Pheabes foi a primeira banda a se apresentar e confesso que não me interessei pelo som em nenhum momento, abriu o dia com uma presença discreta e passou despercebido pela grande maioria dos presentes. Em termos de musicalidade, o Steel Panther passaria também, mas a banda acabou chamando atenção pelas fanfarrices dos integrantes e mulheres desfilando pelo palco exibindo os seios e flertando com os membros da banda. A impressão que fiquei ao VER a performance da banda e OUVIR a sua música foi a de ver "o Poison tentando ser como o Motley Crue".


A terceira atração a se apresentar foi o lendário guitarrista sueco Yngwie Malmsteen e a partir deste ponto, o nome Monsters Of Rock realmente se justificou, com uma série de brilhantes apresentações de grandes ícones do Rock/Metal. 


Malmsteen não inventou moda e tocou suas principais e mais conhecidas músicas. Por ter sido um set list bem enxuto, sem tempo para firulas e improvisações intermináveis, acabou sendo bem agradável a apresentação do virtuoso músico. Após alguns minutos, sobe ao palco o supergrupo Unisonic, banda dos renomados Michael Kiske (Como canta esse cara!!!) e Kai Hansen. Ao final de um set list curto, porém impecável, executaram os covers do Helloween, "March Of Time" e "I Want Out", seguido da faixa que dá nome a banda, a candidata a clássico, "Unisonic", proporcionando assim, o primeiro momento de êxtase do dia e preparando o público para a sequência arrasadora que se iniciaria com o Accept no palco.


Este, Na minha visão, foi sem dúvidas, o melhor show do evento. O som estava perfeito desde a primeira música e a banda desfilou seus clássicos de forma majestosa. As músicas mais novas, como as excelentes "Stalingrad", "Pandemic" e "Teutonic Terror", foram muito bem recebidas pelo público, enquanto hinos como "Fast As Shark", "Princess Of The Dawn", "Metal Heart" e "Balls To The Wall" emocionaram os fãs com uma performance ACIMA de qualquer ressalva.

Há algum tempo que o Accept vem se firmando como uma das poucas bandas veteranas que não vive exclusivamente de seu passado e atualmente, lançam trabalhos tão empolgantes quanto seus clássicos. Percebi em todos os outros shows, que quando eram tocadas músicas mais novas, de discos mais recentes, a euforia nitidamente diminuía, no show do Accept não, o clímax foi mantido do início ao fim, rendendo uma apresentação digna de nota máxima.


O próximo grupo a dar as caras foi o Manowar. Como sempre, preparam o palco com seu próprio equipamento de som e fazem questão de tocar MAIS ALTO que todas as outras bandas. Na última passagem do grupo pelo Brasil, não foi executado nenhum clássico nos shows realizados na ocasião, este fato gerou certa "confusão" e revolta por parte de alguns fãs e a intenção da banda era claramente a de se redimir e desfilar o maior número de clássicos possível para os fervorosos e fiéis seguidores do grupo que estavam presentes no evento.

Assim foi feito. Com exceção de "The Dawn Of Battle", as demais músicas executadas foram apenas canções dos primórdios da banda. "Manowar", "Metal Daze", "Kill With Power", "Kings Of Metal", "Hail And Kill" e "Battle Hymns" foram algumas das mais ovacionadas e levaram muitos fãs as lágrimas. 

Houve algumas falhas técnicas bisonhas no show do Manowar, inclusive uma grotesca no meio de "Battle Hymns" onde, felizmente, o vocalista Eric Adams lidou com muito bom humor, simpatia e profissionalismo, o que minimizou bastante o erro e o show seguiu sem maiores problemas com a promessa final de que a banda voltará em breve ao Brasil.


Na sequência, o Judas Priest adentrou ao palco e fez um show do mais alto nível. Particularmente, vendo vídeos e ouvindo áudios de muitas das últimas apresentações da banda e principalmente, sabendo das atuais limitações de Rob Halford, estava temeroso e não esperando nada de excepcional vindo do lendário Priest. Sou obrigado a dar a mão à palmatória e reconhecer que fizeram um show MUITO bom, dinâmico e repleto de clássicos, onde Halford estava, digamos, inspiradíssimo.

Nitidamente, houve uma preocupação em mascarar possíveis erros e foram usados alguns recursos e efeitos nos vocais de Rob, porém o que realmente me chamou a atenção foi a garra e a vontade que o cara estava cantando. Muito ao contrário dos shows que vinha acompanhando recentemente, neste, o velho "metal God" distribuiu agudos a revelia e nem em uma faixa difícil como "Painkiller", o resultado foi ruim ou merecedor de críticas.


Clássicos do porte de "Victim Of Changes", "Jawbreaker", "Hell Bent For Leather", "Breaking The Law" e "Living After Midnight" fizeram a alegria da multidão, que cantou junto com a banda o tempo todo e foi presenteada com um show apoteótico, que só não foi o melhor da noite por que o Accept beirou a perfeição.

Era chegada a hora do “Grand Finale” e depois de um longo e cansativo dia, onde diversos concertos de altíssimo nível haviam sido executados, faltava a cereja do bolo, o KISS. Bem, resumindo em uma única palavra a apresentação do quarteto mascarado: ESPETÁCULO!

Um show do KISS realmente é uma festa. Clássicos eternos do Rock são desfilados um após o outro com muita naturalidade, por músicos que são verdadeiras lendas vivas e sabem exatamente o que fazer em cima de um palco. Músicas como "Detroit Rock City", "I love It loud", "Love Gun", "Lick It Up", "God Of Thunder", "Deuce", "Black Diamond" e "Calling Doctor Love" dentre outras, foram executadas e levaram a grande massa ao delírio total. 


Muitos efeitos visuais, fumaça, explosões, pirotecnia, Gene Simmons vomitando sangue, Paul Stanley andando de Tirolesa... Enfim, KISS! Espetáculo puro... 

No Biss, "Shout It Out Loud", "I Was Made For Loving You" e o tiro de misericórdia, "Rock 'N' Roll All Nite", esta última, a derradeira da noite, com direito a chuva de papeis picados e comoção geral dos presentes. 

O Monsters Of Rock foi oficialmente encerrado com uma queima de fogos de artifício e "God Gave Rock 'N' Roll To You" nos alto falantes do Anhembi, servindo como trilha sonora para a saída do local. Valeu muito a pena ter comparecido e assistido aos shows, as bandas não decepcionaram em nenhum momento e a sensação de quero mais foi inevitável. Que venham mais e mais edições do festival, com Casts cada vez mais surpreendentes e shows tão bons como os desta edição de 2015. 


Escrito por Fabio Reis

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