Skulled​ - "Eat Thrash" (2017)

Independente

Mundo Metal [ Lançamento ]



Contrariando o que diversos fãs puristas imaginam ou dizem, o movimento Neo Thrash jamais teve o pedantismo de substituir os grandes ícones do estilo, e sim o de prestar homenagem e dar continuidade a uma das vertentes mais populares do Heavy Metal. Por tanto, vamos parar de compara-lo com nossos "heróis" do passado de uma vez por todas! Pois o legado, a importância e a influência dos mesmos, estão eternizados e imortalizados, em toda sua resplandecência, sob a forma de álbuns antológicos.

Não adianta também reclamar da falta de "inovação", quase tudo dentro do estilo já foi devidamente explorado, a maioria absoluta das bandas da nova geração, apenas recicla o que foi feito há quase 40 anos, o que não é demérito algum, combinando para isso elementos tradicionais do Thrash Metal oitentista com elementos contemporâneos.

Este é o conceito de banda que pode ser encontrado nas fileiras da tropa teutônica do Skulled de Bremen. 
A combinação fundada em 2008 se utiliza exatamente dos mesmos artifícios do passado, acrescido, aqui e ali, de atitudes punks turbulentas. 
O resultado dessa combinação? Um Thrash de alta octanagem, viciosamente divertido, furioso, rápido e selvagem, um verdadeiro açoite frenético e incansável. 

"Eat Thrash" segundo registro desencadeado pelos germânicos é o tipo de álbum que literalmente dispara uma bala de prata através de seu crânio. Quero dizer, Skulled parece saber muito bem o que faz, sem fazer perguntas, oferecendo de forma intransigente um festival de riffs, que reverberam por todos os lados, tão agressivos e divertidos quanto viciantes, uma verdadeira sinfonia tóxica, impossível não banguear. 

Esse novo trabalho, auto produzido, nos oferece uma quantidade generosa e crocante da velha escola Thrash, mas em desacordo com suas raízes teutônicas, sua sonoridade possui um forte sabor Bay Area, uma verdadeira colcha de retalhos frankensteiniana composta por Metallica, Anthrax, Slayer, Vio-Lence, Death Angel, dentre outros, em seus dias glória, não deixando nenhuma fuga para o ouvinte. 

A ilustração da capa, criada pelo bielorrusso radicado nos EUA, Andrei Bouzikov (Violator, Vektor, Toxic Holocaust, Municipal Waste, Bio-Cancer, Nervosa, etc.), mostra uma mão fantasmagórica preparando-se para puxar o gatilho de uma arma escondida em certo tipo de sanduíche, imagem essa mais que apropriada.

Os "duelos" entre as guitarras de Olli e Janes são caóticos e empolgantes, contendo solos e riffs cativantes e infernalmente divertidos. O baixo de Lenz não é apenas audível, mas pesadamente ensurdecedor e maravilhosamente profundo. A bateria de Tim é precisa, rápida e frenética utilizando-se de uma amálgama de ritmos impiedosos, explorando inexoravelmente seu kit. Os vocais de Nordic são agressivos, ásperos e urgentes e em certos momentos melodiosos, soam como um excêntrico e improvável híbrido de Chuck Billy e Dave Mustaine.


Liricamente, não espere nada sobre temas complexos, o contexto politico social recorrente às diversas bandas de Thrash passa bem longe desse registro, o que se ouve são temas relacionados ao estilo. 

A faixa de abertura "Death, Destruction" serve como um pressagio ao que está por vir, um Thrash rasteiro e violento, desfilando coros polifônicos ameaçadores, uma constância na totalidade do registro, no melhor estilo oitentista. 

Uma introdução melodiosa anuncia a faixa título, "Eat Thrash", seguida de um riff assassino e explosivo tal como uma bomba de nêutrons, dilacerando tímpanos desavisados, um verdadeiro hino do Thrash moderno em potencial.

"Riot Of The Rats" inicia-se com uma introdução melodiosa, mas dessa vez acústica, seguida de uma detonação rítmica fulminante e um riff infernalmente tóxico. 

"Guts On Wheels" possui uma pegada mais cadenciada aonde nota-se claramente nos vocais de Nordic a influencia do front man do Megadeth.
O fato curioso, é que o riff principal da canção remete estranhamente ao de "Bulls On Parade" do Rage Against The Machine. 

"Shell Shock" a faixa mais longa da bolacha, Thrash cadenciado com riffs cremosos e espumantes muito bem concebidos, oferecendo uma enorme variedade de ritmos e alternâncias, deixando clara a capacidade inventiva da banda. 

"Kate Mosh" seria uma "homenagem" a um dos ícones da beleza, Kate Moss? Denota-se nessa faixa a face bem humorada de seus integrantes, a canção possui aquela pegada moshing old school divertidíssima. 

"Revengeance" faixa que remete as bandas NYHC, introdução pulsante e poderosa de baixo, o qual segue implacavelmente e de forma vigorosa durante toda a canção, aliado a riffs pesadíssimos e arrastados. 

"Protect & Sever" riffs cavalgados e hipnotizantes, rugem selvagemente a todo o instante, os solos abusam de dissonâncias evidenciando a influência velada de Slayer em sua melhor forma. 

"R.A.W."  riffs intensos zumbindo incessantemente, aliados a um solo dissonante cortante, agindo como se fosse uma motosserra abrindo seu crânio.

"Satan In My Drink" faixa que encerra o registro de forma mais que satisfatória, riffs viciosamente deliciosos e frenéticos, com direito a um interlúdio infeccioso. 

"Eat Thrash" é um registro brilhantemente executado, exibindo uma seção rítmica totalmente assoberbante, riffs maciçamente fascinantes, uma harmonia soberbamente trabalhada e um vocal incrivelmente proficiente.
O poder, o intelecto e a imaginação central do Thrash Metal clássico oitentista associado em perfeita harmonia à sensibilidade contemporânea.

♫ Now Eat Thrash... 
Yes, that mother-fuckin' Thrash!! ♫

Nota: 8,0

*Nota do site The Metal Club: 8.16

Formação: 

Tim Dasenbrock (bateria)
Oliver "Olli" Ralle (guitarra)
Lennart "Lenz" Ebbers (baixo)
Jan "Nordic" Hölscher  (vocal)
Jannes Stoll (guitarra)

Faixas:

01. Death, Destruction
02. Eat Thrash
03. Riot Of The Rats
04. Guts On Wheels
05. Shell Shock
06. Kate Mosh
07. Revengeance
08. Protect & Sever
09. R.A.W.
10. Satan In My Drink

Redigido por Claudio Santos 

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