E para aqueles que duvidaram do poder da NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal), eis que o movimento continua ganhando força e algumas de suas bandas vem se tornando extremamente populares e apresentando uma característica muito interessante.
Se o foco desta nova geração é resgatar a musicalidade do Heavy Metal tradicional dos anos 80, no decorrer dos anos, muitos nomes além de conquistar um público fiel, tem apresentado uma evolução bem interessante no que diz respeito a sua sonoridade e tem criando uma identidade única, onde ao mesmo tempo que o resgate acontece, também deixam de ser grupos que apenas tocam os clichês do estilo.
Como exemplos dessa maturidade e desenvolvimento, poderia citar nomes como Enforcer, Crystal Viper e principalmente o Steelwing, que em seus dois primeiros trabalhos, os ótimos "Lord Of The Wasteland" (2010) e "Zone Of Alienation" (2012), era apenas mais uma boa banda que focava na musicalidade oitentista, porém em seu último registro, mudaram esse quadro drasticamente.
"Reset, Reboot, Redeem" foi lançado em novembro de 2015 e traz uma banda bem diferente da que se destacou em seus discos anteriores. Mostram em seu terceiro trabalho, serem capazes de se metamorfosear e criar composições originais, com muita identidade e ao mesmo tempo, não perdem o foco inicial.
Certamente quem acompanha a banda, foi surpreendido com um álbum maduro, diferente e acima de tudo, extremamente bem tocado e repleto de canções cativantes. O que muda na música do grupo é o desenvolvimento de um padrão criativo, onde os clichês oitentistas dão lugar canções mais elaboradas, com um toque de modernidade tanto na produção, como na criação propriamente dita.
Entre todos os nomes participantes da NWOTHM, me arrisco a dizer que nenhum deles evoluiu e mudou tanto no intervalo de um álbum. Se você por um acaso é um fã assíduo do movimento e estiver lendo esta análise e ficando ressabiado com o que possivelmente irá escutar, deixe o medo de lado, pois todas as principais características da banda estão intactas, apenas foram melhor exploradas e com isso, o Steelwing ganhou diversos elementos e nuances que agregaram conteúdo em um trabalho que já vinha sendo feito com muita competência.
O primeiro ponto que merece ressalva é a duração das faixas, se tornaram maiores pois o grupo trabalhou melhor sua parte instrumental e não se preocupou em criar passagens e solos mais longos. Os vocais de Riley se tornaram muito melhores e agora o vocalista consegue intercalar as partes mais melodiosas com outras mais agressivas, sendo este, outro grande diferencial do disco.
Como destaque temos as excepcionais "Ozymandias", "Och Varlden Gav Vika" (cantada em sueco), "Architects Of Destruction", a épica "We Are All Left Here To Die", com seus mais de 9 minutos , além da excepcional faixa título, candidata a clássico desta nova geração.
Se o Steelwing já era considerada uma das grandes revelações do Heavy Metal atual, com o lançamento de "Reset, Reboot, Redeem", se consolidam neste posto e mostram que o potencial da banda vai muito além de repetir sonoridades criadas no passado apenas com uma nova roupagem. O talento dos músicos e o poder criativo apresentado neste álbum, nos deixa além de embasbacados, também refletindo e tentando imaginar o que apresentarão no próximo disco.
Um álbum altamente técnico, trabalhado, que foge dos padrões do tradicional e que se tivesse sido lançado alguns meses antes, teria entrado facilmente nas listas de melhores do ano de 2015, porém como foi apresentado nos últimos dias de novembro, não conseguiu ser assimilado e passou meio que batido para a grande maioria.
Altamente recomendado!
Integrantes:
Riley (vocal)
Robby Rockbag (guitarra)
Alex Vega (guitarra)
Nic Savage (baixo)
Oskar Åstedt (bateria)
Faixas:
1. Carbon Waste Lifeforms
2. Reset, Reboot, Redeem
3. Ozymandias
4. Och Världen Gav Vika
5. Architects Of Destruction
6. Network
7. Like Shadows, Like Ghosts
8. Hardwired
9. We Are All Left Here To Die
por Fabio Reis