Lançamento: Denner/Shermann - "Masters Of Evil" (2016)


O Mercyful Fate sempre esteve presente na minha vida. Hank Shermann e Michael Denner já rasgaram seus riffs na minha casa em toca-fitas, CD player, Home Theater e até iPod, e continuam a faze-lo até hoje quando coloco Mercyful Fate ou Force of Evil no meu som. Então sim, sou um fanboy dos caras, e quando em 2014 Denner e Shermann anunciaram um novo projeto eu fiquei extremamente animado, contando os dias pra ouvir o novo trabalho dos dinamarqueses. No ano seguinte o EP Satan’s Tomb foi lançado e eu acabei um pouco decepcionado com o produto, mas ainda assim eu tinha esperanças de que o álbum completo seria bem melhor.

Então cá estamos com o aguardadíssimo Masters of Evil, e com dois guitarristas lendários e um baterista porradeiro como Snowy Shaw o álbum esta destinado a entregar uma paulada de alta qualidade, certo? Bom…respostas abaixo.

Abrindo com “Angel’s Blood”, Denner e Sherman conseguem restaurar aquela atmosfera muito legal presente nos álbums do Mercyful Fate, mas a faixa nunca acaba alcançando um ponto alto. Ao invés disso, é apenas uma música ok com uma excelente atmosfera. “Son of Satan” (escolheram esse título mesmo, serião?) e “Pentagram and the Cross” são duas faixas genéricas com letras ruins. A banda tenta aqui mostrar uma atitude meio “bad-boy satanista”, mas tudo o que as letras conseguem passar é uma imagem hilária, que só os grandes mestres das páginas góticas do falecido orkut conseguiam nos proporcionar. Uma coisa é escrever esse tipo de conteúdo de forma debochada, mas quando você realmente o faz de forma séria, se torna patético.


Entre essas duas faixas temos a melhor do álbum, na minha opinião, “The Wolf Feeds at Night”. Essa gema consegue ser bem superior às demais e entrega riffs matadores e uma boa performance de Sean Peck, mantendo a sobriedade e inspiração intactos. A faixa “Masters of Evil” tem qualidade, mas os vocais “Halford-escos” de Peck não encaixam 100% com os outros elementos – mais sombrios – da música. “Escape From Hell” e “Servants of Dagon” continuam emulando vários elementos do som característico do Mercyful Fate (inclusive lembrando por vezes alguns riffs da época do Don’t Break the Oath), mas ambas conseguem andar com as próprias pernas, com linhas de guitarra de qualidade e uma energia e viradas ímpares de Snowy Shaw, que é de longe um dos maiores atrativos do trabalho. “The Baroness” fecha muito bem o set e é a mais detalhada e bem trabalhada música do álbum. A atmosfera única, as passagens diversificadas e as trocas de ritmo fazem desta um destaque, e apesar de não ser uma obra-prima, é uma ótima música.

Masters of Evil é um álbum ambíguo; enquanto possui, claramente, riffs inspirados, um ótimo trabalho de bateria e boa produção, que passa muito bem a idéia e atmosfera do trabalho – crua e mais simples que as mixagens padrões de hoje, resgatando o som característico dos anos 1980, o que eu absolutamente aprovo – há dois problemas com ele: as letras e os vocais de Sean Peck. Como eu disse lá acima, as letras são extremamente fracas e por vezes até cômicas. Não há nem um pingo de originalidade presente na criação dessas, o que machuca consideravelmente o produto final. A abordagem natural dos vocais de Peck é boa, mas seus falsetes não. A falta de personalidade em sua performance torna sua voz em uma mistura estranha: quando esta gritando, parece o Tim “Ripper” Owens com diarréia, e em uma determinada parte de “The Wolf Feeds at Night” ele tenta fazer uma imitação do Ozzy Osbourne, o que não faz sentido nenhum visto que não há nenhum sinal de linhas vocais similares em nenhuma outra parte do álbum, ou sequer em seus outros trabalhos com Cage, Death Dealer ou Warrior. Bizarro.


Em suma, Masters of Evil é um álbum ok, com algumas partes inspiradas e ótima execução, mas muito fraco nas letras e facilmente esquecível. Fãs hardcore de Mercyful Fate e King Diamond devem achar o álbum uma ótima pedida, mas o ouvinte casual com certeza vai precisar de uma, ou duas – ou dez – passadas pelo trabalho pra realmente aprecia-lo (isso SE aprecia-lo).




Integrantes:

Michael Denner (guitarra)
Hank Shermann (guitarra)
Sean Peck (vocal)
Snowy Shaw (bateria)
Marc Grabowski (baixo)

Faixas:


1. Angel's Blood
2. Son of Satan
3. The Wolf Feeds At Night
4. Pentagram And The Cross
5. Masters Of Evil
6. Servants Of Dagon
7. Escape From Hell
8. The Baroness

por Bruno Medeiros

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