Era uma vez um grupo de guerreiros que se intitulavam os “Templários do Aço”; com um “coração gelado” como pedra e “renegados” pelo pecado definitivo, eles partiram em uma cruzada para ressucitar os tempos gloriosos da “era do metal”, “atendendo o chamado” dos bravos e “mantendo a chama acesa” por um longo período, trazendo esperança àqueles que ansiavam pelo retorno da era de ouro do Heavy Metal. Esses guerreiros estavam “destinados à glória”, e “sempre estariam”.
Eles haviam “nascido para governar”, e então o fizeram, por mais de uma década. Acendendo a “chama templária” acima das nuvens, enfrentaram muitos desafios, e quando “aço encontrou aço” esses bravos paladinos conquistaram tudo com “a lâmina implacável”, “cavalgando a tempestade” de “trovões carmesins” pelos “limiares” do tempo. Sob um “pacto de sangue”, eles pareciam imparáveis e alcançaram o “final do arco-íris” com seus “corações em chamas”, prontos para tudo. Rosén e Elmgren, dois dos melhores e mais nobres guerreiros de todos, foram atingidos em batalha e então decidiram tomar jornadas diferentes de seus irmãos, deixando a aliança fragilizada. Larsson, um dos primeiros Templários, retornou a fim de ajudar seus iguais e Norgren, proficiente homem do machado e mago do som, substituiu Elmgren em sua luta. Um dia, porém, tudo pareceu estranho, como se algo estivesse faltando; eles continuaram sua jornada usando “quaisquer meios necessários” para a conquista, mas algo os havia “infectado”. Seu guardião, Hector, foi igualmente afetado e se viu obrigado a abandonar o campo de batalha para se recuperar. Machucados e abatidos, os Templários pausaram sua eterna busca pelo espírito do Heavy Metal e se retiraram para cura e meditação.
E então, um inverno depois, os nobres heróis se juntaram novamente no espírito de “revolução”, com a esperança de um poderoso retorno às “origens”. Um tanto enferrujados, conseguiram performar melhor que em suas últimas guerras, mas esse novo esforço foi apenas uma forma de se desintoxicarem de todos os maus presságios que estavam assombrando sua cruzada. Dessa vez, no entanto, eles vêm para provar de uma vez por todas que foram “feitos para durar”: suas espadas estão mais afiadas, suas mentes estão limpas e seus martelos estão erguidos como nunca.
Uma das mais comemoradas e proeminentes bandas da nova geração do Heavy Metal esta de volta com força máxima. O Hammerfall lançará seu décimo álbum de estúdio no próximo dia 4 – seu primeiro via Napalm Records -, completando o retorno à velha forma iniciado com ‘(r)Evolution’ em 2014. Os amigos de longa data Joacim Cans e Oscar Dronjak lideram novamente o caminho para um play que com toda certeza vai restaurar sua fé na banda e colocar o Hammerfall no lugar de onde nunca deveria ter saído. Começando muito forte com “Bring It!”, os caras destroem completamente qualquer ceticismo que você poderia ter logo nos primeiros acordes, numa pegada Grave Digger nas linhas de guitarra e refrões poderosos e explosivos. A faixa levanta os ânimos e abre alas para duas outras ótimas pedidas: “Hammer High” e “The Sacred Vow”, previamente lançadas como vídeos no youtube; a primeira é um hino absoluto de proporções épicas. Só o início da música já faz você querer levantar of punhos e bater cabeça enquanto canta junto dos coros já característicos do Hammerfall; essa é uma daquelas músicas que vão ficar magníficas ao vivo, e com certeza se tornará um clássico. “The Sacred Vow” é mais ou menos como a “Hector’s Hymn” na medida de não ser exatamente destruidora, mas segura bem as pontas. É, no entanto, uma ótima faixa com várias referências a passagens clássicas como “Steel Meets Steel” e “Heeding the Call” – uma forma de escrita que gosto muito – e tem um das mais simples, mas mais magíficas, frases que ouvi dos caras em muito tempo: ‘fear the sound of metal, the sweetest sound of all’. Perfeito.
“Dethrone and Defy” acelera a parada e lembra algumas das passagens mais densas da banda, talvez algo como o que vimos em ‘Crimson Thunder’ e ‘Threshold’. Liderada por riffs, a faixa mantém a alta qualidade do trabalho. A balada “Twilight Princess” vem a seguir, e é absolutamente linda: começando com apenas uma guitarra acústica e voz de Joacim Cans, o som se transforma em uma viagem mágica e emocional para uma história triste. Sem exageros, essa é tão boa quanto as clássicas “Always Will Be” ou “Remember Yesterday”. Obviamente não é transcedental como a perfeita “Glory to the Brave”, mas é definitivamente forte. “Stormbreaker” mostra a tradicional veia rápida tão amada nas músicas do Hammerfall, com ótimos riffs e refrão avassalador. “Built to Last” é mais uma daquelas pra cantar com os punhos em riste: com construção mais cadenciada, poderia facilmente figurar no ‘Crimson Thunder’. “The Star of Home” aumenta o ritmo mais uma vez e tem alguns momentos mais Power Metal. Joacim entrega uma ótima performance aqui, especialmente no refrão, provando que os mais de 20 anos de atividade não prejudicaram sua voz. E então vem “New Breed”: uma clara homenagem ao som do Accept, ilustrada nas linhas de guitarra e atmosfera, especialmente, essa é um ode a todas as bandas de Metal que existem por aí. Por favor, por favor, ouça essa pepita o máximo que puder e absorva a mensagem: jovem ou velho, clássico ou moderno, as bandas e os fãs são todos iguais na comunidade do Metal e todos nós apoiamos as mesmas idéias e culturas. Fechando o álbum temos “Second to None”, a mais épica do bolo, que aos poucos vai de balada à mais sombria música do álbum, dependendo fortemente de arranjos de teclado e da voz de Joacim.
Como você pode ver, os “Templários do Aço” ressurgem da escuridão e exorcizam seus demônios de uma vez por todas com ‘Built to Last’. Claramente um retorno ao som clássico, os caras resgataram com sucesso todos os elementos que faltaram nos últimos plays e, aliados a uma sensação de novo e ao prazer de fazer música de cada membro, tornaram esse em um álbum muito, muito bom, facilmente merecedor do nome Hammerfall. Então pegue sua espada e escudo, se junte aos Templários Suecos em mais uma cruzada à supremacia do Heavy Metal e “Let the Hammer Fall”!.
Nota: 8.5
Integrantes:
Oscar Dronjak (guitarra)
Fredrik Larsson (baixo)
Joacim Cans (voval)
Pontus Norgren (guitarra)
David Wallin (bateria)
Faixas:
01. Bring It!
02. Hammer High
03. The Sacred Vow
04. Dethrone And Defy
05. Twilight Princess
06. Stormbreaker
07. Built To Last
08. The Star Of Home
09. New Breed
10. Second To None
Por Bruno Medeiros