(The Lord Weird) Slogh Feg


O período é o início dos anos 90, período esse em que, não só o metal, como o rock em geral, sofria umas transformações seguindo tendências da juventude daquela época. Bandas com uma sonoridade diferenciada entre as demais se destacavam no mercado fonográfico, tais como Pantera, Machine head, etc. Mas um grupo de jovens na Pensilvânia Central decidiu ir contra essa maré estipulada pelo marketing fonográfico e desejavam fazer simplesmente metal.

Liderados pelo jovem Michael Scalzi, que cuidava dos arranjos com a guitarra e baixo, Chris Haa na segunda guitarra, Dave Passmore na bateria e Omar Herd nos vocais formavam em 1990 a banda com o nome intrigante “The Lord Weird Slogh Feg”. Nome esse tirado de um personagem que é o vilão de uma comic book britânica, Slaine, que é baseada em mitologia celta, fonte de inspiração para Scalzi em suas letras, que abordam evolução espiritual, mental, mistérios, questionamentos e moral humana.

A banda iniciou suas atividades na Pensilvânia, porém, reagruparam-se em San Francisco, California

Em Outubro de 1990, gravariam então, sua primeira demo, na qual conta com uma gravação que deixa muito a desejar, ao menos no rip que escutei. Nela, nota-se nitidamente as influências de bandas 70istas como Thin Lizzy, e algumas da NWOBHM em começo dos anos 80. Um destaque notório é as linhas de baixo, mas não limitam-se somente às influências citadas acima, como também há algo de thrash metal bay área. Mas basicamente, o som é puramente 70ista. As linhas vocais de Omar Herd se assemelham com as do Paul Di’Anno do Iron Maiden. Talvez Iron Maiden seja uma das principais influências deles, então.

O Line-up, aparentemente, manteve-se o mesmo nas suas quatro primeiras Demos, porém, até onde pude garimpar, em sua quinta Demo, Highlander, da qual contava com o Scalzi como front man e guitarra e Justin Phelps no posto do baixo, juntamente com Stu Kane nas baquetas.


O ano de seu tão esperado debut seria em 1996, mês de maio, pela gravadora Beef Rock Records. 
Stu Kane deixava a banda dando o posto das baquetas para Chris Haa, que até então ocupava o posto de segunda guitarra. O Debut tem uma gravação meio amadora, mas suas composições seguem a proposta inicial da banda no início dos anos 90, Metal com influências 70istas e elementos da NWOBHM. Nota-se também algo do tão aclamado US Power Metal, do qual se pode citar grandes nomes no Underground como Manilla Road, Brocas Helm, Omen, etc. Aliás... parece que Kenny Powell influenciou bem o senhor Scalzi, pois algumas de suas linhas de guitarras se assemelham com as do Powell, mas dando uma característica daquilo que passou a começar a ser conhecido na época como Folk Metal. Uma pena o rip que baixei ser de uma qualidade muito inferior, pois as composições são ótimas!

Em 1998 sairia Justin Phelps para a entrada de Scott Beach


1999 lançava Twilight of the Idols, um trabalho mais profissional. A gravadora seria outra, Dragonheart Records. Nele nota-se um certo amadurecimento nas composições. Nele o elemento FOLK é mais gritante, mas sem deixar de lado o lado tradicional de ser de suas influências. Aparentemente, as influências de cultura Celta estão mais evidentes nesse álbum. Scalzi faz um ótimo uso de interpretação ao cantar suas canções. Acho que se pode dizer que ele todo é um ritual musical em frente a uma fogueira como mostra sua capa.

Novamente o line-up sofre alterações. Scott Beach dava o seu posto a Jon Torres que viria a falecer em 2013 e junta-se à banda, John Cobbett no posto de segunda guitarra.


Em 2000 lançaria aquele que talvez seja o álbum mais consagrado da banda, Down Among The Deadmen. Nele a banda conquista um maior amadurecimento em suas composições. Aqui se encontra de tudo nas letras: Mitologia Viking (Sky Chariots), Estado psicológico humano (Walls of Shame), contos indígenas norte americanos (Warrior’s Dawn), etc. Musicalmente, a banda ainda segue a proposta de seu antecessor, que se trata uma espécie de mescla de Heavy, Power e elementos folk, mas com uma versatilidade única. O álbum é tão perfeito, que se pode dar um random na reprodução que ele não se descaracteriza.

Em 2001 sairia Jon Torres dando o lugar para Adrian Maestas no baixo.


Em 2003 lançaria aquele que esse fã de metal considera a obra-prima de Michael Scalzi, Traveller.
Em Traveller, os elementos folk são deixados de lado para um heavy metal mais tradicional.
O que se destaca nesse álbum é a mesma coisa no resta de sua discografia, Riffs inspiradíssimos e o vocal característico de Mike Scalzi.
Se trata de um álbum conceitual (sobre uma estória criada em um RPG de mesa do fim dos anos 70). 
Ele conta a história de um mercenário do espaço sideral que é contratado por um cientista para investigar formas de vida microscópicas em um asteroide que se aproxima de um setor do qual é ainda desconhecido pela federação galáctica. E para sua surpresa, durante suas investigações, ele acaba sendo infectado pelo vírus, o que causa uma mutação transformando-o em um "Cão Bípede humanóide".
O álbum deve ser escutado em ordem, pois suas músicas são ligadas umas com as outras.
Se eu fosse colocar algum defeito(???), seria a ausência de refrães, mas as músicas são tão empolgantes e marcantes que esse detalhe acaba sendo desnecessário.

