Segundo registro dos caras, lançado originalmente em 1986 o qual marcou em definitivo a incursão da mesma pelas trilhas do Crossover.
Após o lançamento de "Crucificados pelo Sistema", as coisas dentro do Ratos, definitivamente não estavam muito harmoniosas, pois um estilo musical começava a estremecer e a rachar as bases da banda, o Crossover, mistura do Metal com o Hardcore.
Em 1985, Mingau e João Gordo, deixam a banda, Jão remontou o Ratos como um trio, assumindo as guitarras e o vocal, com Jabá ainda no baixo e Betinho de volta à bateria. Com essa formação, registraram um Split ao vivo com o Cólera, "Ao Vivo na Lira Paulistana" (1985).
Mas a paixão pela barulheira falou mais alto, e João Gordo retornou pouco tempo depois, dessa vez trazendo na bagagem influências de Crossover, bandas como D.R.I., Discharge e English Dogs, na época ainda chamadas de Punk Metal.
Para as baquetas é convocado Spaghetti, antigo membro da cena punk paulista. No ano seguinte, é gravado e lançado o álbum "Descanse em Paz", pelo selo Baratos Afins, de Luiz Calanca.
O que chama a atenção logo de cara é a capa, totalmente mórbida, chocante e politicamente incorreta, com a foto de uma mulher espancada até a morte, retirada de um jornal sensacionalista carioca, no mesmo naipe do falecido "Notícias Populares" de São Paulo.
Ao pôr para tocar, o que se ouve é um verdadeiro caos sonoro, onde a banda mescla seu Hardcore/Punk sujo do primeiro álbum com algumas influências (ainda que tímidas) de Metal e Crossover.
A produção é um pouco superior a de "Crucificados Pelo Sistema" (1984), mas ainda aquém do ideal. A temática continua sendo de contestação politica/social, mas as composições evoluíram, e já aparecem novos clássicos como “Cérebros Atômicos”, “Paranoia Nuclear” "Morrer Mais Uma Vez" e “Velhus Decréptus”, canções que são executadas ao vivo até hoje pela banda.
Os fãs mais xiitas, entusiastas do Hardcore/Punk do disco de estreia, "Crucificados pelo Sistema", não gostaram do flerte com o Metal, e o RDP virou alvo de críticas, com os integrantes sendo taxados de "traidores do movimento", por outro lado, o disco despertou a atenção e interesse dos headbangers junto a banda, que ainda buscava seu humilde espaço na cena musical brazuca.
Em suma, "Descanse Em Paz" mostra uma evolução tanto nas composições da banda como também na parte técnica, massacrando os tímpanos desavisados e menos treinados com uma sonoridade, que embora mesclada, ainda é de uma brutalidade e crueza ímpares. mesmo sendo um álbum de transição de uma banda que ainda buscava sua identidade sonora.
Integrantes:
João Gordo - Vocal
Jão - Guitarra
Jabá - Baixo
Spaghetti - Bateria
Faixas:
01 - "Cérebros Atômicos"
02 - "Morrer Mais Uma Vez"
03 - "Velhus Decréptus"
04 - "No Junk"
05 - "Sofrimento Real"
06 - "Juventude Perdida"
07 - "Paranoia Nuclear"
08 - "Descanse em Paz"
09 - "Fora Eu"
10 - "Aviso Final"
11 - "Zona"
Por Claudio Santos