HEAVY METAL BUSINESS


Imagine que você tem uma grana sobrando, não vai usa-la pra nada e decide tomar uma cerveja de uma marca bem popular, encontra um camarada e ele diz que uma outra marca é tão boa quanto e mais barata, mas você gosta é da marca popular e quer a popular. Seu amigo diz que você tem que experimentar a outra marca porque ela é nova e precisa de apoio, mas você só tem dinheiro para uma garrafa. O que você escolhe? Arriscar a outra marca que nunca experimentou e nunca ouviu falar, ou a marca que você tem certeza que gosta?

Claro que há pessoas que gostam de experimentar uma marca nova de cerveja, mas há aquelas que são felizes com aquela de sempre. E há algo de mal nisso? Sim? Não? Porque? A nova marca tem o direito de impor o consumidor a beber sua cerveja? A nova marca tem o direito de rotular pessoas que gostam da marca popular de diversas formas pejorativas? Não, né? O consumidor que tem o direito de beber o que ele quiser.

A marca nova pode ter muita qualidade - e até maior que a popular, inclusive - mas a marca popular que conseguiu chegar ao gosto da população usando o devido marketing e tornou seus consumidores fieis e satisfeitos.


Pois bem, é mais ou menos assim que é tratada a música. O fã gosta de um determinado artista porque já sabe o que esperar de suas músicas. Porque elas chegaram até ele. Ele não foi atrás. Ele simplesmente gosta assim e gosta de gastar seu dinheiro com sua banda favorita somente.

Houve um período na história do mercado fonográfico em que o Rock estava em alta por suas bandas terem conquistado um público local de tamanho bem significativo e gravadoras, empresas que querem criar produtos para lucrar, viram uma lucratividade em investir. As bandas tinham um produto novo no mercado (as suas músicas) e um serviço (os shows)para vender aos seus clientes (os ouvintes).

Mas o que faz um produto agradar um cliente de imediato não é meramente sua qualidade, pois ela só será conferida no ato do uso. O que primeiro chama a atenção é a embalagem, agregado às qualificações que outros consumidores deram a ele, somado a uma certa "magia" criada envolta dele. Gravadoras não viam somente a qualidade da música das bandas para poder investir nelas. Viam a maneira como as bandas conquistavam os seus fãs e isso é a roupagem de suas músicas, o marketing.


Dsrei um exemplo: A EMI, durante a explosão da NWOBHM, viu uma grande oportunidade de lucrar com o movimento e precisava escolher uma banda para ser o carro-chefe do selo no movimento. Como se trata de uma empresa, ela não podia escolher conferir uma banda somente, precisava de outras como uma espécie de contingência, caso a primeira opção não cumprisse com as expectativas. Então, mandaram um agente para analisar como seria a atuação de uma banda de sua escolha, porque a gravadora aprovou as músicas de sua demo. Esta banda era o Angel Witch.

Quando o agente conferiu a presença de palco do frontman, Kevin Heybourne, concluiu que a banda, apesar de ter um produto de excelente qualidade a oferecer, não tinha o carisma necessário para chamar a atenção do público amplo que a gravadora desejava atingir, logo partiram para a segunda opção, uma banda de Londres que tinha um vocalista com muita energia, presença de palco e feições italianas que davam um diferencial. Esta banda era o Iron Maiden. Hoje, podemos observar o gigante que o Maiden se tornou.

Onde quero chegar com esta dissertação? Quero mostrar um fato um tanto óbvio, porém que muitos se negam a aceitar e entender: fãs são clientes, bandas são empresas, músicas são os produtos e shows são os serviços. No mercado, o cliente é DEUS, se ele não aprova ou não se tem o apoio dele, a marca não se estabelece. O mesmo vale para a cena musical.


Você e sua banda podem até ter músicas excelentes, mas se não tiver uma estratégia de marketing para faze-la chegar aos ouvidos de potenciais consumidores, ela NUNCA será reconhecida. Dio, por exemplo, era INFINITAMENTE superior a Ozzy como vocalista, mas o Ozzy gerou mais valor que ele, porque estava no lugar certo, com a banda certa agregando à banda o seu carisma único que foi totalmente aprovado pelos fãs de Black Sabbath na época.

Você, um profundo conhecedor do underground, pode até achar o Blitzkrieg muito superior musicalmente ao Metallica, mas se prestar atenção na falta de divulgação do grupo hoje, com toda a tecnologia em suas mãos, já mostra o quanto são desastrosos no que se diz respeito a se popularizarem.

Tenha em mente, sua banda é uma empresa e você quer que ela cresça. Uma empresa cresce gerando valor, não com apoio. São os consumidores que decidem indo nos seus shows, comprando seus CDs e merchandising, se sua banda é boa ou não e não só porque você quer uma cena favorável. Não existe cena favorável, existem bandas que agradam e bandas que desagradam.




por Edwin Dare
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