Nos anos de 2004-2005, a banda assina com o selo Cruz Del Sur Music, selo esse que é bem conhecido por lançar álbuns de bandas do meio underground de um certo respeito. 
A banda sofria uma transformação, talvez necessária, não no line-up, mas sim em seu nome, no qual é transformado para “Slough Feg”, tirando “The Lord Weird”, tornando mais simples de se lembrar pelos ouvintes.
Com um novo selo, lançariam um novo álbum, Atavism.


A proposta musical é a mesma dos anteriores: Heavy Metal simples, bem executado, flertando com o US Power Metal. Existem, sim, alguns elementos de folk, mas o álbum aqui soa um pouco mais direto que seus anteriores. Não creio que tenha sido a intenção de Scalzi seguir a vontade dos metalheads, mas sim compor o que estava a fim nessa época. E não, eles não caíram na mesmice: continuaram estranhos, o que é sensacional! E por continuarem a soar como Slough Feg e o álbum ser mais, digamos, acessível, indicaria ele para novos ouvintes, com o propósito de conhecer sobre o que se trata Slough Feg


Em 2007, lançariam o álbum Hardworlder, um álbum que segue uma linha mais voltada ao Heavy Metal tradicional, com alguns elementos de prog. Tiger-Tiger já abre o álbum demonstrando isso. Pode-se dizer que ele é o álbum mais acessível de toda a sua discografia. Caça-níquel? De forma alguma! Scalzi parece que sentiu vontade de colocar suas inspirações dos anos 70 em suas composições, tornando o álbum mais simples que os demais, mas sem deixar de ser um ótimo álbum. Aqui, novamente, assim como em Traveller, os elementos de Folk foram deixados de lado. E nele temos uma singela homenagem a uma de suas grandes inspirações provinda de seu país: um cover de Street Jammer do Manillão.


2009 seria o ano de “Ape Uprising!”. Álbum baseado no clássico universal Planeta Dos Macacos.
O álbum começa coma a “Doomy” The Hunchback Of Notre Doom, remetendo uma atmosfera de últimos momentos e de angústia, passando para o resto do álbum com fortes influências da musicalidade de bandas da NWOBHM e de clássicas 70’s, principalmente Thin Lizzy.
Considerado por muitos, um clássico da banda, assim como DATD e Traveller, “Ape Uprising!“, talvez seja o álbum mais pesado ao longo da discografia da banda, o que varia muito de ouvido para ouvido. Para mim, faz sentido essa afirmação.


A vontade de Scalzi para lançar um álbum novo parece estar aflorando no período de 2009 a 2010, pois 18 meses mais tarde lançava o grandioso The Animal Spirits. Aparentemente, uma continuação de Hardworlder com um misto de Ape Uprising, pois segue a sonoridade de ambos. O álbum transpira atmosfera 70ista.
Seria esse álbum uma compilação de músicas perdidas entre os dois álbuns citados? É bem possível, pois há casos de bandas que lançam álbuns, que na verdade são compilações de músicas nunca lançadas com arranjos atuais e, eu não duvido, que esse seja o caso pelo curto espaço de tempo entre o lançamento de Ape Uprising e por sua sonoridade tão característica. Um ponto negativo? Não! Nós, ouvintes, que saímos ganhando. De uma maneira ou de outra.


Em 2013 a banda assina com um selo mais popular, a Metal Blade, que lançaria um box com TOTI, DATD e Traveller. E é justamente nesse ano que lançariam seu single de forma independente, o qual se tornaria automaticamente um clássico da banda, Laser Enforcer. Por causa desse single, muito especulou-se que o próximo álbum seguiria um conceito semelhante ao de Traveller. Pois bem, o professor Scalzi (professor literalmente falando, pois ele dá aulas de filosofia em uma High School) “trollou” seus fãs com o lançamento de Digital Resistance, em 2014.


Digital Resistance é o álbum “menos metal” de sua impecável discografia. Ele flerta bastante para as cadenciadas e elementos unpluged. Um álbum mais voltado pro Rock’n’Roll, ou como muitos dos anos 70 e 80 gostavam de mencionar, “Heavy Rock”. Contextualmente, o álbum aborda o nosso mundo atual e seu futuro, a maneira como nos comportamos mediante a alta tecnologia que usufruímos e as conquistas sociais e políticas, tornando a nova geração mais apática, segundo o ponto de vista de Scalzi.
Um álbum primoroso, mas que eu não indicaria para marinheiros de primeira viagem em Slough Feg, que por certo esperariam peso e agressividade em uma banda rotulada como Heavy Metal.

Concluindo:
Mediante a leitura dessa resenha formulada por esse simples fã de música pesada para compartilhar o conhecimento dessa instituição do underground metálico com todos, não tenha receio de conferir (The Lord Weird) Slough Feg! Você irá se surpreender com a banda e sua evolução.

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