Paragon – “Hell Beyond Hell” (2016)



O Paragon não precisa da minha apresentação, mas para aqueles que não estão familiares com o trabalho dos mestres do Metal Teutônico, aí vai: a banda foi formada em Hamburgo, Alemanha, em 1990 pelo guitarrista Martin Christian, e teve seu primeiro álbum lançado em 1995. Tocando uma mistura de Power/Speed Metal com uma levada bem mais agressiva que o normal, rapidamente tomaram os corações dos fãs do underground europeu - mais ou menos como aquela garota que você paga um pau mas é bundão demais pra chegar junto roubou o seu e jogou na lata do lixo – com porradas como Chalice of Steel (1999), Steelbound (2001), Law of the Blade (2002) e The Dark Legacy (2003). Após uma pequena queda de rendimento no final dos anos 2000 com Screenslaves (2008) – um álbum na verdade até regular, mas estranhado pelos fãs por ter uma produção diferente nas melodias e principalmente nos vocais de Andreas Babuschkin – os alemães se levantaram rapidamente em 2012 com o aclamado Force of Destruction, retomando o status de uma das bandas mais subvalorizadas no mundo do metal.

Quatro anos depois (isso, 2016, imbecil) cá estamos com Hell Beyond Hell, álbum número 11 do Paragon lançado em 18 de março via Remedy Records. Já nos primeiros acordes podemos notar que a produção fica por conta de ninguém menos que Piet Sielck (Iron Savior, ex-Savage Circus). Sim, aquele mesmo que em um dedo da mão tem mais talento do que você jamais terá em toda sua vida; os timbres de Martin e Jan Bertram estão mais pesados e os vocais de Andreas estão muito beneficiados pelo trabalho de Piet na mesa de mixagem. O debutante Sören Teckenburg soma com sua pegada mais thrashy e rápida na bateria, e o baixista Jan Bünning entrega mais uma vez linhas sóbrias e densas, aumentando ainda mais o poder do som. As músicas em si têm o clássico som do Paragon, com riffs viscerais, refrãos grudentos e agressivos e alto nível de musicalidade. 

“Rising Forces” é um início digno para um álbum do Paragon, com leads poderosos e refrão grudento. “Hypnotized” vem na sequência de forma similar, com seções ferozes e construção eficiente. A faixa-título e “Stand Your Ground” continuam na pegada agressiva e tradicional da banda – apesar de não terem exatamente um climax, especialmente nos refrãos – e a estranha “Meat Train” entrega uma atmosfera enérgica e malévola, mas também peca um pouco no refrão. Aliás, essa é minha única reclamação aqui: os refrãos parecem não clicar muito com as melodias, e por vezes parecem um pouco distantes no resto das músicas. Claro que isso não acaba machucando o produto final, mas poderiam ser melhores.



“Buried in Blood” te joga na destruição de novo e entrega um clássico som pra cantar com os punhos pro alto e debulhar tudo. Minhas faixas favoritas e mais longas do álbum, “Heart of the Black” e “Devil’’s Waitingroom”, são belos exemplos do motivo pelo qual o Paragon é uma banda única: As duas possuem drásticas mudanças de ritmo e foram cuidadosamente construidas, fazendo delas duas faixas fortíssimas na discografia da banda. A primeira me lembra um pouco “Masters of the Sea”, do álbum Revenge (2005), seja pela passage mais calma no meio da música ou pelo fato de que subitamente explode na sua cara. A segunda é uma faixa extremamente sinistra e contém algumas das linhas vocais mais maléficas do Andreas Babuschkin que já ouvi, de novo mostrando a versatilidade da banda e “terminando” o álbum de forma espetacular. Usei aspas no “terminando” pois há duas faixas bônus aqui, “Thunder in the Dark” e uma versão editada de “Heart of the Black”.

Hell Beyond Hell é um álbum extremamente sólido para o legado do Paragon, e uma continuação de um retorno triunfal, apesar de não ser tão forte como Force of Destruction. Se você curte o modo Teutônico de fazer Metal, esses caras fazem melhor do que a maioria, e se continuarem lançando plays assim daqui pra frente, há uma grande chance de conseguirem fazer um novo Law of the Blade antes de baterem as botas. 





por Bruno Medeiros
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