O Paradox sempre foi uma das minhas bandas favoritas na área do Thrash Metal, tendo lançado um dos melhores trabalhos do gênero em 1989 com Heresy, um álbum que vai ficar no meu coração pra sempre. Depois de uma sequência quase perfeita nos anos 1980 e de um triste hiato causado por problemas de saúde com o frontman, guitarrista e fundador Charly Steinhauer, os thrashers Alemães (não mais tão Alemães hoje, já que temos agora um Esloveno e dois Gregos na banda) voltaram com tudo em 2000 com o aclamado Collision Course, que foi como um desfibrilador direto no peito de um gênero moribundo à época. Apostando numa mistura entre Thrash, Speed e pitadas de Power Metal, o Paradox é uma das bandas mais únicas na cena, em termos de arranjos, melodias e atmosfera geral. É notável também que os caras sempre mantiveram suas raízes e nunca perderam o rumo, mesmo com uma troca absurda de músicos na banda, que chega a uma contagem espantosa de mais de 30 membros até o momento. Até os irmãos Holzwarth já participaram da banda por um período breve, pra se ter uma idéia. Esse fato é especialmente surpreendente se levarmos em consideração o fato de que nem um álbum sequer lançado por Steinhauer e companhia é ruim; pelo contrário, o Paradox tem uma das discografias mais consistentes na indústria do Thrash Metal.
Pangea segue o divertidíssimo Tales of the Weird como sétimo álbum do Paradox, continuando o padrão de seu antecessor com riffs no estilo Bay Area, passagens melódicas e grudentas e atitude agressiva. Os moleques Kostas Milonas (Sunburst) e especialmente Gus Drax (Suicidal Angels, Black Fate, Sunburst) injetaram uma dose bem-vinda de energia à banda, tornando a maioria das músicas presentes no trabalho espetaculares. A faixa de abertura, “Apophis”, se transforma lentamente num golpe rápido e frenético com vocais agressivos e refrão melódico, caraterísticos da banda; esse é um ótimo exemplo de uma faixa clássica do Paradox. “Raptor” tem uma introdução muito legal e é tocada num mid-tempo com riffs cavalgados bem montados e um solo animal de Drax, provando que Steinhauer acertou em cheio ao contratar o grego virtuoso, que esta rapidamente se tornando uma sensação na comunidade do metal. Aliás, todos os solos do álbum são perfeitamente executados e cada um oferece uma atmosfera diferente, dando significado a cada nota tocada, o que é extremamente raro hoje em dia no gênero.
“The Raging Planet” mistura um pouco a formula com vocais mais agudos e um solo mais lento e prolífico. “Ballot or Bullet” segue na sequência e oferece uma abordagem um tanto estranha, apesar de ter uma construção clássica thrash. A bateria rápida e o ritmo acelerado enchem a música, tornando-a agressiva e visceral. “Manhunt” é outro exemplo do porque o Paradox é tão único: uma intro melódica e quase triste abre caminho para uma porradaria sem limites: bumbo duplo e riffs pesados se aliam ao belo trabalho de produção feito para que o baixo fique extremamente alto e tornem a faixa uma das melhores do play. “Cheat & Pretend” diminui o ritmo e a banda adota guitarras mais baixas e pesadas na ordem de injetar mais peso à faixa. Em algumas partes, inclusive, me lembrou bastante das músicas mais lentas e rítmicas do Megadeth. “Pangea” e “Vale of Tears” são especiais, cada uma do seu jeito, enquanto que minha favorita, “Alien Godz”, com seus riffs brutais e a canção que fecha o álbum, “El Muerte”, são duas das melhores composições do trabalho, sem dúvidas.
Paradox é sinônimo de consistência, e com Pangea a banda voa ainda mais alto. A adição de um monstro da guitarra em Gus Drax e os ótimos Tilen Hudrap (Vicious Rumors, Keller, Thraw) e Kostas Milonas provaram ser as escolhas certas para complementar o trabalho eficaz e inteligente de Charly Steinhauer, o que resultou num álbum muito foda. Recheado de riffs e atitude, Pangea é o que há de melhor no thrash metal de 2016, talvez empatado com Terminal Redux do Vektor e Agony do Nervosa como melhores do ano no gênero até agora, mas ainda acho Pangea mais cru e puro. Compre, mostre pros amigos e ouça o Paradox soltar sua amostra agressiva, poderosa e divertida do thrash metal teutônico.
Integrantes:
Charly Steinhauer (vocal e guitarra)
Tilen Hudrap (baixo)
Gus Drax (guitarra)
Kostas Milonas (bateria)
Faixas:
1. Apophis
2. Raptor
3. The Raging Planet
4. Ballot Or Bullet
5. Manhunt
6. Cheat & Pretend
7. Pangea
8. Vale Of Tears
9. Alien Godz
10. El Muerte
por Bruno Medeiros